Imagem de La Doncella: a criança de 500 anos sacrificada em ritual inca no megacurioso

Descoberta no cume de um vulcão andino em 1999, a Donzela Llullaillaco chamou a atenção pelo impressionante estado de preservação do corpo

Em 1999, uma descoberta realizada na fronteira entre Chile e Argentina evidenciou um dos casos mais curiosos da hist&oacute;ria dos registros documentais: o cad&aacute;ver incrivelmente bem preservado de uma crian&ccedil;a inca. Intitulado Donzela Llullaillaco &mdash; ou&nbsp;La Doncella &mdash;, o corpo de 500 anos detalhou a pr&aacute;tica de sacrif&iacute;cios humanos na antiga civiliza&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-colombiana em um <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120283-5-rituais-de-exorcismo-que-foram-historicamente-marcantes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ritual</a>&nbsp;conhecido como capacocha ou qhapaq hucha.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Bradford (Inglaterra), La Doncella viveu durante o auge do&nbsp;Imp&eacute;rio Inca, entre os s&eacute;culos XVI e XVII, e foi aparentemente sacrificada quando tinha, no m&aacute;ximo, 13 anos. Ap&oacute;s a an&aacute;lise de fios de cabelo realizada por cientistas, determinou-se que a jovem passou cerca de 1 ano sendo preparada para o ritual, seguindo uma dieta &agrave; base de milho, carne de lhama, &aacute;lcool e raiz de coca (usada para <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120773-conheca-a-coca-pola-a-bebida-colombiana-que-esta-em-guerra-com-a-coca-cola.htm?f" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fabricar coca&iacute;na</a>, atualmente), como um meio de fortalecer a comunica&ccedil;&atilde;o com os deuses.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/29/29185944741166.jpg" alt="(Fonte: Flickr)" />(Fonte: Flickr)
Em 433 anos de imp&eacute;rio, os povos incas praticaram sacrif&iacute;cios infantis em larga escala, assim como <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119733-rhus-glabra-a-planta-alucinogena-encontrada-em-artefatos-maias.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">maias</a>, olmecas, astecas e teotihuacanas. Apesar de cada uma das sociedades ter seu prop&oacute;sito particular por tr&aacute;s dos m&eacute;todos de oferendas humanas, boa parte delas tinha como responsabilidade o apaziguamento das divindades. As ofertas em carne e osso eram entregues para evitar desastres naturais (como fome e terremotos) ou marcar eventos importantes na vida de um Sapa Inca (um chefe), por exemplo.
<h2>Morte em paz</h2>
Segundo o arque&oacute;logo Andrew Wilson, da Universidade de Bradford, La Doncella integrava o seleto grupo das acillas, mulheres escolhidas pela sociedade, ainda na puberdade, "para viver longe de sua sociedade familiar sob a orienta&ccedil;&atilde;o de sacerdotisas". Essa participa&ccedil;&atilde;o na comunidade, al&eacute;m da condi&ccedil;&atilde;o de virgem, teria sido o principal motivo para que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/107506-confira-o-que-a-ciencia-ja-descobriu-sobre-a-donzela-a-famosa-mumia-inca.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">crian&ccedil;a Llullaillaco</a> tivesse sido morta sem viol&ecirc;ncia, sem qualquer sinal de medo ou apreens&atilde;o que conflitasse com a serenidade no olhar exibida pelo cad&aacute;ver.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/20/20095445540064.jpg" alt="(Fonte: National Geographic / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: National Geographic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
"Pelo que sabemos das cr&ocirc;nicas espanholas, eram escolhidas mulheres particularmente atraentes ou talentosas. Na verdade, os incas tinham algu&eacute;m que saiu para encontrar essas jovens para serem tiradas de suas fam&iacute;lias", disse a Dra. Emma Brown, da Universidade de Bradford, que fez parte da equipe de pesquisadores que analisou os corpos.
Outro detalhe que pode ter contribu&iacute;do para que as crian&ccedil;as &mdash; a donzela e dois garotos encontrados no cume do vulc&atilde;o andino &mdash; tenham morrido em paz foi o potencial anest&eacute;sico das drogas consumidas. De acordo com historiadores, esse ato misericordioso seria o selamento de um destino mais humano &agrave; brutalidade do ritual em si.
Hoje, La Doncella e os restos de seus companheiros est&atilde;o em exibi&ccedil;&atilde;o no Museu de Arqueologia de Alta Altitude em Salta, na Argentina, onde t&ecirc;m suas hist&oacute;rias contadas e permanecem cativando o p&uacute;blico, especialmente considerando todo o contexto de suas trajet&oacute;rias.

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La Doncella: a criança de 500 anos sacrificada em ritual inca

Imagem de Robin Hood existiu? A história da lenda do justiceiro dos pobres! no megacurioso

Conheça a verdadeira história do justiceiro que lutava contra a desigualdade social

Nem precisa falar de quem se trata: se tem algo a ver com&nbsp;roubar dos ricos e dar aos pobres, &eacute; bem prov&aacute;vel que a maioria das pessoas pense em Robin Hood. Dizem que ele viveu na &eacute;poca de Ricardo, Cora&ccedil;&atilde;o de Le&atilde;o (1157-1199), que reinou na Inglaterra entre 1189 e 1199.
No mundo moderno, o personagem j&aacute; virou pe&ccedil;a de teatro e filmes e inspirou s&eacute;ries e video games. Mas o que ser&aacute; real nessa hist&oacute;ria que atravessou os s&eacute;culos? Ser&aacute; que o "ladr&atilde;o dos ricos" realmente existiu? &Eacute; o que vamos descobrir.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/16/16204825784002.jpg" alt="(Fonte: Historic UK/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Historic UK/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
<h2>As origens de Robin Hood</h2>
Os primeiros registros sobre <a href="https://www.megacurioso.com.br/cotidiano/101551-joia-da-epoca-de-robin-hood-e-descoberta-na-floresta-de-sherwood.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Robin Hood</a> remontam ao fim do s&eacute;culo XIV e in&iacute;cio do s&eacute;culo XV. Na &eacute;poca, ele se tornou um personagem frequente em baladas, poemas e can&ccedil;&otilde;es. A primeira refer&ecirc;ncia escrita a ele est&aacute; no poema "The Visions of Piers Plowman", um texto aleg&oacute;rico escrito em ingl&ecirc;s m&eacute;dio por William Langland (1332-1386) na segunda metade do s&eacute;culo XIV: "Embora eu n&atilde;o possa recitar o Pai Nosso, eu conhe&ccedil;o as rimas de Robin Hood".
Essa parte do poema sugere que at&eacute; mesmo quem n&atilde;o tinha educa&ccedil;&atilde;o formal conhecia a lenda de Robin Hood, independentemente se soubessem ler e escrever ou n&atilde;o.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/16/16195901404685.jpg" alt="(Fonte: Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />
<h2>O homem por tr&aacute;s do mito ou o mito por tr&aacute;s do homem</h2>
Ent&atilde;o Robin Hood era uma pessoa real? Sim&hellip; e n&atilde;o. Ao longo dos s&eacute;culos, existiram pessoas que foram consideradas o verdadeiro Robin Hood; algumas por terem o mesmo nome, outras por terem hist&oacute;rias de vida absurdamente parecidas com a do personagem, embora n&atilde;o tivessem o mesmo nome.
O que se sabe com certeza &eacute; que nos s&eacute;culos XIIV e XIV o nome Robin Hood era usado como um "apelido" para os fora da lei. Real ou n&atilde;o, sua figura est&aacute; enraizada na hist&oacute;ria da Inglaterra: &eacute; poss&iacute;vel encontrar o nome por todo o mapa ingl&ecirc;s, a exemplo de Robin Hood's Bay e do Po&ccedil;o de Robin Hood em Barnsdale, ambos em Yorkshire, da Robin Hood's Cave e de Robin Hood's Stoop, em Derbyshire.
Levando em considera&ccedil;&atilde;o a &eacute;poca em que surgiu &mdash; e a falta de evid&ecirc;ncias sobre sua exist&ecirc;ncia &mdash; <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/108958-o-heroi-de-muitas-geracoes-conheca-5-curiosidades-sobre-robin-hood.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Robin Hood &eacute; considerado</a> um her&oacute;i arquet&iacute;pico inventado, visto que sua trajet&oacute;ria abrange muitas das ambi&ccedil;&otilde;es populares mais comuns de seu tempo, assim com as frustra&ccedil;&otilde;es.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/16/16200536250690.jpg" alt="(Fonte: Wallpaper Acess/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wallpaper Acess/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
<h2>Justiceiro ou malandro?</h2>
Assim como na maioria dos contos e das lendas que surgiram s&eacute;culos atr&aacute;s, a vers&atilde;o que conhecemos hoje pode ser bem diferente. Por exemplo, em hist&oacute;rias mais recentes, a figura de Robin Hood &eacute; de um her&oacute;i que rouba de gente ruim para dar para pessoas pobres e boas. Algo que beira a filantropia.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/16/16204709126000.jpg" alt="Rei Ricardo, o Cora&ccedil;&atilde;o de Le&atilde;o, casando Robin Hood e Maid Marian em uma placa fora do Castelo de Nottingham. (Fonte: History Hit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Rei Ricardo, Cora&ccedil;&atilde;o de Le&atilde;o, casando Robin Hood e Maid Marian em uma placa fora do Castelo de Nottingham. (Fonte: History Hit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No entanto, nas hist&oacute;rias originais, <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119737-capitao-samuel-bellamy-a-historia-do-robin-hood-dos-mares.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Robin e seu grupo</a> foram respons&aacute;veis por v&aacute;rios assassinatos enquanto vagavam pela floresta. Nas primeiras vers&otilde;es, tamb&eacute;m n&atilde;o havia Maid Marian, por quem ele se apaixonou e com quem se casou. Al&eacute;m disso, ele realmente roubava muito, mas n&atilde;o para fazer caridade: a maior parte era para o pr&oacute;prio bolso, e n&atilde;o para os pobres.

