Ciência
11/07/2018 às 04:30•3 min de leitura
Você já se perguntou se a frase “baseado em fatos reais” é verdadeira ou só balela? Pois o Mega Curioso trouxe a coluna Drops de Cinema para sanar suas dúvidas e mostrar a verdade por trás dos filmes inspirados em fatos reais. Venha conferir com a gente!
O filme “A Lista de Schindler” foi lançado em 1993 e retrata a história de vida de Oskar Schindler, empresário alemão e membro do Partido Nazista que, durante a Segunda Guerra Mundial, salvou centenas de judeus do Holocausto, sob o pretexto de contratá-los para trabalhar em sua indústria.
Um dos grandes destaques da obra foi o fato de ter sido gravada em preto e branco, com a exceção da “menina de casaco vermelho”, uma criança que aparece diversas vezes ao longo do filme.
Schindler realmente salvou em torno de 1,2 mil judeus dos campos de concentração ao atestar que eram empregados em sua fábrica; porém, sua biografia, lançada por David M. Crowe, revela que ele era menos “heroico” do que foi mostrado no filme.
A primeira diferença já vem no nome do longa: a famosa lista não existiu. Durante todo o seu período de atuação, houve em torno de nove compilações, e a maioria dos nomes não foram incluídos por Schindler, mas sim por judeus que trabalhavam para ele. Ainda assim, ele ter permitido e tido a iniciativa de colocá-los ali fez com que muitas vidas fossem salvas. Aparentemente, a “lenda” da única lista foi disseminada pelo próprio Schindler, como uma forma de dar um efeito mais heroico a seus feitos.
Inicialmente, a ideia do empresário não teria sido salvar os judeus, mas sim aproveitar a mão de obra barata que eles representavam. A vontade de ajudá-los, ao ponto de colocar sua fortuna em risco, teria surgido um pouco mais tarde, ao ver a situação em que se encontravam.
Para manter-se ligado à guerra e, consequentemente, por dentro dos negócios e da lista de influências da SS, ele mudou o foco de sua fábrica: em vez de panelas esmaltadas, passou a fabricar munições. Por empregar os funcionários para livrá-los dos campos de concentração e não querer ser responsável por mais mortes com suas munições, Schindler não produzia as munições que sua fábrica deveria produzir, ou então as fazia com defeito — o que o levou a perder bastante dinheiro.
Um exemplo de que o altruísmo de Schindler tinha seus limites está no fato de que, após a guerra, quando já se encontrava falido, ele requisitava aos judeus compensação financeira, alegando que fora o fato de os ajudar que o levou à falência.
Embora até o final da guerra ninguém tenha conseguido provar que Schindler estava auxiliando judeus, ele não passou por todos os anos de guerra sem desconfiança. Na realidade, ele foi preso três vezes por suspeitarem de seus atos.
Uma das críticas que o filme recebeu, especialmente da comunidade histórica judaica, foi a de que Steven Spielberg não retratou tão fielmente os horrores promovidos pelos oficiais de SS e pelo sádico Amon Göeth contra os judeus, que aparentemente conseguia ser ainda mais cruel do que o que mostrou a interpretação de Ralph Fiennes.
Essa “minimização” dos horrores do Holocausto aconteceu porque uma retratação mais fiel poderia ser muito agressiva aos olhos do público. Se formos levar em consideração que o longa já é bastante forte, podemos imaginar como seria se Spielberg tivesse relatado o que aconteceu de forma nua e crua.
No entanto, ele conseguia fazer essa conexão emocional com a audiência através das pequenas coisas, como a menina do casaco vermelho, citada lá no início. A ideia do diretor era dar destaque para a figura da criança, fazê-la ser percebida aos olhos do público. Além disso, a personagem foi criada a partir dos relatos de alguém que sobreviveu ao Holocausto e falou a respeito de uma criança judia que, com seu casaquinho vermelho, acabava se destacando na multidão.
Quando a guerra acabou, Schindler corria o risco de ser considerado um criminoso de guerra por ser membro do Partido Nazista; por isso, no ato de sua fuga, Schindlerjuden (Judeus de Schindler) escreveram uma declaração defendendo Oskar e relatando seus feitos, a qual deveria ser entregue ao exército americano caso ele fosse capturado. Schindler também recebeu deles o anel que aparece no filme, com uma inscrição que, em tradução literal, significa “Quem salva uma vida salva o mundo inteiro”.
Seus atos durante o Holocausto fizeram com que, em 1963, Schindler recebesse a nomeação de Justos Entre as Nações, um título cedido por Israel para os não judeus que salvaram vidas de judeus durante o Holocausto. Além do título, outra honra foi concedida ao empresário após sua morte, em 1974; ele foi o único membro do Partido Nazista a ser sepultado no Monte Sião, em Jerusalém.
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