Imagem de Eduardo e Mônica: entenda as referências da música no megacurioso

Um dos maiores sucessos de Legião Urbana trem referências culturais e geracionais da época em que foi composta

"Quem um dia ir&aacute; dizer que n&atilde;o existe raz&atilde;o nas coisas feitas pelo cora&ccedil;&atilde;o". A 1&ordf; frase da m&uacute;sica "Eduardo e M&ocirc;nica" resume a hist&oacute;ria de um casal peculiar. A composi&ccedil;&atilde;o foi feita por Renato Russo e <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/110301-os-5-cds-mais-vendidos-no-brasil-com-o-selo-acustico-mtv.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">lan&ccedil;ada</a> no &aacute;lbum&nbsp;Dois, da banda&nbsp;Legi&atilde;o Urbana, em 1986.
Escrita em forma de enredo, a letra de "Eduardo e M&ocirc;nica" descreve duas pessoas com perfis e rotinas destoantes que, aparentemente, nunca formariam um casal &mdash; at&eacute; que o destino os une. Eles se conhecem em uma "festa estranha com gente esquisita" e acabam tendo filhos g&ecirc;meos. Neste ano, um <a href="https://www.tecmundo.com.br/cultura-geek/148798-filme-eduardo-monica-ganha-primeiro-trailer-oficial-assista.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">filme com o mesmo t&iacute;tulo</a> estreou no Brasil, dirigido por Ren&eacute; Sampaio e estrelado por Alice Braga e Gabriel Leone.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/02/04/04170618034400.jpg" alt="(Fonte: Globo Filmes/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Globo Filmes/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
<h2 class="uk-text-justify">Refer&ecirc;ncias culturais</h2>
Como a composi&ccedil;&atilde;o foi feita no contexto cultural da Bras&iacute;lia dos anos 1980 e inspirada nos jovens que faziam parte dela, g&iacute;rias, express&otilde;es e nomes populares da &eacute;poca est&atilde;o presentes na can&ccedil;&atilde;o, al&eacute;m de nomes hist&oacute;ricos da arte. Veja alguns casos e seus significados.
<h3 class="uk-text-justify">Godard</h3>
O programa sugerido por M&ocirc;nica para o primeiro encontro com Eduardo foi ver "um filme do Godard". Esse &eacute; um conhecido nome do cinema: Jean-Luc Godard ficou famoso por obras como O Desprezo (1963), Acossado (1960)&nbsp;e O Dem&ocirc;nio das Onze Horas (1965), t&iacute;picas do movimento franc&ecirc;s de cinema Nouvelle Vague.&nbsp;
<h3 class="uk-text-justify">Bandeira</h3>
Nome marcante do movimento liter&aacute;rio modernista na d&eacute;cada de 1920, o pernambucano Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho foi um poeta, cr&iacute;tico liter&aacute;rio, professor de Literatura e tradutor. Em suas obras, tinha como principal caracter&iacute;stica o pessimismo.
Na letra, ele &eacute; citado no verso: "Ela fazia Medicina e falava alem&atilde;o / E ele ainda nas aulinhas de ingl&ecirc;s / Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus / De Van Gogh e dos Mutantes / De Caetano e de Rimbaud / E o Eduardo gostava de novela / E jogava futebol de bot&atilde;o com seu av&ocirc;"
<h3 class="uk-text-justify">Bauhaus</h3>
Falando dela, Bauhaus foi uma banda de rock fundada na Inglaterra, que acompanhou outras, como Joy Division, no movimento p&oacute;s-punk, caracterizado pelo contexto de Guerra Fria e crise econ&ocirc;mica que abalava o mundo na d&eacute;cada de 1970.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/02/04/04171150144405.jpg" alt="(Fonte: Divulga&ccedil;&atilde;o)" />Legi&atilde;o Urbana. (Fonte: Divulga&ccedil;&atilde;o)
<h3 class="uk-text-justify">Van Gogh</h3>
Vincent van Gogh &eacute; um dos pintores mais conhecidos da hist&oacute;ria, com milhares de trabalhos registrados nas mais conhecidas pinturas a &oacute;leo com cores vibrantes e tra&ccedil;os expressivos. O holand&ecirc;s se destacou no movimento p&oacute;s-impressionista, que contestava o anterior ao impressionismo.
Van Gogh tamb&eacute;m &eacute; lembrado por seus del&iacute;rios e instabilidade mental, especialmente pelo epis&oacute;dio em que cortou a pr&oacute;pria orelha durante uma briga com o pintor franc&ecirc;s Gauguin e pelo seu suic&iacute;dio em 1890, aos 37 anos. Ele obteve o reconhecimento que buscou ao longo de toda a vida,apenas ap&oacute;s a morte.
<h3 class="uk-text-justify">Mutantes</h3>
Formada durante o movimento Tropicalista da d&eacute;cada de 1960, Os Mutantes foram uma banda de rock psicod&eacute;lico, influenciada pelos The Beatles, mas com elementos brasileiros. Seus integrantes mais representativos foram Rita Lee, Arnaldo Baptista e S&eacute;rgio Dias, que foi o &uacute;nico integrante a permanecer at&eacute; o fim do grupo, em 1978. Outros aspectos no estilo da banda que a tornaram memor&aacute;vel foram a irrever&ecirc;ncia nas apresenta&ccedil;&otilde;es, nas letras, melodias e at&eacute; mesmo nos figurinos.
<h3 class="uk-text-justify">Rimbaud</h3>
Arthur Rimbaud foi um poeta franc&ecirc;s com uma trajet&oacute;ria curiosa: suas obras conhecidas foram escritas durante sua adolesc&ecirc;ncia. J&aacute; sua vida adulta foi marcada por viagens intensas em 3 continentes e por atos imorais e at&eacute; ilegais. Ele morreu aos 37 anos.
<h2 class="uk-text-justify">"Eduardo e M&ocirc;nica" da vida real</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/02/04/04171237894413.jpg" alt="Leonice e Fernando. (Fonte: Instagram/@ninacoimbra)" />Leonice e Fernando. (Fonte: Instagram/@ninacoimbra)
Apesar de tomar <a href="https://www.megacurioso.com.br/musica-e-danca/36382-como-seriam-eduardo-e-monica-hoje-em-dia-video-.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">diferentes casais</a> como inspira&ccedil;&atilde;o, uma amiga de Renato Russo, a artista pl&aacute;stica Leonice de Ara&uacute;jo Coimbra e seu marido, Fernando Coimbra, s&atilde;o as supostas pessoas da vida real que inspiraram a can&ccedil;&atilde;o.