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Robin Hood existiu? A história da lenda do justiceiro dos pobres

Imagem de Grande geada de 1709: quando a Europa congelou a -48 °C por meses no megacurioso

O fenômeno inexplicável é considerado o mais mortal da História

Localizada no leste da Sib&eacute;ria, na R&uacute;ssia, a cidade de Oymyakon tem apenas cerca de 500 habitantes, e &eacute; considerada a mais fria do mundo. Diariamente, as pessoas precisam conviver com eternos dias frios de temperaturas n&atilde;o maiores do que -45&nbsp;&deg;C.
Apesar de ser uma realidade inimagin&aacute;vel para a maioria das pessoas, l&aacute; os cidad&atilde;os sempre estiveram habituados ao modo de vida, sobrevivendo a base de muitas roupas de peles e bebidas fumegantes.
Em 1709, as pessoas em toda a Europa se depararam com um cen&aacute;rio parecido com o de Oymyakon: temperaturas abaixo de zero que simplesmente n&atilde;o diminu&iacute;ram por v&aacute;rios meses. Em uma &eacute;poca rudimentar, eles ficaram no escuro, sem saber o que estava acontecendo, ou quando aquele frio apocal&iacute;ptico passaria.
<h2>A amea&ccedil;a branca</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06150438596523.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Quando as pessoas acordaram na manh&atilde; de 6 de janeiro daquele fat&iacute;dico 1709, a geada torrencial, um verdadeiro &ldquo;inferno branco&rdquo; abaixo de zero, j&aacute; havia se instalado por toda Europa &mdash; e literalmente do dia para a noite. O frio de -48 &deg;C era paralisante sob metros e metros c&uacute;bicos de gelo criado pela neve que come&ccedil;ou a cair e n&atilde;o parou mais.
Visto que o congelamento pode acontecer em menos de 10 minutos quando uma pessoa &eacute; exposta a temperaturas abaixo de zero com o fator de sensa&ccedil;&atilde;o t&eacute;rmica, a hipotermia &eacute; a primeira rea&ccedil;&atilde;o do corpo a essa abruptalidade. Portanto, de um dia para o outro, milhares de pessoas morreram enquanto dormiam antes de perceberem o qu&atilde;o grave a situa&ccedil;&atilde;o era, incluindo os animais. Mas isso foi s&oacute; o come&ccedil;o.
Durante tr&ecirc;s longos meses, Paris ficou ilhada sem poder receber suprimentos, com a neve bloqueando estradas em todo o continente e rios mercantis famosos, como o T&acirc;misa, cujas camadas de gelo alcan&ccedil;aram at&eacute; 30 cent&iacute;metros de espessura. Foi diante desse cen&aacute;rio selvagem que as pessoas tiveram que apelar para o <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119829-canibalismo-na-europa-de-pratica-heroica-a-barbara.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">canibalismo</a> dos cad&aacute;veres daqueles que n&atilde;o resistiram &agrave; geada.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06150601034528.jpg" alt="(Fonte: Financial Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Financial Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
N&atilde;o havia animais para sacrif&iacute;cio, tampouco p&atilde;o, carnes e &aacute;gua, porque tudo havia cristalizado. As &uacute;nicas bebidas que permaneceram l&iacute;quidas foram as alco&oacute;licas, como u&iacute;sque.
A geada n&atilde;o fez distin&ccedil;&atilde;o entre classes sociais, ela rompeu qualquer barreira. Ainda que em uma situa&ccedil;&atilde;o como essa, os pobres sempre s&atilde;o os mais afetados, os ricos pereceram igualmente em seus castelos imensos e habitualmente frios, que prezavam mais a est&eacute;tica do que a praticidade.
<h2>A consequ&ecirc;ncia gelada</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06150852300533.jpg" alt="(Fonte: National Post/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: National Post/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O inverno de 1709 foi considerado &ldquo;o mais frio e cruel que o continente europeu enfrentou em 500 anos&rdquo;, ap&oacute;s tr&ecirc;s meses de tortura em meio a seis ondas de frio em que as temperaturas s&oacute; despencaram cada vez mais. A essa altura, o solo j&aacute; estava arruinando e florestas inteiras estavam mortas. E o estrago n&atilde;o parou por a&iacute;.
Quando as temperaturas finalmente come&ccedil;aram a aumentar, o degelo causou inunda&ccedil;&otilde;es devastadoras que ceifaram a vida de mais pessoas ainda. Al&eacute;m disso, nada floresceu na primavera, e o calor trouxe uma onda selvagem de fome, ap&oacute;s as pessoas passarem meses em um comportamento neol&iacute;tico. Houve 155 casos de rebeli&atilde;o aberta somente na Fran&ccedil;a, com pessoas invadindo qualquer edif&iacute;cio, em sua maioria castelos e institui&ccedil;&otilde;es religiosas.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Guardian&nbsp;" data-fonte-url="https://i.guim.co.uk/img/media/13d1a5f1f6634398ba4dc39f3f46090edb3bf459/0_585_3714_2229/master/3714.jpg?width=1200&amp;height=900&amp;quality=85&amp;auto=format&amp;fit=crop&amp;s=73b9ee15779cb8b2a483d0690e5586e4"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06151048706535.jpg" alt="(Fonte: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Segundo uma an&aacute;lise feita pelo The Guardian, toda a economia agr&iacute;cola da Fran&ccedil;a foi destru&iacute;da, seu PIB foi lan&ccedil;ado para chocantes 23%, o que demorou cerca de 10 anos para que o pa&iacute;s visse algo pr&oacute;ximo a uma recupera&ccedil;&atilde;o.
Quanto ao saldo de mortes, os n&uacute;meros s&atilde;o dif&iacute;ceis de precisar. Em entrevista ao Meteo France, o historiador Emmanuel Le Roy Ladurie estima que cerca de 100 mil pessoas morreram em consequ&ecirc;ncia direta do frio apenas na Fran&ccedil;a, sendo que mais 200 mil pereceram de fome e outras 300 mil de maneira indireta. Essa onda de baixas teria durado at&eacute; 1710, quando doen&ccedil;as, como o tifo e a var&iacute;ola, se espalharam em endemias pelo pa&iacute;s para terminar o resto do trabalho de exterm&iacute;nio.
<h2>O que aconteceu</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06151344190546.png" alt="(Fonte: Regina Reffers/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Regina Reffers/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A geada de 1709 ainda &eacute; um mist&eacute;rio para a ci&ecirc;ncia. O National Geographic sugeriu que o evento tenha acontecido devido a um fen&ocirc;meno chamado M&iacute;nimo de Maunder, descrito pela NASA como um per&iacute;odo em que o Sol &ldquo;entrou em fase de sil&ecirc;ncio&rdquo;. O Sol ficou mais escuro e houve menos atividade vista em sua superf&iacute;cie, menos manchas solares, que resultaram em menos produ&ccedil;&atilde;o de luz solar, o que significou temperaturas muito baixas j&aacute; que n&atilde;o estava brilhando como deveria.
Os cientistas apontam que a diminui&ccedil;&atilde;o na energia recebida do Sol causou a forma&ccedil;&atilde;o de menos oz&ocirc;nio, impactando os padr&otilde;es clim&aacute;ticos, como as correntes de frio, e a presen&ccedil;a de sistemas de baixa e alta press&atilde;o.
O debate cient&iacute;fico ainda &eacute; imenso, e a maioria dos estudiosos n&atilde;o chegou a um consenso sobre o que aconteceu do dia para noite, apenas concordam que foi um epis&oacute;dio mortal para a Hist&oacute;ria.

