Alzira Soriano: a primeira prefeita mulher eleita na América Latina

20/12/2021 às 02:002 min de leitura

Em 8 de setembro de 1928, a jovem Alzira Soriano, de 32 anos, tomou posse como a primeira prefeita mulher em território brasileiro, sendo eleita para administrar o pequeno município de Lajes, no interior do Rio Grande Norte. A notícia, que contou com ampla repercussão internacional, marcou o primeiro passo efetivo para a formalização de um novo Código Eleitoral que permitiria definitivamente a participação política de mulheres.

Na época, um projeto de lei autorizado pelo governador em exercício José Augusto Bezerra de Medeiros, tendo como base uma leitura atenta da Constituição vigente (1891), justificou a participação igualitária de homens e mulheres no cenário político, encerrando discussões que evidenciavam distinções em relação ao direito de voto. A etapa trouxe implicações importantes para o país e e surgiu como marco essencial para o sufrágio feminino, visto que as brasileiras ainda estavam impedidas de eleger representantes.

A releitura constitucional abriu portas para que a professora Celina Guimarães Viana, de Mossoró (RN), requisitasse seu título de eleitor em 1927, tornando-se a primeira mulher brasileira a ter um documento oficial que comprovasse sua contribuição efetiva com o novo sistema eleitoral potiguar. Assim, o estado viu a evolução social garantir a atuação de mulheres na política e conseguir o apoio de diversas alas locais, como ocorreu com Luisa Alzira Teixeira Soriano, que encontrou em suas raízes a oportunidade para investir em cargos públicos.

A mulher brasileira nas eleições

Filha de pais ricos e tradicionais em Jardim dos Angicos, distrito de Lajes, Alzira Soriano foi casada com o promotor de justiça pernambucano Thomaz Soriano, com quem teve três filhos, mas viu a gripe espanhola afetar seu casamento e deixá-la viúva ainda aos 22 anos. De volta à fazenda dos pais, ela foi incumbida de administrá-la para logo em seguida entrar na política, impulsionada pela grande influência que sua família tinha na região.

(Fonte: Wikipedia / Reprodução)(Fonte: Wikipedia / Reprodução)

Apoiada pelo governador Juvenal Lamartine e pela líder feminista Bertha Lutz, Alzira levou seu discurso de combate às oligarquias da República Velha e ao patriarcado para os principais debates e incomodou diversos adversários, com alguns registros de ofensas pessoais e ataques praticados por concorrentes. O espírito desafiador fez com que a jovem, integrante do Partido Republicano, fosse candidata às eleições municipais de 1928 e vencesse com 60% dos votos válidos, desbancando Sérvulo Pires Neto Galvão e o impulsionando a desistir da política por vergonha.

Desdobramentos antirrevolucionários

Por discordar do posicionamento revolucionário de Getúlio Vargas, Alzira optou por interromper seu mandato e permanecer como interventora municipal, mas não sem antes aplicar reformas consideráveis no sistema educacional, com a construção e manutenção de escolas, e de infraestrutura, levando iluminação pública a gás a boa parte dos distritos vizinhos e da cidade.

Em 1945, após 15 anos afastada de cargos públicos, Alzira foi eleita vereadora por três mandatos e tornou-se fundamental no estado como um símbolo contra o sexismo, lutando por participação igualitária em uma época onde os costumes eram estritamente rigorosos, manipulados pelas oligarquias vigentes de Maranhão e Bezerra de Medeiros. 

(Fonte: Os Guedes / Reprodução)(Fonte: Os Guedes / Reprodução)

"Toda eleição para cargos no Executivo usa o sistema majoritário de votação, no qual a persona pública do candidato ou da candidata costuma ser decisiva. Raramente uma mulher, ao menos no cenário brasileiro, dispõe de massa de capital social e especial visibilidade para atrair uma maioria de votos", diz Antônio Sérgio Rocha, da Unifesp, sobre a baixa representatividade feminina na esfera municipal.

"Infelizmente a participação feminina na política ainda é pequena, muito abaixo da representação da sociedade brasileira. E, infelizmente, hoje vivemos um tempo de retrocesso em relação ao respeito à diversidade brasileira", diz o jornalista Rudolfo Lago, bisneto da ex-vereadora.

Fonte

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