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'Eduardo e Mônica': entenda as referências da música

Imagem de Elza Soares: 6 fatos sobre a vida da eterna diva no megacurioso

Falecida ontem, aos 91 anos, Elza Soares é uma das maiores perdas das últimas décadas na música brasileira

O Brasil perdeu ontem &agrave; tarde (20), aos 91 anos, Elza Soares, a eterna diva da m&uacute;sica brasileira. Dona de uma voz &iacute;mpar e imponente, Elza cantou suas dores e dissabores, deu voz &agrave; popula&ccedil;&atilde;o preta, &agrave; popula&ccedil;&atilde;o marginalizada, &agrave;s mulheres e <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118767-o-que-significa-cada-letra-da-sigla-lgbtqia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">LGBTQIA+</a>. Enfim, foi porta-voz de quem, em raz&atilde;o de sua ess&ecirc;ncia, representava alguma minoria de poder.
Maior perda da m&uacute;sica popular brasileira desde a morte de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120920-elis-regina-40-anos-sem-a-maior-cantora-da-musica-brasileira.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Elis Regina</a>, ocorrida h&aacute; 40 anos, a partida de Elza Soares deixa uma lacuna na arte, na cultura popular e na defesa dos menos favorecidos. Este texto &eacute; uma homenagem &agrave; mulher e &agrave; artista, confira seis fatos sobre sua vida.
<h2>1. Casamento for&ccedil;ado aos 12 anos, m&atilde;e aos 13, vi&uacute;va aos 21</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Ag&ecirc;ncia O Globo&nbsp;" data-fonte-url="https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25362220-61b-54e/FT631A/32703651_Rio-de-Janeiro-RJ-04-10-1966-Elza-Soares-Cantora-Foto-de-ArquivoAgencia-O-Globo-Negativo.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/21/21114027557134.jpg" alt="(Fonte: Ag&ecirc;ncia O Globo)" />(Fonte: Ag&ecirc;ncia O Globo)
Elza teve um in&iacute;cio de vida dif&iacute;cil. Com apenas 12 anos, foi for&ccedil;ada pelo pai a casar-se com Lourdes Ant&ocirc;nio Soares. Foi dele que a diva abra&ccedil;ou o sobrenome que lhe acompanharia pelo restante da vida.
Aos 13 anos, ficou gr&aacute;vida pela primeira vez. Aos 15, Elza Soares perdeu um filho para a fome. Posteriormente, seu marido &eacute; acometido por tuberculose, falecendo quando a cantora tinha 21 anos de idade. Esse relacionamento foi recheado de situa&ccedil;&otilde;es de viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica e sexual.
<h2>2. Estreou no r&aacute;dio em 1953</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/21/21114127072137.jpg" alt="(Fonte: Jovem Pan)" />(Fonte: Jovem Pan)
Elza foi contratada como crooner da Orquestra Garam de Bailes, onde trabalhou at&eacute; engravidar, em 1954. Retornaria a cantar apenas em 1955.
Seu talento nato j&aacute; havia rendido a ela o primeiro lugar no programa Calouros em desfile, de Ary Barroso, na extinta R&aacute;dio Tupi. Foi sua inicia&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica.
<h2>3. Elza Soares foi al&eacute;m do samba</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/21/21115741629147.jpg" alt="(Fonte: Getty Images/BBC)" />(Fonte: Getty Images/BBC)
Ainda que tenha feito carreira no samba e ajudado a imprimir um estilo todo seu no g&ecirc;nero musical, a diva foi muito al&eacute;m.
A int&eacute;rprete, eleita pela R&aacute;dio BBC de Londres como a cantora brasileira do mil&ecirc;nio, passou pelo jazz, funk, hip hop, m&uacute;sica eletr&ocirc;nica e MPB. Ao todo, gravou 34 discos nos seus quase 70 anos de carreira.
<h2>4. Do quase abandono da carreira ao resgate por Caetano Veloso</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/21/21114431338140.jpg" alt="(Fonte: Hoje em Dia)" />(Fonte: Hoje em Dia)
O in&iacute;cio da d&eacute;cada de 1980 foi ingl&oacute;rio para a artista. As dificuldades do per&iacute;odo a fizeram cogitar abandonar a carreira. Contudo, para nossa sorte, resolveu repensar o encerramento e partiu para S&atilde;o Paulo, onde foi encontrar Caetano Veloso com o objetivo de pedir ajuda. E ela veio.
Caetano convidou Elza para cantar com ela a can&ccedil;&atilde;o &ldquo;L&iacute;ngua&rdquo;, um samba-rap presente no disco de 1984, Vel&ocirc;. Foi esta participa&ccedil;&atilde;o que mostrou um novo lado da cantora, da bossa negra, e abriu espa&ccedil;o para que gravasse um disco menos voltado ao samba, Somos todos iguais, de 1985. Nele, fez dueto com Caetano, interpretou Jorge Arag&atilde;o e Cazuza, um dos expoentes do rock nacional naquele momento.
<h2>5. Rela&ccedil;&atilde;o com Garrincha foi alvo de cr&iacute;ticas respondidas com m&uacute;sica</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/21/21114844591143.jpg" alt="(Fonte: Disparada)" />(Fonte: Disparada)
Garrincha e Elza Soares dividiram a vida por 17 anos. O alcoolismo do "Anjo das Pernas Tortas" fez com que ela se tornasse v&iacute;tima de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119822-maria-da-penha-a-historia-do-combate-a-violencia-contra-a-mulher.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica</a>&nbsp;novamente. Mas antes de toda a hist&oacute;ria constru&iacute;da por eles, a cantora precisou enfrentar a sociedade &mdash; e a imprensa.
Quando se conheceram, o jogador era casado. A imprensa passou a acus&aacute;-la de ter acabado com o casamento de Garrincha. Elza foi v&iacute;tima das mais variadas cr&iacute;ticas. Em vez de se calar, em 1963, gravou a can&ccedil;&atilde;o &ldquo;Eu sou a outra&rdquo;, para a f&uacute;ria da sociedade conservadora.
<h2>6. Primeiro &aacute;lbum s&oacute; de in&eacute;ditas veio depois de 50 anos de carreira</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Jornal da Para&iacute;ba&nbsp;" data-fonte-url="https://jornaldaparaiba.com.br/wp-content/webpc-passthru.php?src=https://jornaldaparaiba.com.br/wp-content/uploads/2022/01/Elza.jpg&amp;nocache=1"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/21/21115001358145.jpg" alt="(Fonte: Jornal da Para&iacute;ba)" />(Fonte: Jornal da Para&iacute;ba)
O primeiro registro de in&eacute;ditas de Elza Soares veio apenas quando j&aacute; tinha mais de 50 anos de carreira. A Mulher do Fim do Mundo foi o &uacute;ltimo divisor de &aacute;guas na carreira da artista.
O &aacute;lbum foi respons&aacute;vel por apresent&aacute;-la &agrave;s novas gera&ccedil;&otilde;es, mostrou uma artista capaz de se reinventar e ser extremamente moderna. Tamb&eacute;m evidenciou que nunca deixou sua verve pol&iacute;tica e defensora das minorias.
A Mulher do Fim do Mundo se tornou o trabalho mais premiado de Elza, recebendo o Trof&eacute;u APCA da Associa&ccedil;&atilde;o Paulista de Cr&iacute;ticos de Arte, o Pr&ecirc;mio da M&uacute;sica Brasileira e o Grammy Latino de Melhor &Aacute;lbum de MPB.

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Elza Soares: 6 fatos sobre a vida da eterna diva

Imagem de Elis Regina: 40 anos sem a maior cantora da música brasileira no megacurioso

Maior cantora da história da música brasileira, Elis Regina faleceu há 40 anos. A artista deixou 30 discos, interpretações icônicas e um estilo único como legado