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Grande geada de 1709: quando a Europa congelou a -48 °C por meses

Imagem de Como um único funcionário faliu o banco mais antigo da Inglaterra no megacurioso

Nick Leeson fez investimentos que deram tão errado que levaram o Banco Barings à falência após 2 séculos de atividades

H&aacute; v&aacute;rias raz&otilde;es para um banco falir: <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120202-panico-de-1873-a-primeira-crise-economica-da-historia-dos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">crises econ&ocirc;micas</a>, decis&otilde;es ruins de gest&atilde;o, mudan&ccedil;as no mercado ou no comportamento dos clientes... mas o caso do Barings Bank, do Reino Unido, talvez seja &uacute;nico, j&aacute; que ele faliu pelos erros de um &uacute;nico funcion&aacute;rio. Antes disso, o Barings Bank era o mais antigo do pa&iacute;s e uma pot&ecirc;ncia mundial do setor.&nbsp;
&Eacute; claro que as falcatruas que levaram o Barings &agrave; ru&iacute;na s&oacute; foram poss&iacute;veis porque a gest&atilde;o era <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119310-esquema-de-ponzi-a-fraude-precursora-das-piramides-financeiras.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bem incompetente</a>. Mesmo assim, &eacute; impressionante que uma &uacute;nica pessoa tenha sido capaz de gerar um preju&iacute;zo de 827 milh&otilde;es de libras (mais de R$ 6,2 bilh&otilde;es) e levar um banco inteiro &agrave; fal&ecirc;ncia. Para entender como isso aconteceu, continue a leitura.&nbsp;
<h2>Nick Leeson, o g&ecirc;nio dos investimentos</h2>
O homem respons&aacute;vel pela ru&iacute;na do Barings Bank se chama Nick Leeson. Ap&oacute;s uma inf&acirc;ncia humilde, o brit&acirc;nico construiu uma carreira mete&oacute;rica no mercado financeiro: aos 25 anos, foi nomeado gerente de contratos futuros do Barings na Bolsa de Valores de Singapura.
Leeson era considerado um "<a href="https://www.megacurioso.com.br/carreira-e-negocios/101711-7-conselhos-financeiros-de-um-homem-que-se-aposentou-aos-34-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">g&ecirc;nio dos investimentos</a>", fazendo contratos que davam muito mais lucro do que o esperado &mdash; mesmo que n&atilde;o seguissem as diretrizes do banco. Em resumo, era praxe vender contratos futuros em pouco tempo, mas Leeson fazia apostas de longo prazo que, muitas vezes, davam certo. Em dado momento, ele foi respons&aacute;vel por 10% do lucro mundial do Barings.&nbsp;
Algumas pessoas tentaram advertir a diretoria, em Londres, que as apostas do jovem gerente eram muito arriscadas &mdash; mesmo assim, ele tinha muito cr&eacute;dito com o alto escal&atilde;o do banco. Com isso, Leeson tamb&eacute;m tinha muita liberdade, ent&atilde;o as opera&ccedil;&otilde;es eram revisadas por ele mesmo, quando o normal era ter outro funcion&aacute;rio para isso. Na pr&aacute;tica, ele podia fazer o que bem entendesse.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/27/27201412935001.jpg" alt="Imagem: InfoMoney/Reprodu&ccedil;&atilde;o" />(Fonte: InfoMoney/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
<h2>A conta 88888</h2>
Com "carta branca" para fazer o que quisesse, Leeson continuou realizando investimentos fora das diretrizes do banco. Para esconder as vezes em que suas "apostas" davam preju&iacute;zo, ele criou uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/104237-robo-contador-e-isso-que-estudos-apontam-para-o-futuro-da-profissao.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">conta de erros</a>, a conta 88888, j&aacute; que 8 &eacute; considerado o n&uacute;mero da sorte no sudeste asi&aacute;tico.&nbsp;
Contas de erros s&atilde;o comuns em bancos, usadas para cobrir falhas e repor o dinheiro dos clientes. O problema &eacute; que, para utiliz&aacute;-la, Leeson deveria comunicar seus superiores &mdash; e ningu&eacute;m no Barings Bank sabia que ele mantinha essa conta em <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/108556-12-fatos-curiosos-sobre-singapura-que-voce-talvez-desconheca.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Singapura</a>.&nbsp;
Depois que o esquema ruiu, Leeson disse que criou a conta 88888 para encobrir um erro de uma funcion&aacute;ria que, em vez de comprar um contrato futuro, vendeu-o, causando 20 mil libras de preju&iacute;zo para o banco.&nbsp;
<h2>A bola de neve milion&aacute;ria</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Scoopnet/Reprodu&ccedil;&atilde;o&nbsp;" data-fonte-url="https://www.scoopnest.com/user/ftbized/774321516662009856-the-man-who-brought-down-barings-bank-rogue-trader-nick-leeson-teaches-trading-course"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/27/27201704638003.jpg" alt="Imagem: Scoopnet/Reprodu&ccedil;&atilde;o" />(Fonte: Scoopnet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Leeson continuou a usar sua "conta de erros" particular para encobrir erros de funcion&aacute;rios, incluindo um rapaz que causava preju&iacute;zos ap&oacute;s noitadas, e as pr&oacute;prias apostas furadas.&nbsp;
No fim de 1992, o saldo negativo da conta 88888 era de US$ 2 milh&otilde;es. Para cobrir esse rombo, ele fazia apostas audaciosas, como investir o dobro do dinheiro que perdera, na tentativa de recuper&aacute;-lo rapidamente. Em 1993, isso deu certo, e Leeson jurou que nunca iria usar a conta de erros novamente.&nbsp;
Por outro lado, ele precisava manter a reputa&ccedil;&atilde;o de g&ecirc;nio dos investimentos junto &agrave; diretoria do Barings &mdash; que encorajava seu trabalho. Ent&atilde;o, continuou fazendo apostas arriscadas e encobrindo eventuais preju&iacute;zos com a conta 88888, a qual fechou 1993 com 23 milh&otilde;es de libras "no vermelho". No ano seguinte, o preju&iacute;zo chegou a 208 milh&otilde;es de libras &mdash; mas Leeson reportou lucros de 102 milh&otilde;es ao Barings.
<h2>A casa caiu!</h2>
Em 1995, o neg&oacute;cio saiu completamente de controle. Leeson fez um investimento do tipo short straddle, apostando que as bolsas de valores de Singapura e de T&oacute;quio n&atilde;o teriam grande varia&ccedil;&atilde;o no curto prazo. Por&eacute;m, em 17 de janeiro, um <a href="https://www.megacurioso.com.br/geologia/37093-terremoto-que-atingiu-o-japao-em-2011-provocou-ondas-ate-na-noruega.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">terremoto</a> atingiu o Jap&atilde;o, gerando uma baixa generalizada em v&aacute;rios mercados do sudeste asi&aacute;tico.&nbsp;
Em investimentos short straddle, os preju&iacute;zos s&atilde;o de acordo com a varia&ccedil;&atilde;o do mercado, e o investidor perde na alta e na baixa, ganhando apenas na estabilidade. &Eacute; um investimento extremamente arriscado.
Ele ainda tentou mais uma cartada e apostou que a bolsa de T&oacute;quio iria se recuperar r&aacute;pido, o que tamb&eacute;m n&atilde;o aconteceu. A&iacute; n&atilde;o teve jeito: ele deixou um bilhete escrito "desculpa" &mdash; e fugiu de Singapura. Naquele ponto, o preju&iacute;zo da conta 88888 chegou a 857 milh&otilde;es de libras, mais do que o dobro do valor de mercado do Barings.
<h2>O fim da hist&oacute;ria &mdash; e do banco</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/28/28123832688089.jpg" alt="(Fonte: Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />
Quando as falcatruas de Leeson foram descobertas, j&aacute; era tarde demais, e o Barings teve de declarar fal&ecirc;ncia e colocar um ponto-final em seus 230 anos de hist&oacute;ria. O banco foi vendido por uma quantia simb&oacute;lica, de 1 libra, para uma institui&ccedil;&atilde;o holandesa.&nbsp;
J&aacute; Leeson continuou fugindo por 272 dias, at&eacute; ser preso em Frankfurt (Alemanha) e extraditado para Singapura, onde ficou preso por cerca de 6 anos. Ele n&atilde;o terminou de cumprir sua pena porque desenvolveu um c&acirc;ncer, mas se curou e participou de reality shows no <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119754-assalto-ao-trem-pagador-o-lendario-crime-que-chocou-o-reino-unido.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Reino Unido</a>, chegando a lan&ccedil;ar um livro contando sua hist&oacute;ria no Barings Bank.&nbsp;

