Artes/cultura
13/06/2018 às 04:30•3 min de leitura
Você já se perguntou se a frase “baseado em fatos reais” é verdadeira ou só balela? Pois o Mega Curioso criou a coluna Drops de Cinema para sanar suas dúvidas e mostrar a verdade por trás dos filmes inspirados em fatos reais. Venha conferir com a gente!
E quando falamos da história real por trás de “A Bela e a Fera”, não nos referimos ao conto de fadas original que sofreu algumas mudanças para se adaptar melhor ao universo cinematográfico. Falamos da história real, e infelizmente bastante cruel, que serviu de inspiração para o conto de fadas escrito por Gabrielle-Suzanne Barbot de Villenueve.
Petrus Gonsalvus
A verdadeiro homem que deu origem à Fera nasceu nas Ilhas Canárias em 1537, se chamava Petrus Gonsalvus e de fera não tinha nada. Ele nasceu com hipertricose (também chamada de síndrome do lobisomem), uma doença extremamente rara que faz com que surja no corpo uma quantidade anormal de pelos — no caso de Petrus, afetou o corpo inteiro.
Quando pequeno, ele foi literalmente tratado como um animal, sendo capturado, colocado em uma jaula, e recebendo carne crua como alimento. Por incrível que pareça, sua sorte só foi mudar quando ele foi enviado ao Rei Henrique II da França como um presente de coroação. Grotesco, não?
Para a “sorte” do garoto, o rei decidiu tentar lhe dar educação em vez de o tratar como uma fera. Ele aprendeu a falar três idiomas, ler, escrever e teve aulas de etiqueta, se tornando um verdadeiro cortesão, apesar de ainda ser visto pela maioria como uma criatura.
Petrus só foi conhecer sua Bela após a morte do Rei Henrique, em 1559, e o motivo desse encontro não foi dos mais nobres. A viúva do rei, Catarina de Médici, achou que seria interessante fazer uma experiência com Petrus e descobrir o que aconteceria se aquela “criatura” se casasse com uma mulher bonita — e, especialmente, como seria sua prole.
Assim, ela arranjou um casamento para Petrus com a bela filha de um servo da corte, chamada Catherine. Os dois só se conheceram no dia do casamento. O matrimônio durou mais de 40 anos e gerou sete filhos, quatro deles também sofrendo de hipertricose.
Antonietta Gonsalvus (uma das filhas do casal)
Infelizmente, no final eles acabaram se tornando uma espécie de atração. Estabeleceram-se na Itália, se tornando servos do duque Ranuccio Farnese, que tinha “contratado” a família exclusivamente com a intenção usufruir do status de possuir aquelas curiosidades. Só as crianças afetadas pela doença foram retratadas, já que as outras não eram tão interessantes a olhos curiosos; depois, elas foram enviadas como “pets” de presente para outros nobres.
Catherine, a Bela, morreu em 1623; já Petrus, a Fera, morreu alguns anos antes, mas ninguém sabe exatamente a data nem onde foi enterrado, pois infelizmente por ser considerado inumano não recebeu um enterro cristão nem teve sua morte registrada. Mas a história do casal virou lenda na França, se estendendo por séculos, até se tornar um conto de fadas.
Petrus e Catherine Gonçalvus
Falando especificamente dos filmes feitos pela Disney, além da clara falta de componentes mágicos como objetos falantes, as datas são diferentes. A história real da Fera se passa entre 1500-1600; já o filme se situa mais de 100 anos depois, em torno de 1740. Pode parecer pouco, mas historicamente muda algumas coisas.
Petrus não era príncipe e nem chegava a ser da nobreza. Sua proximidade com a corte se dava pela educação que recebeu do Rei Henrique II, mas isso não foi suficiente para sobreviver ao falecimento do monarca. Apesar de ser considerado uma fera por causa do excesso de pelos em seu corpo, essa era a maior alteração provocada pela doença; ele não tinha um tamanho fora do normal. Catherine, por sua vez, talvez tenha aprendido a amar Petrus nesses 40 anos, mas não teve escolha nem tempo de conhecê-lo antes do casamento.
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