Artes/cultura
27/04/2021 às 09:00•2 min de leitura
Em tese, não há regras sobre os conteúdos que devem ser apresentados nos trailers de filmes. Por natureza, esses materiais promocionais feitos unicamente para divulgar obras cinematográficas e televisivas são criados para gerar hype e interesse, e muitas vezes eles acabam entregando muitos spoilers por conta de suas cenas mais comprometedoras serem as mais impactantes. Mas será isso mesmo necessário? Não tem como apresentar um excelente vídeo sem mostrar demais?
Nos últimos anos, muito vem sendo questionado sobre o papel dos trailers no mundo do cinema, especialmente com o surgimento de mega produções que movem uma comunidade inteira de fãs, como filmes de heróis. Quem não lembra de ter visto uma infinidade de trailers de Liga da Justiça (2017), longa que recebeu inúmeros materiais promocionais considerados fanservice? Porém, tudo isso tem um motivo, e ele é mais simples do que imaginamos.
Segundo o executivo de marketing David Singh, os trailers são editados para entregar os bons momentos de forma dramática e com uma abordagem diferente da original, onde várias alternativas de promoção são testadas para ensaiar a receptividade do público, equilibrando elementos como cortes, montagem, músicas e tempo de tela. Sendo assim, por isso vemos tantos trailers que repetem as mesmas cenas, mudando muito pouco em relação aos outros e trazendo novas nuances pontuais.
Todos se lembram de ter assistido a algum longa-metragem apenas pelo material de divulgação. Em Bom Comportamento (2017), é impossível não ficar tocado com seu trailer, que apesar de entregar muitas cenas importantes do filme, foi editado de forma impactante com a trilha “The Pure and the Damned”, de Oneohtrix Point Never. Já em Projeto Gemini (2019), filme protagonizado por Will Smith, é possível observar quase todos os grandes momentos da produção oficial.
Apesar da preocupação de alguns diretores em perder a essência de seus materiais originais por conta do que é mostrado nos trailers, a estratégia parece que vem surtindo um efeito positivo nos últimos anos, e mesmo filmes e séries que exibem mais do que deviam possuem uma resposta esperada de popularidade. Um dos casos foi até recente, quando Jasom Blum, da Blumhouse, julgou os trailers como um "mal necessário", logo depois de lançar o material do bem sucedido O Homem Invisível (2020).
Para o bem ou para o mal, os trailers continuam sendo pilares fundamentais da sétima arte, e mesmo passando do limite numérico ou qualitativo em diversos casos, não conseguem suprir parcial ou totalmente as sensações de uma obra definitiva.