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Como um único funcionário faliu o banco mais antigo da Inglaterra

Imagem de Kleenex: como os lenços de papel mudaram a História no megacurioso

A Primeira Guerra Mundial foi fundamental para que eles existissem

A marca de&nbsp;len&ccedil;os descart&aacute;veis Kleenex est&aacute; entre uma das mais famosas no ramo, principalmente devido ao seu pioneirismo na ind&uacute;stria de len&ccedil;os. Atualmente, voc&ecirc; consegue encontrar uma caixa de len&ccedil;os coloridos ou brancos, pequenos ou m&eacute;dios; por&eacute;m sempre macios, absorventes e at&eacute; com um perfume discreto em suas embalagens pr&aacute;ticas.
Mas, antes de ser usado para remover a maquiagem, assuar o nariz, limpar &oacute;culos, secar o suor ou at&eacute; anotar coisas, os len&ccedil;os foram fundamentais para evitar que soldados morressem na frente de batalha.
<h2>A revolu&ccedil;&atilde;o em uma caixa</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06144216742491.jpg" alt="(Fonte: MilitaryHistoryNow/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: MilitaryHistoryNow/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Fabricante de papel desde 1872, a empresa Kimberly-Clark criou em 1914, bem no in&iacute;cio da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119011-as-tropas-britanicas-sofreram-com-as-ists-na-primeira-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Primeira Guerra Mundial</a>, o cellucotton, um substituto macio e absorvente feito de celulose da polpa de madeira e de uma pequena quantidade de algod&atilde;o.
Em uma &eacute;poca em que o algod&atilde;o se tornou escasso pela alta demanda exigida pelo conflito, o material foi um &oacute;timo substituto, principalmente durante a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119826-bioterrorismo-qual-a-sua-origem.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">guerra qu&iacute;mica</a>. O cellucotton foi usado em m&aacute;scaras de g&aacute;s e em outras prote&ccedil;&otilde;es faciais dos soldados para servir como uma esp&eacute;cie de filtro resistente, por&eacute;m descart&aacute;vel. Ele protegeu contra o g&aacute;s de mostarda, o g&aacute;s cloro e outros agentes qu&iacute;micos que foram muito testados em campo de batalha.
Ap&oacute;s o cellucotton ser implementado em bandagens para suprir a falta do algod&atilde;o em hospitais de toda a Europa e nos Estados Unidos, as enfermeiras descobriram que eles poderiam ser utilizados como absorventes menstruais &mdash; levando a marca a come&ccedil;ar a vender uma nova linha voltada para a higiene do p&uacute;blico feminino, chamada <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118540-as-origens-de-kotex-o-primeiro-absorvente-da-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Kotex</a>.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06144353149495.png" alt="(Fonte: First Versions/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: First Versions/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foi s&oacute; em 12 de junho de 1924 que os len&ccedil;os faciais descart&aacute;veis da marca foram inventados, comercializados em caixas contendo 100 folhas. A princ&iacute;pio, o produto foi destinado apenas ao p&uacute;blico feminino, visando remover cremes e maquiagem.
Apesar de a empresa ter apostado em an&uacute;ncios apelativos, como &ldquo;O novo segredo usado por estrelas do cinema que mant&eacute;m a pele bonita&rdquo;, os len&ccedil;os foram considerados uma extravag&acirc;ncia para &eacute;poca devido ao seu alto custo (65 centavos) &mdash; afinal era s&oacute; um peda&ccedil;o de papel retangular.
Foi s&oacute; ap&oacute;s ingressar no mercado canadense como uma op&ccedil;&atilde;o higi&ecirc;nica aos tradicionais len&ccedil;os de pano que os homens carregavam no bolso, que a marca Kleenex come&ccedil;ou a se popularizar, sobretudo com an&uacute;ncios tendo Helen Hayes e Jean Harlow divulgando o produto.
<h2>A mudan&ccedil;a</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/06/06144527414500.jpg" alt="(Fonte: The National Interest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The National Interest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O produto s&oacute; caiu no gosto popular de vez em meados de 1930, ap&oacute;s um ano do lan&ccedil;amento dos len&ccedil;os de papel em embalagem pop-up (ao puxar uma folha, parte da pr&oacute;xima sai da caixa), porque a marca abandonou a ideia de um len&ccedil;o para remover cremes e maquiagem, e passou a apostar no uso como len&ccedil;o de assuar o nariz.
&ldquo;N&atilde;o ponha um resfriado em seu bolso&rdquo;, este foi o&nbsp;slogan da marca, fazendo o volume de vendas do Kleenex dobrar no ano seguinte.
Com a<a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/112268-entenda-como-comecou-a-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank"> Segunda Guerra Mundial</a>, o produto se tornou uma necessidade b&aacute;sica no campo de batalha para ser usado em curativos e bandagens. Na era do p&oacute;s-guerra, em 1950, a marca j&aacute; havia se tornado a favorita da Am&eacute;rica no ramo de len&ccedil;os de papel descart&aacute;vel.

