Mumificação: o processo de embalsamar os mortos

27/07/2020 às 06:003 min de leitura

O fascínio exercido pelas múmias é antigo e a prática de mumificação é representada em filmes, séries e na literatura, instigando sobre os mistérios que envolvem o tema. A palavra vem do persa mumiyya, que significa "cadáver embalsamado", mas também há uma outra tradução que tem sua origem no idioma árabe, mumia ou mumiya, que quer dizer "breu" ou "betume", substância escura, semelhante ao asfalto, que escorria do monte Mumia, situado na Pérsia, e à qual se associavam propriedades medicinais capazes de curar diversas enfermidades.

A mumificação era uma tradição difundida e honrada pelo Mundo Antigo e trazia profundo significado espiritual. Praticado como uma maneira de venerar os mortos ou de expressar religiosidade — como a crença na vida após a morte —, o costume estava presente em várias culturas, que faziam o embalsamamento de seus mortos. Os mais conhecidos a realizarem este tipo de ritual eram os antigos egípcios, mas a mumificação também era praticada por chineses, pelos povos antigos das Ilhas Canárias (conhecidos como guanches) e por muitas sociedades pré-colombianas da América do Sul, incluindo os incas.

Múmia egípcia em perfeito estado de conservaçãoMúmia egípcia em perfeito estado de conservação

Além disso, as múmias também podem ser originadas através de processos naturais, como é o caso de Ötzi, o Homem do Gelo, descoberto em 1991 nos alpes italianos e que se encontra atualmente no Museu de Arqueologia do Sul do Tyrol.

Também criada por acaso, a múmia mais antiga já registrada na América do Norte foi encontrada na Spirit Cave, em Nevada, envolta em uma esteira de tule e sepultada em uma cova rasa. Ela é exemplo da preservação natural que aconteceu por causa da atmosfera seca e pelo ar rarefeito da caverna. Descoberto em 1940, o indivíduo inicialmente teve sua idade estimada entre 1,5 mil e 2 mil anos, mas posteriormente foi datado por radiocarbono e chegou-se à conclusão que teria mais de 10 mil anos, informou a revista online Live Science.

Há diversas formas de um corpo ser conservado não propositalmente, como nos exemplos das múmias acima. São exemplos de ambientes favoráveis para a mumificação natural:

  • Condições extremas de frio, como nos Alpes;
  • Condições extremas de calor, como em regiões desérticas;
  • Alta temperatura do solo no local do sepultamento;
  • Regiões de pântano onde existe a presença do musgo Sphagnum, que produz uma substância denominada que desacelera a reprodução das bactérias.

Mas como as múmias eram feitas pelo embalsamador?

  • 1º passo: Retirada do cérebro pelas narinas. Essa etapa era realizada com o auxílio de pinças de metal;
  • 2º passo: Retirada da maioria dos órgãos internos a partir de um corte realizado no lado esquerdo do corpo;
  • 3º passo: Cobria-se o corpo com a mistura de sais denominada natrão (com cloreto de sódio, carbonato de sódio, bicarbonato de sódio e sulfato de sódio). Essa mistura era colocada no interior do corpo do indivíduo e agia por 40 a 72 dias com o objetivo de retirar toda a água presente;
  • 4º passo: Lavava-se o corpo para retirar o natrão com óleos essenciais para perfumar o cadáver;
  • 5º passo: O corpo era enfaixado com panos feitos de linho.

Outras substâncias que podem ser utilizadas na mumificação são a mirra (resina proveniente de pequenas árvores do gênero Commiphora), bálsamo de cedro, cominho e cera de abelha.

Durante algum tempo, os órgãos também eram submetidos a um processo de mumificação, com exceção apenas do cérebro e do coração, que eram mantidos no corpo porque ambos continham o intelecto e as emoções respectivamente.

As múmias eram depois de embalsamadas guardadas em sarcófagos (espécie de urna funerária), que podiam representar cargo ou patente e posição social. As múmias eram depois de embalsamadas guardadas em sarcófagos (espécie de urna funerária), que podiam representar cargo ou patente e posição social. 

Novas descobertas que as múmias podem trazer

A múmia que estava no Museu Guimet, em Lyon, sul da França, foi submetida a pesquisas feitas através de tomografia computadorizada que podem fornecer respostas a velhas dúvidas de historiadores e antropólogos.

Com uso da tecnologia, eles têm descoberto novas fontes de pesquisa através da autópsia realizada nestes corpos, que foram submetidos a embalsamento. Esses estudos trouxeram a revelação de novas substâncias para a fabricação de remédios, ajudando a entender a evolução de certas doenças e ainda podendo contribuir nos estudos sobre a teoria da evolução da vida.

A mumificação desapareceu gradualmente no decorrer dos séculos e hoje, exceto em casos muito raros, é uma arte perdida, mas é incrível o quanto ainda podemos aprender com essa prática.

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