H&aacute; 40 anos, falecia de maneira precoce, aos 36 anos, Elis Regina, v&iacute;tima de overdose por &aacute;lcool e comprimidos. Poucos nomes s&atilde;o t&atilde;o incontorn&aacute;veis na m&uacute;sica brasileira quanto o dela. Natural de Porto Alegre, virou um meteoro da MPB aos 18 anos e gravou m&uacute;sicas que marcaram gera&ccedil;&otilde;es, especialmente pela maneira &iacute;mpar de suas interpreta&ccedil;&otilde;es &mdash; a cr&iacute;tica internacional se referia a ela como "a nova Ella Fitzgerald".
Em 19 de janeiro de 1982, uma como&ccedil;&atilde;o tomou conta de todo o Brasil. Quando a not&iacute;cia de sua morte se espalhou, as imedia&ccedil;&otilde;es do Instituto M&eacute;dico Legal (IML) de S&atilde;o Paulo ficaram cheias de rep&oacute;rteres, amigos, parentes, artistas e f&atilde;s. Elis Regina era uma artista plural, progressista e muito sens&iacute;vel &agrave; realidade do Brasil.
<h2 class="uk-text-justify">Imensa carreata foi o espet&aacute;culo derradeiro de Elis Regina</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/19/19121915882223.jpg" alt="(Fonte: Escotilha)" />(Fonte: Escotilha)
O corpo de Elis Regina foi velado no antigo Teatro Bandeirantes, localizado na Avenida Brigadeiro Lu&iacute;s Ant&ocirc;nio, na capital paulista. Uma multid&atilde;o de f&atilde;s se aglomerou dentro do teatro e nas quadras da avenida, tentando oferecer o &uacute;ltimo adeus &agrave; cantora.
Um cortejo acompanhou o corpo da "Pimentinha", como Elis tamb&eacute;m era conhecida, at&eacute; o <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119001-quais-sao-os-tipos-de-cemiterio-existentes-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Cemit&eacute;rio</a> do Morumbi, local onde foi enterrada. O emocionante percurso pelas ruas e avenidas de S&atilde;o Paulo s&oacute; encontra equivalente no cortejo feito pelo corpo de Ayrton Senna.
<h2 class="uk-text-justify">Com menos de 2 d&eacute;cadas de carreira, legado de Elis &eacute; enorme</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/19/19122017303226.jpg" alt="(Fonte: Veja Rio)" />(Fonte: Veja Rio)
O legado deixado por Elis Regina na m&uacute;sica brasileira &eacute; enorme. Considerada por boa parte da cr&iacute;tica especializada como a maior voz feminina do Brasil, Elis dividiu o microfone com outros nomes importantes da hist&oacute;ria de nossa m&uacute;sica popular, como <a href="https://www.tecmundo.com.br/internet/226111-chico-buarque-ganha-acao-empresa-usou-meme-campanha.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Chico Buarque</a> e Tom Jobim.
Nenhuma outra artista soube t&atilde;o bem captar a ess&ecirc;ncia de seu tempo e empreg&aacute;-la em suas interpreta&ccedil;&otilde;es, tampouco outra voz foi capaz de se reinventar tanto na carreira, transitando por diferentes g&ecirc;neros. A Pimentinha cantou <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120541-samba-quando-o-ritmo-brasileiro-era-considerado-crime.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">samba</a>, bossa nova, pop, blues, folk, sertanejo e em todas elas "deixou seu DNA".
Em um per&iacute;odo que n&atilde;o existia a internet, seus v&iacute;deos ficaram como registro para as novas gera&ccedil;&otilde;es. No YouTube, por exemplo, j&aacute; superaram a marca de 1 bilh&atilde;o de visualiza&ccedil;&otilde;es, um marco sem precedentes para uma artista falecida h&aacute; 40 anos.
Elis e as can&ccedil;&otilde;es que interpretou se tornaram uma coisa s&oacute;. Virou fen&ocirc;meno entre youtubers estrangeiros que gravam v&iacute;deos fazendo rea&ccedil;&atilde;o e an&aacute;lise de m&uacute;sicas e videoclipes. O consenso entre eles &eacute; o mesmo que entre os f&atilde;s de Elis Regina: ela &eacute; genial, mesmo depois de 40 anos.
<h2 class="uk-text-justify">30 discos e interpreta&ccedil;&otilde;es ic&ocirc;nicas</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/19/19122109256228.jpg" alt="(Fonte: Folha de S&atilde;o Paulo)" />(Fonte: Folha de S&atilde;o Paulo)
Al&eacute;m de tr&ecirc;s filhos e in&uacute;meros f&atilde;s, Elis deixou para o mundo 30 discos. Ela faleceu no auge de seu sucesso, apenas 3 meses ap&oacute;s assinar um contrato com a Som Livre.
A pot&ecirc;ncia de sua voz e os in&uacute;meros recursos t&eacute;cnicos que tinha s&atilde;o marcantes, ao ponto de terem-se tornado quase um estilo &mdash; inclusive, n&atilde;o s&atilde;o raras as artistas acusadas de tentar "imitar" o canto de Elis.
Parcerias como as feitas com Belchior, Chico Buarque e Tom Jobim s&atilde;o as mais belas da hist&oacute;ria da <a href="https://www.megacurioso.com.br/musica-e-danca/71449-25-musicas-que-voce-nem-imagina-que-sao-covers.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">m&uacute;sica</a> cantada em portugu&ecirc;s. Suas vers&otilde;es de "Se eu quiser falar com Deus" (Gilberto Gil), "Atr&aacute;s da Porta" (Chico Buarque) e "Romaria" (Renato Teixeira) s&atilde;o algumas das obras-primas feitas pela artista.
<h2 class="uk-text-justify">2022 trar&aacute; novidades da Pimentinha</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/19/19122630210236.jpg" alt="(Fonte: Bossa Jazz Brasil)" />(Fonte: Bossa Jazz Brasil)
O p&uacute;blico brasileiro j&aacute; teve oportunidade de ver a cinebiografia da artista, posteriormente transformada em uma miniss&eacute;rie na TV Globo. No in&iacute;cio deste m&ecirc;s, mais novidades chegaram. Essa Saudade, &aacute;lbum com faixas rar&iacute;ssimas, foi lan&ccedil;ado &mdash; a vers&atilde;o f&iacute;sica esgotou nas lojas, mas voc&ecirc; pode ouvi-lo nos servi&ccedil;os de streaming.
Destaque para faixas como "Bolero de Sat&atilde;" (dueto com Cauby Peixoto) e "Pequeno Exilado" (fora de cat&aacute;logo desde os anos 1980). Ao longo do ano, novos document&aacute;rios ser&atilde;o lan&ccedil;ados. Elis tamb&eacute;m ganhar&aacute; um musical, al&eacute;m de se tornar personagem de uma hist&oacute;ria em quadrinhos.

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Elis Regina: 40 anos sem a maior cantora da música brasileira

Imagem de Como a música da banda AC/DC tem ajudado nas pesquisas para o câncer no megacurioso