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Kleenex: como os lenços de papel mudaram a História

Imagem de Iron Maiden: o dispositivo que visava "purificar" sua vítima no megacurioso

A máquina não era usada só para uma morte perturbadora

Sim, para voc&ecirc; que n&atilde;o sabia, a banda formada em 25 de dezembro de 1975, pelo baixista Steve Harris, teve seu nome inspirado a partir de um instrumento de tortura medieval chamado &ldquo;Iron Maiden&rdquo;, traduzido como "donzela de ferro", que aparece na adapta&ccedil;&atilde;o para o cinema do romance O Homem da M&aacute;scara de Ferro, escrito por Alexandre Dumas.
Temido por todos, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120292-freio-de-bruxa-o-metodo-de-torturar-mulheres-na-idade-media.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">dispositivo surgiu na Idade M&eacute;dia</a>, um per&iacute;odo que acumulou rel&iacute;quias e objetos aterrorizantes de tortura devido ao n&iacute;vel de barbaridade que determinava a &eacute;poca.
Tra&ccedil;ar sua trajet&oacute;ria ao longo da Hist&oacute;ria &eacute; se perder em um labirinto de contradi&ccedil;&otilde;es e fatos imprecisos que dificultam o entendimento de sua origem. A lenda inicial e mais famosa do objeto seria da Virgem de Nuremberg, um dispositivo adornado com um busto da Virgem Maria, utilizado contra os n&atilde;o crentes da &eacute;poca.
<h2>Nabis, o Usurpador &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/11/11111029295008.jpg" alt="(Fonte: LethbridgeNews/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: LethbridgeNews/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Dizem que uma Donzela de Ferro constru&iacute;da em Nuremberg, na Alemanha, foi muito empregada durante a<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120340-como-os-julgamentos-das-bruxas-de-salem-mudaram-o-sistema-judicial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">&nbsp;Inquisi&ccedil;&atilde;o</a>, projetada para n&atilde;o matar de vez, apenas prolongar a dor o m&aacute;ximo o poss&iacute;vel com suas l&acirc;minas longas e afiadas posicionadas de modo que n&atilde;o causassem danos fatais ao corpo, a princ&iacute;pio.
O objetivo da m&aacute;quina nunca foi a tortura da carne, mas do isolamento, escurid&atilde;o e sil&ecirc;ncio que existe entre as pontas afiadas. Na Idade M&eacute;dia, era o sadismo em sua mais pura vers&atilde;o. Para os inquisidores, a dor f&iacute;sica era considerada libertadora e purificadora do pecado. Dentro daquele caix&atilde;o de ferro cheio de estacas, o sofredor encontrava a absolvi&ccedil;&atilde;o de seus pecados.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/11/11111155123009.jpg" alt="(Fonte: Turbo Squid/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Turbo Squid/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A primeira men&ccedil;&atilde;o sobre a exist&ecirc;ncia da m&aacute;quina &eacute; atribu&iacute;da ao historiador grego Pol&iacute;bio, que cobriu a Hist&oacute;ria entre 220 a.C. a 146 a.C., em seu livro Apega de Nabis, no qual escreveu que a Donzela foi projetada pelo cruel e tirano Nabis, o Usurpador. Ele assumiu o governo da Lacedem&ocirc;nia ap&oacute;s a morte de Machanidas, em 207 a.C., e consolidou seu dom&iacute;nio de punho de ferro na cidade-estado da Gr&eacute;cia Antiga da maneira mais cruel poss&iacute;vel.
Ele teria pegado sua esposa Apega como inspira&ccedil;&atilde;o para uma est&aacute;tua medonha dela cravejada de lan&ccedil;as afiadas nos bra&ccedil;os e no peito. Atrav&eacute;s de um sistema de interruptores, Nabis controlava a engenhoca sofisticada para que perfurasse as pessoas colocadas para morrer na sala com ela.
<h2>Na cultura popular</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/11/11111238061010.jpg" alt="(Fonte: Fine Art America/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Fine Art America/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A notoriedade da Donzela de Ferro foi culpa do historiador Johann&nbsp;Philipp Siebenkees (1759-1796), do s&eacute;culo XVIII, que teria escrito um relato dram&aacute;tico e duvidoso de uma execu&ccedil;&atilde;o de um falsificador de moedas no s&eacute;culo XVI no dispositivo &mdash; embora n&atilde;o seja poss&iacute;vel saber se a m&aacute;quina j&aacute; existia, ou se era outra com nome semelhante.
Mas essa d&uacute;vida foi a &uacute;nica necess&aacute;ria para fazer a Donzela de Ferro criar ra&iacute;zes no imagin&aacute;rio popular. Ao longo do s&eacute;culo XIX, com a grande leva de turistas interessados em hist&oacute;rias macabras, com <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119497-thomas-cook-o-pai-do-turismo-internacional.htm#:~:text=Thomas%20Cook%3A%20o%20'pai'%20do%20turismo%20internacional%20%2D%20Mega%20Curioso" rel="noopener noreferrer" target="_blank">o in&iacute;cio das viagens internacionais</a>, a Donzela de Ferro se tornou algo extremamente lucrativo, ent&atilde;o v&aacute;rias vers&otilde;es delas foram feitas para agradar o p&uacute;blico &mdash; ainda que um dispositivo de tortura medieval com o rosto da Virgem Maria fosse um verdadeiro esc&acirc;ndalo para os valores da &eacute;poca.

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Iron Maiden: o dispositivo que visava 'purificar' sua vítima

Imagem de 4 realidades perturbadoras consideradas normais há 100 anos no megacurioso

