Ciência
30/04/2021 às 05:00•3 min de leitura
Desde a carta de Pero Vaz de Caminha, que comunicava ao Rei de Portugal "a notícia do achamento desta Vossa terra nova", a história do Brasil foi atravessada pela literatura. Hoje, alguns dos maiores escritores são brasileiros. Essa arte tem um lugar especial em todas as culturas, mas como o Brasil foi um dos últimos países da América a instituir universidades, ela teve também a missão de criar um pensamento nacional.
Ficou interessado? Então conheça mais sobre a História da Literatura do Brasil em uma linha do tempo. Confira as escolas literárias e suas principais características!
Ao longo do primeiro século de literatura no Brasil, o XVI, havia dois principais gêneros: a literatura de informação (a exemplo da carta de Pero Vaz de Caminha) e os discursos jesuítas.
O trato com os indígenas e a natureza quase intocada estão entre as principais temáticas do período.
Esse estilo predominou do início do século XVII a meados do século XVIII. Apesar de a marcação não ser exata, estipula-se que ela foi até 1728, com a publicação do poema Prosopopeia, de Bento Teixeira. Nesse período, a economia açucareira da Bahia era o pano de fundo que aparecia na literatura.
Merecem especial destaque o poeta Gregório de Matos, conhecido como "Boca do Inferno", e o padre Antônio Vieira. O religioso é considerado por muitos um dos maiores escritores de todos os tempos em língua portuguesa.
Se você já ouviu o trecho da música "eu quero uma casa no campo", entende a essência da literatura árcade. A simplicidade de uma vida bucólica é a principal questão proposta e defendida nos textos.
Com a descoberta de ouro nas Minas Gerais, a Bahia deu lugar à futura Terra do Pão de Queijo: em 1768 é criada a Arcádia Ultramarina, em Vila Rica (hoje Ouro Preto), que marca o início do período. Além disso, merece destaque a obra Marília de Dirceu, escrita por Tomás Antônio Gonzaga.
A obra Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves Magalhães, lançada em 1836, marca o início do romantismo no Brasil. A família real desembarcara no Brasil há poucos anos e havia o desejo de constituir uma identidade para o país, até então uma extensão de Portugal.
Houve três principais fases do período no Brasil: o indianismo, o ultrarromantismo e o condoreirismo. Nessa última etapa, aparecem temáticas sociais, fundamentais à próxima escola.
Na França, Émile Zola escreveu O Germinal, uma obra que expunha as vísceras dos problemas sociais. E o Brasil, que então lia escritores franceses, também teve suas experiências literárias realistas e naturalistas, correntes contemporâneas.
São marcos do período O Mulato, de Aluísio de Azevedo, e Memórias Póstumas de Brás Cubas, ambos lançados em 1881. Este último livro é de Machado de Assis, o maior nome da literatura brasileira do fim do século XIX e ainda hoje o maior escritor brasileiro, segundo muitos especialistas.
Essa escola também ocupou o mesmo espaço temporal do realismo e do naturalismo. Seu ponto de partida foi a obra Fanfarras, de Teófilo Dias, publicada em 1882.
Nessa escola literária, a temática social aparecia, mas havia uma preocupação extrema com a forma, as rimas, a métrica, os versos, etc. É por isso que os sonetos foram tão comuns na época.
Em 1893, Cruz e Souza lança Missal e Broqueis. A partir de então, surge outra linha literária, preocupada com a subjetividade, o misticismo, a imaginação e a vida simbólica dos personagens.
A escola segue até 1922, quando a Semana de Arte Moderna funda formalmente a Literatura Moderna. Mas muitos escritores já traziam em suas linhas tendências modernistas.
Essa literatura, bem como as demais artes influenciadas pelo movimento, rompiam com as preocupações acadêmicas. A arte ganhou mais liberdade e o regionalismo foi fortemente trabalhado em meio à tentativa de forjar uma identidade para o Brasil, recém-transformado em república.
Trata-se de uma corrente muito eclética. Por isso, boa parte dos escritores conhecidos hoje transitam por essa escola. Alguns escritores, no entanto, consideram-se pós-modernistas, pois procuram se distanciar de características de outras escritas modernas.
O que virá pela frente está em aberto. Mas, como escritor ou como leitor, motivos não faltam para conhecer mais sobre a história da literatura brasileira, que se confunde com a literatura nacional.