Os cientistas têm usado a canção 'Thunderstruck' como método de pesquisa

Com sucessos eternos, como "Highway to Hell" e "You Shook Me All Night Long", a m&uacute;sica da banda australiana de rock AC/DC, formada em 1973 pelos irm&atilde;os escoceses Malcolm e Angus Young, acabou servindo muito mais do que apenas arrastar multid&otilde;es de milhares de f&atilde;s e impregnar para sempre na mem&oacute;ria da hist&oacute;ria popular &mdash; ela tamb&eacute;m entrou para o campo da ci&ecirc;ncia m&eacute;dica.
Pesquisadores da Universidade da Austr&aacute;lia Meridional descobriram que tocar rock, especificamente a m&uacute;sica "Thunderstruck", da banda, t&ecirc;m ajudado na administra&ccedil;&atilde;o do coquetel de drogas durante o tratamento de quimioterapia, tornando o processo mais eficiente.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/07/07203907547420.jpg" alt="(Fonte: Letras/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Letras/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Como relata Nico Voelcker, o pesquisador s&ecirc;nior do estudo, revestir uma micropart&iacute;cula &eacute; considerado fundamental para entregar a quantidade ideal de medicamentos a uma c&eacute;lula cancerosa. &ldquo;Normalmente, n&oacute;s inflamos o plasma na superf&iacute;cie, mas o problema de fazer isso &eacute; que voc&ecirc; forma um revestimento em apenas um lado da part&iacute;cula, o que est&aacute; exposto&rdquo;, disse ele &agrave; Ultimate Rock.
Foi ent&atilde;o que ele e sua equipe tiveram a ideia de usar um alto-falante tocando a m&uacute;sica, fazendo as notas vibrarem e as part&iacute;culas saltarem. A frequ&ecirc;ncia ca&oacute;tica do som funcionou bem, possibilitando que os pesquisadores criassem um revestimento mais homog&ecirc;neo &agrave; c&eacute;lula.
<ul class="uk-text-justify">
<li><a href="https://www.megacurioso.com.br/musica-e-danca" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Leia mais sobre m&uacute;sica no Mega Curioso</a></li>
</ul>
<h2 class="uk-text-justify">Um olhar para o futuro</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/07/07204625297421.jpg" alt="(Fonte: News Medical/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: News Medical/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Eles escolheram a can&ccedil;&atilde;o "Thunderstruck" devido aos seus ritmos, que melhoraram significativamente o tempo que o pol&iacute;mero de plasma levou para revestir a c&eacute;lula e tamb&eacute;m pela conex&atilde;o com o trabalho.
&ldquo;O plasma &eacute; o quarto est&aacute;gio da mat&eacute;ria, &eacute; um g&aacute;s ionizado&rdquo;, ressaltou Voelcker. &ldquo;Usamos um plasma frio, mas um exemplo de plasma quente seria os raios do trov&atilde;o. Acabamos usando a "Thunderstruck" porque gostamos de como ela liga o trov&atilde;o e o g&aacute;s ao plasma&rdquo;, ele falou.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/07/07204747329422.jpg" alt="(Fonte: Soundcloud/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Soundcloud/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Os pesquisadores preencheram essas micropart&iacute;culas com uma droga quimioter&aacute;pica chamada camptotecina, descobrindo que as vibra&ccedil;&otilde;es da m&uacute;sica causavam uma libera&ccedil;&atilde;o marcadamente mais lenta da droga citot&oacute;xica. Esse efeito bateu positivamente com o tempo de revestimento do pol&iacute;mero de plasma, variando de 2 vezes at&eacute; mais de 100 vezes, revelando um atraso significativo no in&iacute;cio da morte celular.
At&eacute; ent&atilde;o, a t&eacute;cnica s&oacute; foi usada em medicamentos quimioter&aacute;picos, mas poder&aacute; ser usada em outros rem&eacute;dios. &ldquo;Isso &eacute; algo que n&atilde;o foi feito antes, principalmente com revestimentos de plasma&rdquo;, disse Voelcker.

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Como a música da banda AC/DC tem ajudado nas pesquisas para o câncer

Imagem de Conheça "The Fool", a influência da fase psicodélica dos Beatles no megacurioso

Grupo de artistas holandeses marcou fase criativa e multicolorida da banda de Liverpool

Os <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118280-quem-foi-a-eleanor-rigby-da-musica-dos-beatles.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Beatles</a> s&atilde;o uma das maiores bandas de todos os tempos, isso pouca gente duvida. Os&nbsp;Fab Four n&atilde;o foram estanques em sua carreira, tendo transitado por diferentes estilos e sonoridades, sendo influenciados e influenciando a cultura popular.
Uma das iniciativas de maior impacto na vida do quarteto ingl&ecirc;s foi o coletivo art&iacute;stico holand&ecirc;s The Fool. Foram eles os grandes respons&aacute;veis pela fase <a href="https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/116764-substancias-psicodelicas-o-que-acontece-quando-voce-ve-deus.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">psicod&eacute;lica</a> dos Beatles.
Beatleman&iacute;acos de carteirinha certamente j&aacute; ouviram falar nesse coletivo de artistas e designers respons&aacute;veis por toda a verve colorida e experimental que impulsionou a est&eacute;tica na arte, na moda e, de maneira geral, na cultura popular.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/05/05230540260013.jpg" alt="(Fonte: Canal dos Beatles)" />(Fonte: Canal dos Beatles)
O coletivo iniciou com a dupla de artistas <a href="https://www.megacurioso.com.br/blog/78734-usando-pecas-hippies-sem-parecer-a-janis-joplin.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">hippies</a> Simon Posthuma e Marijke Koger. Morando entre Madrid e Ibiza, na Espanha, acabaram descobertos pelo fot&oacute;grafo Karl Ferris, famoso por ter registrado nomes ic&ocirc;nicos do per&iacute;odo, como Jimi Hendrix, Cream e outros, em meio a uma comunidade hippie.
As fotos tiradas por Ferris das roupas produzidas pela dupla do The Fool foram parar no jornal brit&acirc;nico The Times e de imediato tornaram a dupla um sucesso. O enorme frisson em cima de Posthuma e Koger fez que eles mudassem para Los Angeles, uma "das mecas" da arte na &eacute;poca. Ao produzir um mural para o musical Hair, o maior do mundo naquele tempo, eles se tornaram gigantescos.
<ul class="uk-text-justify">
<li style="font-weight: bold;"><a href="https://www.megacurioso.com.br/musica-e-danca" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Leia mais sobre m&uacute;sica no Mega Curioso</a></li>
</ul>
<h2 class="uk-text-justify">O encontro m&iacute;stico do The Fool e dos Beatles</h2>
A rela&ccedil;&atilde;o do The Fool com os Beatles surgiu pelo hist&oacute;rico empres&aacute;rio do grupo: o Brian Epstein. Ele havia contratado o coletivo de artistas para desenhar o material de divulga&ccedil;&atilde;o da banda, os quais j&aacute; tinham desenhado figurinos para capas de discos de outras bandas inglesas, como o supergrupo Cream.
Acontece que <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120258-john-lennon-e-seu-lado-obscuro-como-agressor.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">John Lennon</a> e <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/105942-a-curiosa-historia-de-como-o-boato-de-que-paul-mccartney-morreu-se-espalhou.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Paul McCartney</a> decidiram visitar o est&uacute;dio (apartamento) de Marijke em Londres sem aviso pr&eacute;vio. Como era de se imaginar, a dupla dos Beatles saiu encantada com a dupla do The Fool a ponto, reza a lenda, de servirem de inspira&ccedil;&atilde;o para a can&ccedil;&atilde;o &ldquo;The Fool on the Hill&rdquo;.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/05/05230847541014.jpg" alt="(Fonte: Hypeness)" />(Fonte: Hypeness)
O The Fool foi, ent&atilde;o, contratado para desenhar o figurino das filmagens que a banda faria de &ldquo;All You Need is Love&rdquo;, os gr&aacute;ficos do LP <a href="https://www.megacurioso.com.br/desejo-do-momento/80472-sergeant-pepper.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band</a>,&nbsp;rejeitados pela gravadora e que n&atilde;o foram utilizados ao final, e do segmento &ldquo;I Am the Walrus&rdquo; do telefilme&nbsp;Magical Mistery Tour.
<h2 class="uk-text-justify">A loja conceito dos Beatles</h2>
<iframe width="853" height="480" src="https://www.youtube.com/embed/vgy7zWJqAw4?start=0" frameborder="0" allowfullscreen="allowfullscreen"></iframe>
Localizada na esquina da Baker Street com a Paddington Street, em Londres, a Apple Boutique foi uma loja-conceito dos Beatles que funcionou entre 1967 e 1968. Sua fachada foi pintada pelo coletivo The Fool. Tratava-se de um gigantesco mural multicolorido, que deu novos contornos a uma regi&atilde;o anteriormente p&aacute;lida, sendo precursor do <a href="https://www.megacurioso.com.br/ilustracao-e-pintura/100903-15-lugares-que-ficaram-ainda-mais-belos-depois-do-grafite.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">graffiti</a> como fine-art.
Aquela arte lis&eacute;rgica e cheia de cores causou espanto entre os empres&aacute;rios da regi&atilde;o, que logo entraram em atrito com o grupo e o coletivo. Tudo porque o painel ficou t&atilde;o famoso que se tornou uma atra&ccedil;&atilde;o tur&iacute;stica, causando, entre outras coisas, um frequente congestionamento na regi&atilde;o. Ap&oacute;s 3 semanas de acalorada disputa jur&iacute;dica, o mural acabou sendo apagado.
<h2 class="uk-text-justify">&nbsp;O fim e o legado</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2022/01/05/05231431104016.jpg" alt="(Fonte: Beatles Bible)" />(Fonte: Beatles Bible)
Infelizmente, Simon e Marijke tomaram rumos distintos ap&oacute;s os anos 1960. O fim do The Fool enquanto coletivo n&atilde;o significou o t&eacute;rmino da atividade dos artistas, que permaneceram desenvolvendo arte psicod&eacute;lica, al&eacute;m de terem registrado m&uacute;sicas em 2 &aacute;lbuns.
O legado do grupo ficou na hist&oacute;ria da Arte, especialmente da m&uacute;sica. Roupas, instrumentos musicais (entre eles um piano e uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/recordes/69591-rock-ostentacao-veja-quanto-custa-a-guitarra-mais-cara-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">guitarra Gibson</a> de John Lennon), o Mini Cooper e in&uacute;meras guitarras de George Harrison, entre outros artigos presentes nos invent&aacute;rios dos m&uacute;sicos dos Beatles, seguem deixando viva a obra da dupla holandesa multicolorida.

