Ciência
02/06/2021 às 08:00•2 min de leitura
A organização Italian Art-Rite confirmou oficialmente que a escultura "Eu Sou", do artista italiano Salvatore Garau (67), foi leiloada por US$ 18.300 (cerca de R$ 94 mil, em conversão direta). A obra, que propõe "redefinir a arte" e transmitir a imaterialidade do ser humano, chama a atenção por ser um artefato invisível e marca a primeiro registro de venda de uma peça sem forma.
"Eu Sou" parte de uma premissa complexa sobre o entendimento dos significados e sobre a cadeia de pensamentos. A escultura supervalorizada, inovadora e deveras polêmica literalmente é nada para os olhos do público comum, mas parece fazer bastante sentido para os apreciadores de propostas abstratas, especialmente quando há por trás um artista ousado e preparado para esclarecer de forma convincente o motivo de ter feito algo invisível.
"Quando eu decidir 'exibir' uma escultura imaterial em um determinado espaço, esse espaço concentrará uma certa quantidade e densidade de pensamentos em um ponto preciso, criando uma escultura que somente pelo título tomará as mais variadas formas", disse Garau, em entrevista ao Italy 24 News. "Afinal, não damos forma a um Deus que nunca vimos?".
"O resultado bem-sucedido do leilão atesta um fato irrefutável: o vazio não passa de um espaço cheio de energia, mesmo que o esvaziemos e nada permaneça, de acordo com o princípio de incerteza de Heisenberg de que o nada tem peso", completou o artista. "Ele, portanto, tem uma energia que se condensa e se transforma em partículas; em suma, em nós!
Em fevereiro de 2020, Garau revelou ao mundo sua primeira obra invisível. Intitulada "Buda na Contemplação", a peça foi colocada no meio da Piazza Della Scala em Milão, Itália, e até hoje é possível "vê-la" por lá, já que uma enorme demarcação quadrada preenche o espaço que aparentemente hospeda o artefato, facilitando a observação de quem passa pelo local.
Esse estilo de arte minimamente questionável do italiano, segundo o próprio Garau, não significa "nada", mas sim um vácuo que permite com que as pessoas possam considerar suas imaterialidades e aceitar a condição de que os pensamentos possuem forma, mesmo que muitas vezes não se concretize em conceitos reais e exija um pouco mais da imaginação.