Esse é só um pedacinho da vida na sociedade dos anos 1900

H&aacute; 100 anos, o mundo havia acabado de testemunhar os 4 anos do conflito lamacento e mais mortal da Hist&oacute;ria, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119011-as-tropas-britanicas-sofreram-com-as-ists-na-primeira-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Primeira Guerra Mundial</a>, que deixou mais de 10 milh&otilde;es de mortos e 20 milh&otilde;es de feridos.
Al&eacute;m disso, iniciava-se um novo per&iacute;odo na Am&eacute;rica, repleto de novas inven&ccedil;&otilde;es que prometiam revolucionar o s&eacute;culo que havia acabado de come&ccedil;ar, como filmes, avi&otilde;es, r&aacute;dio, carros e tudo o que se possa imaginar.
Por&eacute;m, apesar de tudo isso, das novas ideias pol&iacute;ticas e tecnologias que estavam transformando a vida das pessoas, havia um tom sinistro que jamais nos manteria conectados com aquela &eacute;poca. Se, de repente, voc&ecirc; acabasse voltando para o passado, conseguiria viver em uma realidade assustadoramente retr&oacute;grada, autorit&aacute;ria, mis&oacute;gina, racista e elitista, permeada por uma ci&ecirc;ncia abusiva?
Bem, isso s&atilde;o apenas alguns dos aspectos considerados normais h&aacute; 100 anos.
<h2 class="uk-text-justify">1. Ku Klux Klan</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/11/11101530893008.jpg" alt="(Fonte: Gazeta do Povo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Gazeta do Povo/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os movimentos opressores da organiza&ccedil;&atilde;o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119006-operacao-red-dog-quando-supremacistas-tentaram-derrubar-um-governo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Ku Klux Klan</a>&nbsp;(KKK), endossadas pelas pol&iacute;ticas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119020-ruby-bridges-a-garotinha-que-enfrentou-a-segregacao-racial-dos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Jim Crow</a>, eram considerados exerc&iacute;cios da liberdade de express&atilde;o, visto que a Am&eacute;rica &eacute; considerada um lugar de todos e para todos.
O ent&atilde;o presidente dos Estados Unidos (EUA), Woodrow Wilson (1856-1924), fez de tudo para impulsionar o movimento, do recrutamento ao objetivo da organiza&ccedil;&atilde;o, chegando a exibir o filme O Nascimento de uma Na&ccedil;&atilde;o&nbsp;na Casa Branca logo no in&iacute;cio do s&eacute;culo XX, com o intuito de fazer a presen&ccedil;a deles vis&iacute;vel.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/11/11101608565009.jpg" alt="(Fonte: Uol/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Uol/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O resultado foi que, h&aacute; 100 anos, a KKK era parte aceita e aberta na sociedade americana, patrocinando festivais, reuni&otilde;es de fam&iacute;lia e at&eacute; concursos eug&ecirc;nicos de beb&ecirc;s, chegando a tamb&eacute;m oficializar casamentos e batizados. Eles tamb&eacute;m injetaram dinheiro em corridas e times de beisebol, escolas, clubes de costura e sociedades agr&iacute;colas.&nbsp;
As ra&iacute;zes do movimento foram t&atilde;o profundas, que seus membros ocuparam cargos p&uacute;blicos, com la&ccedil;os pol&iacute;ticos que fez a Conven&ccedil;&atilde;o Nacional Democrata de 1924 ser chamada "Klanbake".
<h2 class="uk-text-justify">2. Trabalho infantil</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/11/11101705831010.jpg" alt="(Fonte: DocPlayer/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: DocPlayer/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
H&aacute; 100 anos, menos de 20% das crian&ccedil;as frequentavam a escola no mundo, das quais apenas 9% delas terminavam. Desde cedo, elas eram for&ccedil;adas a trabalhar em todo o tipo de neg&oacute;cio, vendendo f&oacute;sforo e lenha ou em f&aacute;bricas e minas de carv&atilde;o. N&atilde;o havia pol&iacute;ticas que resguardassem os direitos do infante, principalmente porque a industrializa&ccedil;&atilde;o e o governo enxergavam a m&atilde;o de obra infantil como uma forma de retorno financeiro ainda mais imediato &mdash; afinal, n&atilde;o era necess&aacute;rio pagar sal&aacute;rios justos, tampouco pensar em jornadas di&aacute;rias.
Ainda que essas crian&ccedil;as n&atilde;o trabalhassem nesses lugares, elas faziam isso no seio familiar, ajudando os pais. Elas n&atilde;o tinham tempo para se divertir ou estudar, isso era algo incomum para a sociedade pobre da &eacute;poca.
<h2 class="uk-text-justify">3. Execu&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/11/11101855300011.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os EUA foram respons&aacute;veis por moldar a <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/113869-a-cultura-do-linchamento-nos-estados-unidos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pr&aacute;tica do linchamento</a> como a conhecemos hoje, embora tenha sido muito usada no passado em v&aacute;rias parte do mundo. De 1877 a 1950, a linchagem se tornou um m&eacute;todo de controle social, com a ideia de trazer a lei &agrave;s m&atilde;os, e principalmente racial, visando aterrorizar os americanos afrodescendentes.
S&oacute; naquele tempo, estima-se que cerca de 15 mil pessoas foram linchadas no pa&iacute;s, em um espet&aacute;culo p&uacute;blico que atra&iacute;a multid&otilde;es. Para se ter uma no&ccedil;&atilde;o, a &uacute;ltima execu&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica contou com a presen&ccedil;a de 20 mil pessoas, fascinadas tamb&eacute;m pelo fato de o xerife respons&aacute;vel ser uma mulher. A justi&ccedil;a impiedosa era exaltada pela sociedade, mas tamb&eacute;m n&atilde;o tinha nada de justa.
Ainda que depois os legisladores de todos os estados tenham proibido a pr&aacute;tica, o governo n&atilde;o fez nada para frear a justi&ccedil;a do povo, e os linchamentos continuaram at&eacute; 1968. Os dados da Associa&ccedil;&atilde;o Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP) apontam que 72% das pessoas linchadas naquele tempo eram negras.
<h2 class="uk-text-justify">4. Sem tratamento</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/11/11105104696000.jpg" alt="(Fonte: Foochia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Foochia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A pobreza da Ci&ecirc;ncia e da Medicina do s&eacute;culo XX era uma experi&ecirc;ncia ainda pior para as mulheres, que foram totalmente exclu&iacute;das de pesquisas m&eacute;dicas (sendo que elas s&oacute; foram obrigatoriamente inclu&iacute;das em 2016), resultando em anos de tratamento e diagn&oacute;sticos errados ou vexat&oacute;rios.
De acordo com um artigo da The Week, em 1907, os m&eacute;dicos eram instru&iacute;dos a preparar as mulheres gr&aacute;vidas para o parto "cortando o cabelo ao redor da genit&aacute;lia com uma tesoura, esfregando com &aacute;gua quente para tornar est&eacute;ril e banhando com solu&ccedil;&atilde;o de dicloreto".
A Medicina tamb&eacute;m teorizava que o &uacute;tero estava conectado diretamente ao clit&oacute;ris, e que as dores do parto poderiam ser tratadas aplicando press&atilde;o com os dedos nos terminais nervosos dentro e ao redor da &aacute;rea.
As mulheres tamb&eacute;m foram constantemente diagnosticadas com histeria feminina, cujos sintomas poderiam ser qualquer comportamento que os homens n&atilde;o gostassem, resultando em tratamentos envolvendo massagem p&eacute;lvica at&eacute; que elas tivessem orgasmos.

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4 realidades perturbadoras consideradas normais há 100 anos

Imagem de Tanques de guerra voadores: a ambição dos soviéticos durante a guerra no megacurioso