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Conheça 'The Fool', a influência da fase psicodélica dos Beatles

Imagem de No século XIX, bailarinas poderiam morrer dançando balé no megacurioso

Emma Livry (1842-1863) era uma lenda de seu tempo. Com apenas 20 anos e uma das pupilas da not&oacute;ria bailarina Marie Taglioni (1804-1884), ela foi uma das &uacute;ltimas bailarinas da era do bal&eacute; rom&acirc;ntico, tornando-se uma das figuras mais emblem&aacute;ticas de seu tempo &mdash; principalmente pela maneira como morreu.
Era 15 de novembro de 1862 quando Livry ensaiava os passos do segundo ato da protagonista Fenella do espet&aacute;culo La Muette de Portici e seu tutu pegou fogo ao encostar em uma das muitas l&acirc;mpadas a g&aacute;s alinhadas na beirada do palco.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/16/16114008311219.jpg" alt="Emma Livry. (Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Emma Livry. (Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A jovem francesa correu em chamas pelo palco tr&ecirc;s vezes antes de ser parada por bombeiros e outros dan&ccedil;arinos para que o fogo fosse apagado. Seu corpo ficou totalmente queimado. O rosto e os seios foram os &uacute;nicos que n&atilde;o sofreram danos significantes, mas as coxas, a cintura, as costas, os ombros e os bra&ccedil;os quase derreteram com o calor.
Em um ato desesperado e equivocado, Taglioni esfregou graxa de maquiagem nas feridas, achando que funcionaria como pomada. N&atilde;o adiantou. Livry sofreu por meses enquanto era tratada, mas as feridas continuaram reabrindo. Da &uacute;ltima vez, ela n&atilde;o aguentou e sucumbiu &agrave; septicemia, morrendo em 26 de julho de 1863 em Neuilly-sur-Seine, na Fran&ccedil;a.
Livry estava longe de ser a &uacute;nica que sofreria do que foi chamado "holocausto de bailarinas".
<h2>O problema</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Tidings of Yore&nbsp;" data-fonte-url="https://tidingsofyore.files.wordpress.com/2014/11/ef826-frank2blesliee28099s2billustrated2bnewspaper2c2bseptember2b282c2b1861.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/16/16114217077220.jpg" alt="(Fonte: Tidings of Yore/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Tidings of Yore/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A morte de Livry e de centenas de bailarinos e bailarinas poderia ter sido evitada. Em 1859, um decreto imperial em Paris havia estabelecido que os trajes de bal&eacute; deveriam ser carteronizados, ou seja, mergulhados em um composto qu&iacute;mico conhecido como alume para proteg&ecirc;-los de pegar fogo.
No entanto, isso tornava os figurinos desbotados, r&iacute;gidos e limitava a mobilidade, portanto a maioria das bailarinas se opunha &agrave; ideia de utiliz&aacute;-los. Inclusive, mesmo com todo o sofrimento que passou, Livry disse que n&atilde;o usaria saias &agrave; prova de fogo porque eram muito feias e nada pr&aacute;ticas, preferindo se arriscar novamente do que vesti-las no palco.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Civil War&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/ZuYLoNQ1QOozUkwOGjvwFiGHz5xFKQ-7gu-7ymwQZ3knGiygyRbMi9b52DLc0V1UtvyFiD99qELqQ3GQuT-3Umy3wu9GfJR5R22g6rgmHrUoKyM3RjIjcanMEy7c_fadJ-oJskjEPhN3EceAKtM2za-QLE0OUV79cnet_huC5No"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/16/16114543436233.jpg" alt="(Fonte: The Civil War/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Civil War/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Para muitos historiadores, essa est&eacute;tica que custou a vida de tanto profissionais marca uma diferen&ccedil;a definitiva entre o antigo mundo do bal&eacute;, em que os bailarinos detinham mais poder, e o novo, no qual o poder est&aacute; nas m&atilde;os dos diretores. H&aacute; boatos de que esse passado inflam&aacute;vel da profiss&atilde;o tenha catalisado a mudan&ccedil;a, privando os bailarinos de recusarem certos aspectos e regras.&nbsp;
Em outra vers&atilde;o da hist&oacute;ria, pode ser que muitas bailarinas tenham morrido n&atilde;o porque decidiram se arriscar com seus figurinos inflam&aacute;veis, e sim por ser uma ideia interessante para gerentes e diretores de espet&aacute;culos por acrescentar uma sensa&ccedil;&atilde;o real de perigo a cada apresenta&ccedil;&atilde;o. Afinal, a cria&ccedil;&atilde;o de materiais &agrave; prova de fogo j&aacute; estava em andamento na ind&uacute;stria cinematogr&aacute;fica desde meados de 1600, portanto poderiam ter sido implementados anos antes.
De qual lado est&aacute; a verdade?

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No século XIX, bailarinas poderiam morrer dançando balé

Imagem de Marie Taglioni: quando fãs jantaram suas sapatilhas de balé no megacurioso

