A expedição nazista que buscou a 'origem da raça ariana'

02/10/2021 às 12:002 min de leitura

No início de maio de 1938, cinco pesquisadores alemães foram enviados ao Tibete, no Himalaia, para encontrar a “fonte de origem da raça ariana” e realizar uma operação avançada de busca em uma das viagens mais turbulentas da época. Segundo fontes do jornal britânico Times of India, que acompanhou o percurso com os enviados, a ideia era caçar sobreviventes e informações em um lugar que, até então, era conhecido como o “telhado do mundo”.

De acordo com Adolf Hitler, os nórdicos “arianos” haviam ingressado em terras indianas há aproximadamente 1,5 mil anos, misturando-se aos nativos e perdendo as particularidades que os tornavam indivíduos de uma “raça superior”. Essa tese foi altamente apoiada por Heinrich Himmler, que decidiu juntar uma equipe de especialistas para satisfazer os desejos do líder supremo do Reich e enviá-los para o Tibete, local que supostamente recebeu uma migração ariana após a queda definitiva da cidade perdida de Atlântida.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Entre os integrantes da Ahnenerbe Forschungs- und Lehrgemeinschaft (do alemão “Comunidade para a Investigação e Ensino sobre a Herança Ancestral”) foram recrutados os homens-chave Ernst Schafer e Bruno Beger, respectivamente zoólogo e antropólogo da SS, a força policial nazista. Ao lado de outros três nomes, eles foram enviados para uma intensiva operação de busca rumo à Índia.

A conturbada entrada no Tibete

Além de terem visto seu navio atracar nas imediações de Colombo, capital do Ceilão (atual Sri Lanka), os viajantes foram considerados espiões pelas autoridades britânicas, surgindo em jornais e periódicos como “agentes da Gestapo”. Essa sugestão acabou os impedindo de entrar em Gangtok, no nordeste da Índia, que era a última fase antes de alcançar o destino do plano. Porém, nada os impediu de acessar o Tibete, e eles acabaram conseguindo convencer os oficiais e estender suas bandeiras com a suástica.

A exaltação do símbolo nazista chamou a atenção do povo hindu, já que a imagem, considerada um sinal de boa sorte, era amplamente vista na frente de casas e templos e na traseira de veículos. E mesmo com a repercussão do Holocausto, a suástica ainda é facilmente encontrada no território.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

Como resultado, os alemães foram recebidos excepcionalmente pelo regente budista, que ocupou o cargo durante a infância do décimo quarto Dalai Lama, a partir de 1933. Bem tratados, Bruno Beger até conseguiu uma espécie de “estágio” na região, sendo convocado para tratar de males dos habitantes por um tempo, enquanto Schafer e os outros dedicavam-se a seguir os planos originais da expedição.

A eclosão da Segunda Guerra

Em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, a Ahnenerbe teve que interromper as atividades no Tibete, mas não sem antes coletar dados importantes para os estudos na Alemanha. Antes de deixarem o país, os pesquisadores mediram crânios e características de 376 tibetanos, capturaram cerca de 40 mil fotografias com “moldes de cabeças, rostos, mãos e orelhas de 17 pessoas”, registraram impressões digitais e manuais de outros 350 budistas e armazenaram 2 mil “artefatos etnográficos”.

A intervenção de Himmler retirou rapidamente o grupo do Himalaia e o transportou para Munique, com a maior parte dos “tesouros” sendo armazenados em um castelo em Salzburgo, na Áustria. Mas em 1945, com a chegada das Forças Aliadas, o conteúdo da fortificação e de outras bases foi destruído, e até hoje vários documentos seguem perdidos e esquecidos por estudiosos.

Fonte

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