Ameaçados pelos nazistas e norte-americanos, os soviéticos tentaram de tudo

O per&iacute;odo da <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119091-jasper-maskelyne-o-magico-que-enganou-a-todos-na-2-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a>, de 1939 a 1945, foi marcado pelos primeiros avan&ccedil;os da tecnologia que culminaram na produ&ccedil;&atilde;o em massa de todos os tipos de artilharia, de b&aacute;sica a inven&ccedil;&otilde;es ambiciosas, para serem usadas durante a batalha. A &eacute;poca tamb&eacute;m proporcionou inova&ccedil;&otilde;es que acabaram com insalubridades sociais, como a vacina contra gripe, o uso da penicilina, os motores a jato e radares.
Em meio a bombas at&ocirc;micas, superarmas, canh&otilde;es de mais de 100 metros de comprimento e obuseiros, a Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica, sentindo-se amea&ccedil;ada pelo poder inventivo da Alemanha nazista e dos Estados Unidos, decidiu colocar asas em tanques de guerra.
<h2 class="uk-text-justify">O grande fracasso</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/24/24201358868588.jpg" alt="(Fonte: Reddit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Reddit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os engenheiros militares passaram anos buscando maneiras de oferecer &agrave;s tropas aerotransportadas equipamento de apoio para combate na forma de ve&iacute;culos blindados leves ou artilharias que pudessem ser lan&ccedil;adas de paraquedas ou de algum planador militar.
No entanto, eles sempre esbarram no fato de que as tripula&ccedil;&otilde;es desciam separadamente e podiam ser atrasadas ou impedidas de coloc&aacute;-las em a&ccedil;&atilde;o. Eles chegaram &agrave; conclus&atilde;o de que precisavam um tanque que pudesse deslizar pelo campo de batalha e estar pronto para a guerra em alguns minutos.
Inspirada pelos testes do engenheiro americano J. Walter Christie, que havia colocado asas em um tanque de guerra no in&iacute;cio dos anos 1930, a For&ccedil;a A&eacute;rea Sovi&eacute;tica ordenou que Oleg Antonov projetasse um planador para tanques de pouso em 1942.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Amusing Planet&nbsp;" data-fonte-url="https://1.bp.blogspot.com/-Nba0pUStdFo/YMoJtVfgzgI/AAAAAAAApHs/4RYfvRZLCJoSuPDis_YDjT2n2kPNDsTQwCLcBGAsYHQ/w1200-h630-p-k-no-nu/antonov-40-3.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/11/24/24201504196589.jpg" alt="(Fonte: Amusing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Amusing Planet/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ambicioso demais, Antonov adicionou grandes asas de biplano de tecido e madeira, bem como uma cauda dupla no tanque modelo T-60. Ele chamou sua cria&ccedil;&atilde;o de Antonov A-40, tamb&eacute;m conhecida como "tanque alado", que tinha a pretens&atilde;o de ser a promessa da guerra com uma grande vantagem sobre seus inimigos.
Contudo, o erro do projeto, desde o come&ccedil;o, quando Christie ainda trabalhava em suas ideias, era de que o tanque precisava ser i&ccedil;ado do solo por uma aeronave, e n&atilde;o havia nenhuma t&atilde;o potente assim na &eacute;poca. Os sovi&eacute;ticos tentaram de tudo, inclusive retirar armas, muni&ccedil;&otilde;es, combust&iacute;veis e at&eacute; os far&oacute;is da m&aacute;quina, mas nada foi o suficiente.
No final das contas, eles perceberam que um tanque esvaziado daquele jeito n&atilde;o teria nenhuma utilidade ao planar sobre um campo de batalha sem poder atacar seu alvo. Apenas um voo teste foi realizado, mas logo os militares viram que aquilo n&atilde;o seria o suficiente e abandonaram a ideia.

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Tanques de guerra voadores: a ambição dos soviéticos durante a guerra

Imagem de Michael Rockefeller: o "Holocausto Canibal" da vida real no megacurioso

Responsável por uma expedição documental na costa de Papua-Nova Guiné, Michael Rockefeller encontrou um fim trágico nos anos 1960

Na d&eacute;cada de 1960, uma viagem para o litoral de Papua-Nova Guin&eacute;, na Oceania, seria a &uacute;ltima empreitada da vida do historiador Michael Rockefeller. Decidido a estudar e arquivar documentos sobre os costumes da tribo Asmat, o americano se tornou v&iacute;tima da pr&oacute;pria ambi&ccedil;&atilde;o e foi alvo de uma misteriosa morte que movimentou os principais tabloides do pa&iacute;s na &eacute;poca, indicando um destino que nem o maior dos otimistas poderia prever.
Nascido em 1938 em Nova York, Michael Clark Rockefeller era filho do ent&atilde;o governador do estado, Nelson Rockefeller, oriundo de uma das fam&iacute;lias norte-americanas mais ricas j&aacute; registradas no pa&iacute;s. Com pouco mais de 22 anos, o jovem promissor alcan&ccedil;ou uma distinta forma&ccedil;&atilde;o em Harvard, especializando-se em arte primitiva para ir atr&aacute;s de sua verdadeira paix&atilde;o: documentos antropol&oacute;gicos de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118991-tribo-boliviana-possui-cerebros-mais-saudaveis-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tribos</a> isoladas pelo mundo.
Para fugir de tend&ecirc;ncias dos locais comuns, Rockefeller investiu em planos para visitar a regi&atilde;o conhecida como Nova Guin&eacute; Holandesa, uma enorme ilha na costa da Austr&aacute;lia, para coletar a arte do povo que morava l&aacute;, o Asmat.
Segundo relatos, a tribo tinha artefatos culturais raros que eram utilizados em larga escala em rituais religiosos, al&eacute;m de ter comportamentos particulares envolvendo conflitos contra rivais, pr&aacute;ticas sexuais e defesa do territ&oacute;rio.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/13/13092435814052.jpg" alt="(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com a aprova&ccedil;&atilde;o dos representantes do Museu Nacional de Etnologia, Michael Rockefeller&nbsp;organizou a primeira viagem para a vila de Otsjanep, no continente oce&acirc;nico, sendo acompanhado por um grupo de fot&oacute;grafos para registrar o encontro hist&oacute;rico. Foi ent&atilde;o que, ao chegar na &aacute;rea ocupada pelos Asmat, o explorador percebeu que eles nunca tinham visto um homem branco e que s&eacute;rias restri&ccedil;&otilde;es seriam impostas para o conv&iacute;vio tempor&aacute;rio, como o fato de que as rel&iacute;quias deveriam ser mantidas em uma dist&acirc;ncia segura dos visitantes.
Sem se intimidar, o antrop&oacute;logo se inseriu na rotina do povo e descobriu que <a href="https://www.megacurioso.com.br/guerras/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">guerras</a> nas tribos eram comuns, com guerreiros comendo as cabe&ccedil;as e decepando o corpo de inimigos ap&oacute;s captur&aacute;-los. Al&eacute;m disso, os Asmat eram fi&eacute;is praticantes de viola&ccedil;&otilde;es das normas ocidentais da &eacute;poca, protagonizando ritos homossexuais com bebida e que contavam com a ingest&atilde;o de urina comunit&aacute;ria direto do &oacute;rg&atilde;o genital.
<h2 class="uk-text-justify">O amargo retorno</h2>
Ap&oacute;s retornar para casa e realizar um dossi&ecirc; completo sobre sua viagem, Rockefeller decidiu retornar para a vila de Papua-Nova Guin&eacute;, dessa vez acompanhado por Ren&eacute; Wassing, uma antrop&oacute;loga do governo. Por&eacute;m, a rota conhecida, que seria utilizada para chegar ao destino esperado, apresentou severas complica&ccedil;&otilde;es, com uma tempestade repentina que agitou a &aacute;gua e espalhou correntes ferozes. Como resultado, o barco virou a cerca de 20 quil&ocirc;metros da costa, e tanto Michael quanto Wassing nunca mais foram vistos com vida.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/13/13092358314051.jpg" alt="(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com privil&eacute;gios sociais e econ&ocirc;micos, a fam&iacute;lia de Michael n&atilde;o mediu esfor&ccedil;os no resgate e investiu tudo que tinha para garantir o sucesso das buscas, mas nada foi encontrado. Em poucos dias, autoridades afirmaram que "n&atilde;o havia mais esperan&ccedil;a de encontrar Michael Rockefeller vivo" e deram fim &agrave;s buscas, ap&oacute;s duas semanas, em uma miss&atilde;o que culminou no registro de morte por afogamento.
Rapidamente, rumores sobre o falecimento do explorador tomaram conta da sociedade e, enquanto muitos diziam que ele foi devorado por tubar&otilde;es, outros tra&ccedil;avam boatos que indicavam uma trag&eacute;dia muito mais sombria.
<h2 class="uk-text-justify">Ato brutal</h2>
De acordo com Carl Hoffman, um rep&oacute;rter da National Geographic, Michael Rockefeller foi v&iacute;tima de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120602-3-paises-onde-tribos-ainda-praticam-o-canibalismo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">canibalismo</a> pelos Asmat. A conclus&atilde;o foi alcan&ccedil;ada gra&ccedil;as a dois mission&aacute;rios holandeses que viveram por anos entre os Asmat e que aprenderam a falar a l&iacute;ngua deles, sendo confirmada posteriormente pelo detetive Wim van de Waal, respons&aacute;vel por investigar a morte do historiador.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/13/13092508096053.jpg" alt="(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Getty Images / Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os documentos de arquivos confidenciais afirmaram ter encontrado o cr&acirc;nio de Rockefeller e apontaram que membros da tribo n&atilde;o contavam nada sobre a morte de um turista americano no local.
Os cochichos que se espalharam pelo povo de Otsjanep evidenciaram um fato comum entre todos os integrantes dos Asmat e refor&ccedil;aram o medo de serem repreendidos ao mesmo tempo que apontaram para a exist&ecirc;ncia de um massacre em 1957, causado por conflitos com o povo vizinho Omadesep e com o governo holand&ecirc;s, que organizava equipes armadas para acabar com a viol&ecirc;ncia na regi&atilde;o.
Como consequ&ecirc;ncia desses atos, o assassinato de Rockefeller e de outros turistas do continente teria surgido como repres&aacute;lia &agrave;s tentativas de desocupa&ccedil;&atilde;o. O segredo de Michael&nbsp;Rockefeller revela que ele foi atingido por uma lan&ccedil;a, tendo a cabe&ccedil;a cortada e o cr&acirc;nio rachado para o c&eacute;rebro servir de alimento. Posteriormente, os ossos foram transformados em punhais, as t&iacute;bias em pontas de lan&ccedil;a e o sangue foi totalmente drenado para ser servido em ritos e atos sexuais.