Nascida em 23 de abril de 1804, em Estocolmo (Su&eacute;cia), Marie Taglioni sempre teve sua vida cercada pela dan&ccedil;a. Seu pai, Filippo Taglioni, era core&oacute;grafo e dan&ccedil;arino; e sua m&atilde;e, Sophie Karsten, era&nbsp;bailarina e pintora. Ent&atilde;o, era praticamente o destino dela seguir os passos de uma carreira art&iacute;stica.
Ainda muito jovem, Marie&nbsp;Taglioni se mudou para Viena com sua fam&iacute;lia e foi onde come&ccedil;ou seu treinamento de bal&eacute;&nbsp;sob a dire&ccedil;&atilde;o de Jean-Fran&ccedil;ois Coulon e de seu pai. Mas, apesar de ter sido treinada por Coulon, nomeado mestre de bal&eacute; da corte em Viena, a t&eacute;cnica dela n&atilde;o estava de acordo com os padr&otilde;es que impressionavam o p&uacute;blico.
Para aperfei&ccedil;oar isso, o pai da mo&ccedil;a criou uma rotina de treinamento rigorosa de 6 meses, com jornadas de 2 horas di&aacute;rias pela manh&atilde; de exerc&iacute;cios com foco nas pernas e mais 2 horas &agrave; tarde com foco em movimentos que a ajudariam a refinar sua postura na dan&ccedil;a.
<h2 class="uk-text-justify">O marco de uma era</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e8/Taglioni-marie-guttmann-aus-der-fruehzeit-der-photographie-frankfurt1930-tafel17.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/08/08000633981055.jpg" alt="Marie Taglioni. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />Marie Taglioni. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Devido &agrave;s suas propor&ccedil;&otilde;es f&iacute;sicas limitantes, a jovem Taglioni se esfor&ccedil;ou o m&aacute;ximo que conseguiu, aumentando a amplitude de movimentos e desenvolvendo sua for&ccedil;a. Ela, ent&atilde;o, concentrou sua energia em sua forma para o p&uacute;blico, apostando menos em truques muito elaborados e piruetas desafiadoras. Dessa forma, ela estreou no bal&eacute; La Reception d&rsquo;une Jeune Nymphe &agrave; la Cour de Terpsichore.
Foi s&oacute; ao ingressar na &Oacute;pera de Paris, aos 23 anos, que Taglioni ganhou fama como dan&ccedil;arina, principalmente quando seu pai criou o bal&eacute; La Sylphie, em 1832, projetado para mostrar o talento dela. Foi o primeiro espet&aacute;culo em que essa bailarina tinha que dan&ccedil;ar na ponta dos p&eacute;s.
Ao longo de toda sua carreira, ela se tornou uma celebridade de valor inestim&aacute;vel para o s&eacute;culo XIX, com f&atilde;s obcecados por toda a parte. Seu porte atl&eacute;tico e art&iacute;stico como dan&ccedil;arina se tornou uma caracter&iacute;stica lend&aacute;ria, com sua delicadeza incompar&aacute;vel conquistando a todos.
<h2 class="uk-text-justify">O jantar inesperado</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/08/08001118262058.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O fanatismo de seus f&atilde;s foi algo que se destacou em sua carreira, porque ningu&eacute;m havia sido t&atilde;o adorado assim at&eacute; ent&atilde;o. Em 1842, todo esse amor incondicional foi al&eacute;m de flores e aut&oacute;grafos na porta do teatro.
Tudo aconteceu quando um escritor de viagens e comentarista chamado Edward Tracy Turnerelli alegou ter comprado as sapatilhas de Taglioni pelo equivalente a US$ 12 mil. A compra teria sido feita por meio de um dono de hotel que disse que a bailarina as esqueceu no quarto onde estava hospedada. Turnerelli, um f&atilde; ass&iacute;duo da mulher, juntou-se a outros 35 f&atilde;s para angariar dinheiro o suficiente e compr&aacute;-las.
Em posse das sapatilhas, Turnerelli afirmou que as preparou como um fricass&ecirc;, mas no lugar da carne optou pelo instrumento de trabalho de Taglioni, coberto por um caldo de molho branco. E, para fazer o prato descer bem, ele abriu o melhor champanhe que seu dinheiro conseguiu comprar. Com os demais f&atilde;s, ele comeu a sapatilha de tecido inteira, do estofado &agrave;s solas de couro.
At&eacute; hoje n&atilde;o se sabe qual &eacute; o fundo de verdade presente em toda a hist&oacute;ria desse jantar, mas isso foi infame o suficiente para se tornar um sucesso. Verdade ou n&atilde;o, o &uacute;nico que saiu ganhando foi o dono do hotel, que faturou muito sem ter que provar que as sapatilhas eram ou n&atilde;o de Marie Taglioni.

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Marie Taglioni: quando fãs jantaram suas sapatilhas de balé

Imagem de 5 instrumentos musicais inusitados e desconhecidos no megacurioso

Conheça alguns dos instrumentos musicais mais impressionantes do mundo

Quando o assunto &eacute; instrumento musical, &eacute; bem prov&aacute;vel que alguns deles surjam na sua mente: viol&atilde;o, piano, guitarra, baixo, bateria, trompete, violino e por a&iacute; vai. Por&eacute;m, o mundo da m&uacute;sica se expande muito al&eacute;m do que a cultura popular conhece, sendo que alguns instrumentos s&atilde;o pouqu&iacute;ssimo conhecidos por boa parte da popula&ccedil;&atilde;o.
Alguns foram inventados por compositores e m&uacute;sicos, outros por cientistas e outros por artistas, mas todos t&ecirc;m seu papel hist&oacute;rico e cultural. Por isso, n&oacute;s separamos uma lista com cinco <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119918-6-instrumentos-musicais-que-voce-nem-imaginou-que-existiam.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">instrumentos musicais</a> bastante inusitados e desconhecidos para voc&ecirc; aprender mais sobre essas hist&oacute;rias. Veja s&oacute;!
<h2>1. Guitarra Gittler</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/13/13120630503200.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Imagine uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/117616-guitarrista-transforma-esqueleto-de-seu-tio-em-guitarra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">guitarra</a> que perdeu o corpo e s&oacute; restou o bra&ccedil;o, ela ainda poderia ser considerada um instrumento? &Eacute; esse o apelo entregue pela chamada guitarra &ldquo;Gittler&rdquo;, um instrumento experimental nascido pelas m&atilde;os do seu criador, Alan Gittler, na d&eacute;cada de 1970.
A ideia dele era transferir um dos instrumentos mais famosos do mundo para um design minimalista que continuasse sendo funcional. Por esse motivo, esse instrumento tem apenas trastes, cordas, uma porca e uma ponte, mas mesmo assim produz sons impressionantes.
<h2>2. &Oacute;rg&atilde;o de Baschet</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/13/13120515831199.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Tamb&eacute;m chamado de &Oacute;rg&atilde;o de Cristal, o &Oacute;rg&atilde;o de Baschet &eacute; um instrumento feito de hastes de vidro, metal e madeira. Criado pela dupla de irm&atilde;os artistas Bernard e Fran&ccedil;ois Baschet, esse instrumento surgiu pela primeira vez em 1952. E o mais curioso de tudo: ele precisa ser molhado para emitir som.
Portanto, tal como funciona nas brincadeiras com copos de cristal, esse instrumento cria m&uacute;sica atrav&eacute;s das vibra&ccedil;&otilde;es criadas pelo ato de passar o dedo molhado pelas hastes de vidro. Essas vibra&ccedil;&otilde;es, ent&atilde;o, s&atilde;o transmitidas para uma caixa grande atrav&eacute;s de um fio de metal de cumprimento vari&aacute;vel, que determina a frequ&ecirc;ncia. Por fim, o instrumento amplifica os sons usando cones de fibra de vidro fixados na madeira.
<h2>3. Instrumentos queimados</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Burned Instrument Orchestra/Reprodu&ccedil;&atilde;o&nbsp;" data-fonte-url="https://www.theaterchur.ch/bilder/2021/bio-burned-instruments-orchestra/_h640/18124/BIO_7934cMarco-Hartmann.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/13/13120408596197.jpg" alt="(Fonte: Burned Instrument Orchestra/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Burned Instrument Orchestra/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Para representar a amea&ccedil;a de desaparecimento da floresta amaz&ocirc;nica, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/desenhos-animados/42616-orquestra-toca-musicas-de-desenhos-classicos-voce-reconhece-todas-video-.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">orquestra</a> brasileira Burned Instruments Orchestra (BIO), liderada por Marco Scarassatti e Livio Tragtenberg, decidiu inventar uma forma diferente de lamentar a destrui&ccedil;&atilde;o da natureza nacional.
As m&uacute;sicas melanc&oacute;licas s&atilde;o compostas a partir de instrumentos feitos com madeira queimada da floresta tropical, utilizada para despertar a aten&ccedil;&atilde;o dos ouvintes. Os artistas foram inspirados pelo inventor su&iacute;&ccedil;o Walter Smetak, que criou mais de 200 esculturas musicais que tamb&eacute;m eram usadas como instrumentos.&nbsp;
<h2>4. Contrabaixo Duduk</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/13/13120304612196.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Para criar uma trilha sonora completamente &uacute;nica para o filme Duna (2021), do diretor Denis Villeneuve, o compositor Hans Zimmer decidiu que era hora de usar t&eacute;cnicas inovadoras para sua obra. Para isso, ele usou elementos como flautas de bambu indianas, apitos irlandeses e distor&ccedil;&otilde;es de guitarra.&nbsp;
E para complementar a trilha, Zimmer tamb&eacute;m optou por algo diferenciado: o &ldquo;contrabaixo duduk&rdquo;, uma vers&atilde;o moderna de um antigo instrumento de sopro arm&ecirc;nio, que era feito de madeira de damasco e normalmente pertencia &agrave;s tribos ind&iacute;genas locais.
<h2>5. &Oacute;rg&atilde;o de estalactites</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikimedia Commons&nbsp;" data-fonte-url="https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Great_Stalacpipe_Organ#/media/File:2018-04-28_16_19_48_The_Great_Stalacpipe_Organ_within_Luray_Caverns_in_Luray,_Page_County,_Virginia.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/13/13120121956195.jpg" alt="(Fonte: Wikimedia Commons)" />(Fonte: Wikimedia Commons)
Utilizando apenas a engenhosidade humana, os dep&oacute;sitos minerais em forma de gelo nas Cavernas Luray, do famoso Vale Shenandoah nos Estados Unidos, foram transformados em um enorme &Oacute;rg&atilde;o de Estalactites. Conhecido por ser o maior instrumento do mundo, ele ocupa &ldquo;apenas&rdquo; 14 mil m&sup2; da caverna.
Quando batido eletronicamente por marretas com ponta de borracha, o &oacute;rg&atilde;o produz &ldquo;tons de qualidade sinf&ocirc;nica&rdquo;. O inventor do projeto foi Leland W. Sprinkle, um homem que trabalhou como matem&aacute;tico e cientista eletr&ocirc;nico para o Pent&aacute;gono. Seu conhecimento o ajudou a identificar quais estalactites deveriam ser batidas, tanto literal quanto figurativamente, para que correspondessem exatamente a uma escala musical.

