Gaia: saiba mais sobre o fascinante (e louco) mito da Deusa-Mãe

02/10/2019 às 06:004 min de leitura

Hoje em dia, independentemente de que sejamos crentes ou não, a verdade é que estamos mais acostumados à visão dos seguidores das religiões judeu-cristã e muçulmana, que acreditam na existência de um único Deus que governa a humanidade. No entanto, na Antiguidade, inúmeras culturas veneravam a figura de uma Deusa-Mãe – que, na mitologia grega, especificamente, era representada por Gaia, uma divindade feminina que personificava a própria Terra, o poder maternal que governava o Universo e deu origem a tudo o que existe.

Bagunça genealógica

Segundo o mito da criação, antes de tudo, inclusive da existência do tempo, havia o Caos, uma entidade representada pelas trevas, o vazio e a confusão. Foi dele que surgiu Gaia, uma das divindades primordiais, juntamente com Tártaro, que simbolizava o abismo profundo para onde as almas condenadas eram enviadas, Eros, que representava o amor, Nix, que simbolizava a noite, e Érebo, que era a personificação da escuridão.

(Fonte: Greek Boston / Reprodução)

Pois Gaia tinha a habilidade de criar vida e, dela, nasceram Urano, que personificava os céus, Ponto, que representava os oceanos, e as Óreas, que simbolizavam as montanhas. Agora, se você quiser pegar um papel e caneta para fazer anotações e não se perder na árvore genealógica desses deuses, este é o momento!

Da união de Gaia com Ponto – sim, o incesto era pra lá de comum na mitologia grega –, surgiram Nereu, Fórcis, Ceto, Euríbia e Talmas, divindades que habitavam as profundezas dos mares. Já com Urano, a Deusa deu origem aos 12 titãs, Hiperio, Jápeto, Teia, Reia, Crio, Têmis, Oceano, Céos, Mnemosine, Febe, Tétis e Cronos, o mais jovem e mais implacável de seus filhos, assim como aos 3 ciclopes (Arges, Estéropes e Brontes) e aos 3 hecatônquiros, Aigaion, Coto e Giges, que eram gigantes dotados de 50 cabeças e 100 mãos (e que, não, não eram o que podemos chamar de bebês engraçadinhos...).

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Barraco em família

O fato é que, de acordo com a mitologia grega, Gaia não só deu origem à praticamente todos os deuses gregos e à vida, como foi graças a ela que a Terra nasceu, ganhou estrutura e todas as feições que a compõem, e foi povoada por todas as criaturas e organismos que habitam nela, incluindo a humanidade.

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Só que Urano resolveu frear Gaia e impedir que ela continuasse criando mais coisas – e decidiu aprisionar seus filhos no interior de seu útero. A deusa não gostou nada dessa história e acabou se aliando a Cronos – o caçula terrível, lembra? – e, juntos, eles derrotaram a divindade. E não foi uma contenda familiar nada agradável, sabe?

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Gaia criou uma foice e Cronos a usou para castrar Urano – e as gotas de sangue que caíram sobre a Terra (ou seja, sobre a Deusa) se converteram nas sementes que deram origem às Erínias, que personificavam a vingança, às ninfas Melíades e aos Gigantes. Como se fosse pouco, Cronos jogou os genitais de seu pai no oceano e da mistura do sangue com a espuma do mar surgiu Afrodite, a deusa do amor, da beleza e da sexualidade na mitologia grega. Mas as brigas em família não pararam por aí...

Rupturas, novas alianças e mais barracos

Gaia se deu conta da crueldade de Cronos e decidiu se aliar a Zeus para controlá-lo. Essa figura, como você deve saber, consistia na divindade dos céus, raios e trovões e, ademais de ser pai dos deuses olímpicos, era responsável por manter a ordem e a justiça na mitologia grega. Pois Zeus era filho de Cronos com sua irmã, Reia (sim, outra relação incestuosa que também deu origem a Deméter, Hera, Héstia, Hades e Poseidon), e por pouco não acabou engolido pelo pai.

(Fonte: Trip Savvy / Reprodução)

Deméter e Héstia foram devorados logo ao nascer porque Cronos acreditava que seria deposto por um de seus filhos – e se não fosse por conta das maquinações de Reia com Gaia, Zeus também teria virado petisco. A aliança com Gaia deu certo, uma vez que Zeus, além de forçar seu pai a vomitar seus irmãos, se uniu a eles e, juntos, destronaram Cronos e aprisionaram os Titãs nos calabouços de Tártaro, pondo um fim em seu domínio. Mas Deusa não ficou muito contente com essa última parte.

Foi depois de Zeus aprisionar os Titãs e se tornar Rei dos Deuses que Gaia deu à luz os Gigantes e outros monstros para destronar o neto. Mas, como a artimanha não deu certo, a Deusa-Mãe disse a Zeus que o próximo filho que ele tivesse com Métis, sua primeira esposa, o derrubaria do poder. Bem, a criança era Atena – e, seguindo o exemplo aprendido de seu pai, engoliu a coitadinha que, depois, nasceu toda armada da cabeça de Zeus. Sim, bem estranho…

Mãe-Terra

Na Antiguidade, a Deusa-Mãe muitas vezes era representada pela imagem de uma mulher robusta de aparência maternal surgindo da terra ou reclinada sobre ela, normalmente rodeada por crianças que representavam as estações do ano e pelos alimentos que ela produzia. E, apesar das relações duvidosas, do temperamento ligeiramente vingativo que às vezes aflorava e das confusões familiares, Gaia era venerada como a mãe de toda a criação, já que, segundo a mitologia grega, todos os deuses celestiais, divindades terrenas e marinhas, bem como todas as criaturas imortais e mortais descendiam diretamente dela.

(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Ademais, Gaia também seria responsável pela divina inspiração e teria sido a primeira figura feminina no comando do Oráculo de Delphi, além de ter inúmeros templos construídos em sua honra. E a mitologia romana foi fortemente influenciada pela grega, certo? Então, adivinhe que nome a Deusa-Mãe recebeu dos romanos! Terra. Aliás, não é à toa que muitos cientistas usem a palavra “Gaia” para se referir ao nosso planeta – termo associado à ideia de que o nosso mundo consiste em um organismo complexo e vivo.

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