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Michael Rockefeller: o 'holocausto canibal' da vida real

Imagem de A rainha-mãe africana enviada ao Brasil para ser escravizada no megacurioso

Em uma disputa de poder, Ná Agontimé acabou sendo vendida

A rainha-m&atilde;e, N&aacute; Agontim&eacute;, nasceu em Tendji, um pequeno vilarejo situado no reino de Daom&eacute; (atual Benin) no s&eacute;culo XVIII. Era uma das oito esposas do rei Agonglo e, enquanto seu marido esteve vivo, teve uma vida adequada para algu&eacute;m da realeza.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/20/20111548680145.jpg" alt="(Fonte: Senado Federal/ Twitter/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Senado Federal/ Twitter/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em certa altura de sua vida, o rei Agonglo, guiado pela f&eacute; de seu povo, ouviu de um sacerdote que o principal herdeiro do trono de Daom&eacute;, seu filho Adandozan, seria o respons&aacute;vel por causar uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120614-reino-de-kush-a-superpotencia-africana-que-dominou-o-egito-e-desapareceu.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">grande desgra&ccedil;a ao reino</a>.
Acreditando na revela&ccedil;&atilde;o do sacerdote, Agonglo decidiu tomar medidas para assegurar a paz para Daom&eacute; antes que chegasse o dia de sua morte. Foi assim que o pr&iacute;ncipe Gakpe, que ainda era uma crian&ccedil;a, foi escolhido pelo rei para ser seu sucessor.&nbsp;
<h2 class="uk-text-justify">Queda da rainha-m&atilde;e</h2>
Com a morte do rei Agonglo, em 1797, Agontim&eacute; come&ccedil;ou a ter problemas para reinar, correndo risco de vida. Adandozan decidiu que os desejos do rei morto n&atilde;o seriam respeitados e tramou contra a realeza liderada pela rainha-m&atilde;e, tomando o poder. Ao conquistar o trono, uma de suas primeiras a&ccedil;&otilde;es foi deportar Agontim&eacute;.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/20/20111933555147.jpg" alt="Agontim&eacute;. (Fonte: Geek Feminist/ Twitter/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Agontim&eacute;. (Fonte: Geek Feminist/ Twitter/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Entre o s&eacute;culo XVI e XIX, a regi&atilde;o conhecida como Golfo de Benin se consolidou com uma forte &aacute;rea para a comercializa&ccedil;&atilde;o de escravizados. O&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/internet/61982-rei-na-africa-homem-mora-na-alemanha-e-comanda-seu-pais-pela-internet.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">reino de Daom&eacute;</a> manteve uma s&oacute;lida rela&ccedil;&atilde;o comercial com os portos brasileiros, algo que persistiu mesmo depois de o Imp&eacute;rio Brit&acirc;nico abolir o tr&aacute;fico de escravizados.
<h2 class="uk-text-justify">Destino incerto</h2>
A vers&atilde;o que &eacute; mais aceita sobre o destino da rainha-m&atilde;e &eacute; que ela teria chegado ao Nordeste do Brasil. Aqui, N&aacute; Agontim&eacute; fundou a Casa das Minas ap&oacute;s conseguir alforria, sendo a respons&aacute;vel por trazer e consolidar no pa&iacute;s o culto aos voduns e preservar a cultura de seus ancestrais.&nbsp;Adotou o nome Maria Jesu&iacute;na e foi sacerdotisa de Toi Zomad&ocirc;nu, uma importante divindade ancestral do povo fon.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/20/20113139743157.jpg" alt="Templo de tambor de Mina Casa das Minas. (Fonte: Wikipedia/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Templo de tambor de Mina Casa das Minas. (Fonte: Wikipedia/ Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A Casa das Minas, hoje um patrim&ocirc;nio cultural, &eacute; uma antiga comunidade de S&atilde;o Lu&iacute;s do Maranh&atilde;o que ainda guarda um grande registro hist&oacute;rico da rela&ccedil;&atilde;o entre o Brasil e as pessoas vindas de Daom&eacute;.
<h2 class="uk-text-justify">A busca de um filho</h2>
Em 1818, o pr&iacute;ncipe Gakpe, conseguiu retornar ao Daom&eacute;. Nessa ocasi&atilde;o, aliou-se ao brasileiro Francisco F&eacute;lix de Souza, um traficante de escravizados que j&aacute; atuava na regi&atilde;o desde os tempos de Agonglo e que o ajuda a tomar o poder. Ap&oacute;s derrubar e prender o irm&atilde;o, Gakpe ordenou uma s&eacute;rie de expedi&ccedil;&otilde;es para as Am&eacute;ricas em busca de sua m&atilde;e. &nbsp;
Como recompensa pela ajuda, concede a F&eacute;lix o monop&oacute;lio de exporta&ccedil;&atilde;o de escravizados. Um detalhe interessante nessa hist&oacute;ria &eacute; que o rei Gakpe, que j&aacute; havia adotado o nome de Gezo, mandou de presente para D. Pedro I o trono de seu irm&atilde;o em uma dessas expedi&ccedil;&otilde;es. No entanto, o item foi destru&iacute;do durante o inc&ecirc;ndio do Museu Nacional, em 2018.
As tentativas do rei Gezo em encontrar sua m&atilde;e fracassaram. O nome&nbsp;N&aacute; Agontim&eacute; s&oacute; voltou a ser objeto de pesquisa em 1952, quando Pierre Verger, durante suas pesquisas junto ao Institut Fran&ccedil;ais d&rsquo;Afrique Noire (IFAN), apontou que a rainha-m&atilde;e desempenhou um papel fundamental na religiosidade maranhense &ndash; o Maranh&atilde;o &eacute; o &uacute;nico lugar do mundo onde as divindades da&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/67240-confira-5-dos-maiores-imperios-que-ja-existiram-na-historia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">realeza de Daom&eacute;</a>&nbsp;ainda s&atilde;o cultuadas.
Em 1985, essa tese foi confirmada por especialistas e pesquisadores da Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas para a Educa&ccedil;&atilde;o, a Ci&ecirc;ncia e a Cultura (Unesco). A partir da&iacute;, reconhece-se oficialmente N&aacute; Agontim&eacute; como fundadora da Querebent&atilde; de Zomad&ocirc;nu ou Casa das Minas, mas o que realmente aconteceu com ela ningu&eacute;m sabe. Alguns pesquisadores at&eacute; levantaram a possibilidade de ela ter conseguido retornar &agrave; &Aacute;frica.

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