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5 instrumentos musicais inusitados e desconhecidos

Imagem de Harmônica de vidro: o belo e controverso instrumento musical no megacurioso

Inventado por Benjamin Franklin, o instrumento foi amado antes de ser temido e banido do mundo

<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120245-benjamin-franklin-quis-implementar-um-novo-alfabeto.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Benjamin Franklin</a> (1706&ndash;1790) n&atilde;o foi apenas o pai fundador dos Estados Unidos, cientista, fil&oacute;sofo, escritor e inventor, mas tamb&eacute;m tinha um ex&iacute;mio talento para a m&uacute;sica, sabendo tocar viol&atilde;o, harpa e viola da gamba.
Em 1761, por&eacute;m, foi o ano em que o pol&iacute;mata deu um passo a mais em sua gama de talentos, quando compareceu a um concerto em Londres no qual o m&uacute;sico principal tocou um conjunto de ta&ccedil;as de vinho. Enquanto se deleitava com aquele som lindo e &uacute;nico, ele refletiu que o instrumento n&atilde;o era exatamente funcional.
Foi ent&atilde;o que Franklin decidiu resolver o problema criando uma vers&atilde;o mais avan&ccedil;ada do instrumento, mas que preservasse a beleza daquele som. Assim nasceu a harm&ocirc;nica de vidro.
<h2>A revolu&ccedil;&atilde;o ac&uacute;stica</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/02/02201300887015.jpg" alt="(Fonte: John Roach/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: John Roach/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O instrumento era constitu&iacute;do de uma barra de ferro com uma esp&eacute;cie de tigelas que se encaixavam uma dentro da outra, todas presas com corti&ccedil;a. A haste que mantinha o conjunto preso era atada a uma roda, girada manualmente por meio de um pedal.
Os tamanhos variados dessas tigelas permitiam que vibrassem em diferentes tons quando o m&uacute;sico mergulhava os dedos na &aacute;gua e tocava a borda de cada uma delas conforme o instrumento girava.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/02/02201416465017.jpg" alt="(Fonte: Benjamin Franklin House/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Benjamin Franklin House/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Franklin codificou essas tigelas com cores que representavam notas diferentes, tornando poss&iacute;vel ir al&eacute;m das notas simples e incorporar v&aacute;rios acordes e melodias ao instrumento, aprimorando ainda mais aquela nova vers&atilde;o.
Com esse requinte todo, n&atilde;o demorou muito para que a harm&ocirc;nica de vidro come&ccedil;asse a ser usada de maneira profissional por grandes m&uacute;sicos e compositores, como Beethoven e Mozart, se consolidando como um &iacute;cone no mundo da m&uacute;sica.
At&eacute; que os problemas come&ccedil;aram a aparecer.
<h2>Belo desastre</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/02/02201509840018.jpg" alt="(Fonte: Vice/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Vice/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
De repente, de algo bonito e requintado, a harm&ocirc;nica de vidro recebeu a alcunha de o instrumento mais mortal do mundo quando os artistas que o operavam, supostamente, come&ccedil;aram a morrer.
A harm&ocirc;nica superestimulava a complexidade do c&eacute;rebro, causando tonturas, nervosismo, alucina&ccedil;&otilde;es e c&atilde;ibras entre os artistas que treinavam v&aacute;rias horas por dia. Em 1808, quando a tocadora alem&atilde; Marianne Kirchgessner faleceu, muitas pessoas atribu&iacute;ram a causa de sua morte aos efeitos nocivos provocados pela inven&ccedil;&atilde;o de Franklin, como o envenenamento por chumbo devido ao contato constante com a tinta usada para pintar a cor de cada tigela.
Ap&oacute;s provocar estragos nos corpos e mentes dos artistas, os danos ent&atilde;o passaram a afetar o p&uacute;blico que ouvia o som do instrumento. Uma crian&ccedil;a na Alemanha morreu durante uma apresenta&ccedil;&atilde;o onde a harm&ocirc;nica era tocada, resultando na proibi&ccedil;&atilde;o definitiva do instrumento em algumas cidades do pa&iacute;s.
<iframe width="853" height="480" src="https://www.youtube.com/embed/eEKlRUvk9zc?start=0" frameborder="0" allowfullscreen="allowfullscreen"></iframe>
Em meio a toda essa histeria coletiva, o instrumento tamb&eacute;m ganhou um aspecto sobrenatural. Muitos acreditaram que o som agudo invocava esp&iacute;ritos, causando at&eacute; possess&otilde;es daqueles que a tocavam &mdash; como se a loucura alegada j&aacute; n&atilde;o fosse o suficiente.
No final das contas, nenhuma dessas afirma&ccedil;&otilde;es jamais foram comprovadas, inclusive o pr&oacute;prio Benjamin Franklin decidiu por ignor&aacute;-las e seguir tocando sua inven&ccedil;&atilde;o at&eacute; o dia de sua morte, em 17 de abril de 1790.
As 5 mil pe&ccedil;as constru&iacute;das, acabaram desaparecendo com o passar do tempo, conforme o instrumento foi sendo banido e esquecido por pura supersti&ccedil;&atilde;o e medo.

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Harmônica de vidro: o belo e controverso instrumento musical

Imagem de Samba: quando o ritmo brasileiro era considerado crime no megacurioso

O samba foi um dos principais alvos de racismo sistêmico e seus artistas foram perseguidos durante décadas

Consolidado como um dos maiores ritmos tradicionais no Brasil e inspira&ccedil;&atilde;o para in&uacute;meros g&ecirc;neros musicais como MPB, pagode, ax&eacute; e outros, o samba, que faz 105 anos de hist&oacute;ria nesta quinta-feira (02), &eacute; uma refer&ecirc;ncia aos festejos, &agrave; alegria e &agrave; democracia social, tendo como base um movimento que come&ccedil;ou na periferia carioca e se espalhou por todo o Brasil. Apesar disso, o estilo &eacute; marcado por um passado de persegui&ccedil;&atilde;o e preconceito, em uma &eacute;poca em que os compositores eram tratados como &ldquo;vagabundos&rdquo; e relacionados a organiza&ccedil;&otilde;es criminosas.
No in&iacute;cio do s&eacute;culo XX, como reflexo dos resqu&iacute;cios deixados pela Lei &Aacute;urea &mdash; promulgada em 1888 e principal respons&aacute;vel pelo fim da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/120203-e-se-a-escravidao-nao-tivesse-existido.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">escravid&atilde;o</a> no Brasil &mdash; autoridades nacionais estabeleceram decretos que criminalizavam o desemprego. Isso quer dizer que, caso os policiais interpretassem que um cidad&atilde;o maior de 14 anos estava ofendendo a &ldquo;moral e os bons costumes&rdquo;, o indiv&iacute;duo poderia pegar uma pena de at&eacute; 30 dias de pris&atilde;o.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/02/02135315037213.jpg" alt="(Fonte: BNDigital / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: BNDigital/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A ordem, que ficou conhecida como Lei dos Vadios e Capoeiragem, &eacute; datada do segundo C&oacute;digo Penal brasileiro e foi aprovada para inibir a atividade de capoeiristas, visto que a pr&aacute;tica teve origens com a etnia banto &mdash; grupo de escravizados africanos que encontrou, na <a href="https://www.megacurioso.com.br/musica-e-danca/" rel="noopener noreferrer" target="_blank">dan&ccedil;a</a>, uma forma de luta e resist&ecirc;ncia. Dessa forma, a norma foi um mecanismo de combate envolvendo quest&otilde;es raciais e sociais na tentativa de privar a ascens&atilde;o de manifesta&ccedil;&otilde;es da popula&ccedil;&atilde;o negra no Pa&iacute;s.
&ldquo;J&aacute; no final do s&eacute;culo XIX, buscou-se acabar com os corti&ccedil;os que existiam na cidade, em especial os do centro, pois j&aacute; se havia percebido que n&atilde;o era esse o tipo de habita&ccedil;&atilde;o que condizia com o novo tipo de organiza&ccedil;&atilde;o social que o Rio de Janeiro deveria apresentar&rdquo;, escreveram os pesquisadores Rafaela Cardoso Bezerra Cunha e Ricardo Augusto de Ara&uacute;jo Teixeira, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), esclarecendo as tentativas de &ldquo;embranquecimento&rdquo; e repress&atilde;o &agrave;s camadas pobres.
<h2>Qual a rela&ccedil;&atilde;o entre capoeira e samba?</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/02/02160106999285.jpg" alt="Jo&atilde;o da Baiana. (Fonte: Casa do Choro)" />Jo&atilde;o da Baiana. (Fonte: Casa do Choro/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Al&eacute;m de ocorrerem em periferias e locais onde aconteciam festejos de capoeira, as rodas de samba tamb&eacute;m possuem ra&iacute;zes na cultura preta, e isso foi motivo suficiente para que artistas fossem perseguidos e colocados em p&aacute;ginas de jornais como criminosos. Segundo o historiador Lira Neto, um cidad&atilde;o poderia ser preso pelo simples fato de estar portando um <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119918-6-instrumentos-musicais-que-voce-nem-imaginou-que-existiam.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">instrumento musical</a>, caso fosse entendido, pelos policiais, como uma subvers&atilde;o &agrave; lei.
Um dos casos mais escandalosos foi relatado pelo sambista Jo&atilde;o da Baiana (1887-1974), que teve seu pandeiro apreendido pela pol&iacute;cia, em meados de 1920, como prova da suposta &ldquo;vadiagem&rdquo; do artista. Sem seu instrumento, Jo&atilde;o acabou n&atilde;o comparecendo a uma roda de samba prevista para ocorrer na mesma noite da abordagem, mas foi surpreendentemente convocado para o gabinete do ent&atilde;o senador Jos&eacute; Gomes Pinheiro Machado (1851-1915), f&atilde; declarado do ritmo musical.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/02/02135649132218.jpg" alt="(Fonte: Ag&ecirc;ncia Brasil / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Ag&ecirc;ncia Brasil/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&ldquo;A persegui&ccedil;&atilde;o no in&iacute;cio do s&eacute;culo passada &eacute; t&atilde;o racista quanto o sistema de justi&ccedil;a criminal brasileiro, cujo crit&eacute;rio determinante &eacute; a posi&ccedil;&atilde;o de classe do autor, ao lado da cor de pele e outros indicadores sociais negativos, tais como pobreza, desemprego e falta de moradia&rdquo;, disse Reinaldo Santos de Almeida, professor de Direito Penal da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
<h2>Salvo pelo Carnaval</h2>
Mesmo com a forte repress&atilde;o e com os sambistas cada vez mais escondidos em suas casas, as m&uacute;sicas do g&ecirc;nero sobreviveram por d&eacute;cadas e passaram a relatar casos de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/118286-5-expressoes-que-sao-racistas-e-voce-nao-sabia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">racismo</a> e preconceito em suas letras, de forma a denunciar um sistema agressivo que operava entre as classes mais pobres. Com o tempo, elas foram adaptadas para marchinhas de Carnaval e blocos de rua, que come&ccedil;aram a se intensificar por volta de 1940, mesmo com a Lei dos Vadios e Capoeiragem tendo sofrido uma renova&ccedil;&atilde;o em 1941.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/12/02/02135531538217.jpg" alt="(Fonte: Folhapress / Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Folhapress/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Como o Carnaval nunca havia sido proibido no Pa&iacute;s, artistas de todos os locais encontraram um espa&ccedil;o comum para compor e cantar, sempre resgatando a viol&ecirc;ncia simb&oacute;lica, f&iacute;sica e estrutural que incidiu sobre eles. Por&eacute;m, a regula&ccedil;&atilde;o ainda era forte na metade do s&eacute;culo XIX e o poder p&uacute;blico insistia em criar artif&iacute;cios &ldquo;fora da lei&rdquo;, baseando-se em chantagem atrav&eacute;s da inje&ccedil;&atilde;o de dinheiro e em uma fiscaliza&ccedil;&atilde;o rigorosa.
Por d&eacute;cadas, as escolas de samba eram privil&eacute;gios das pessoas ricas, que se aproveitavam das marchinhas de samba e da persegui&ccedil;&atilde;o para reivindicar autoria das m&uacute;sicas. A grande mudan&ccedil;a ocorreu apenas em 1967, quando o ent&atilde;o prefeito de S&atilde;o Paulo, Jos&eacute; Vicente Faria Lima, decidiu &ldquo;disciplinar&rdquo; a festa e editou um decreto que confinava os desfiles na avenida S&atilde;o Jo&atilde;o, no centro da cidade. O Samb&oacute;dromo do Anhembi, local dedicado &agrave;s escolas de samba, foi inaugurado apenas em 1991, pelas m&atilde;os da ex-prefeita paulista Luiza Erundina.

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