4 escândalos de pirâmides financeiras registrados no Brasil

12/11/2021 às 06:303 min de leitura

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 11% da população brasileira já foi vítima de golpes de pirâmide financeira, com 62% dos investidores nunca mais recuperando seu dinheiro. A prática, considerada criminosa por lei, surge com a promessa de rendimento fácil e com um retorno muito superior ao investimento inicial, quando na verdade é apenas uma justificativa para roubar recursos de milhares de pessoas que buscam renda extra.

Como funciona um golpe de pirâmide?

Também conhecido como esquema Ponzi — em homenagem a Charles Ponzi, seu precursor —, a pirâmide financeira é uma categoria de marketing multinível que garante rendimentos muito superiores aos investidos a partir da recomendação de novos clientes, constituindo a base da pirâmide em um ciclo sem fim. Para isso, é necessário pagar uma taxa para entrar e indicar pessoas para “cobrir” esse valor, além de contar que as pessoas dos níveis abaixo “trabalhem” para você.

A inviabilidade de que todas as pessoas sejam adequadamente pagas, as promessas que raramente se cumprem e o modelo pouco sustentável são justificativas para considerar o esquema como crime federal no Brasil, de acordo com a Lei nº 1.521/51. De fato, o que ocorre é uma iminente quebra do sistema, onde os investidores de baixos níveis saem no prejuízo e o lucro se concentra a quem está no topo.

Confira abaixo alguns dos esquemas de pirâmides mais notáveis no Brasil.

1. Fazendas Reunidas Boi Gordo

Entre os anos de 1980 e 1990, mais de 30 mil pessoas foram atraídas para um promissor negócio de bezerros e “engorda do gado” no interior de Goiás, que prometia um retorno de até 42% em 18 meses sem a necessidade de trabalhar muito. Para atrair essa multidão, os golpistas apostaram em massa na divulgação do esquema em TVs e rádios, enviando anúncios que eram exibidos em horário nobre nos canais abertos.

(Fonte: Ricardo Benichio - Veja / Reprodução)(Fonte: Ricardo Benichio/Veja/Reprodução)

Em 2004, a empresa decretou falência e desapareceu com quase R$ 4 bilhões em patrimônio passivo, passando a ser investigada pelas autoridades competentes. Após a Justiça identificar o grupo atuante por trás do “scam”, foi determinada a venda de bens — que pagariam 10% do valor investido a credores — e de mais de 60 fazendas com um total de 220 mil hectares de extensão.

2. Avestruz Master

No início dos anos 2000, a empresa Avestruz Master liberou a compra e venda de mais de 600 mil espécimes da ave para milhares de investidores, mediante assinatura de contrato e pagamento antecipado, e garantindo um retorno acima de 10% ao mês. Com isso, quase 50 mil pessoas foram atraídas para uma espécie de trade de animais, sem saber que eram vítimas de um negócio que falsificava até mesmo sua oferta.

(Fonte: Pixabay / Reprodução)(Fonte: Pixabay/Reprodução)

Após a declaração de mais de R$ 4 milhões em publicidade, os sócios da Avestruz Master decretaram falência e fugiram para o Paraguai em um clássico esquema de “rug pull” (“puxar o tapete”, expressão comum nos EUA para abandono de negócios após o alcance de um certo lucro). Anos depois, os filhos e o genro do diretor da empresa foram condenados e tiveram que pagar R$ 100 milhões aos investidores, mas deixando um prejuízo total estimado em R$ 1 bilhão.

3. Telexfree

Com um prejuízo de quase US$ 3 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões, em conversão direta) causado a clientes de todo o mundo, a Telexfree foi um dos golpes financeiros que mais marcou a década passada, com a empresa chegando a patrocinar o clube de futebol Botafogo em 2014, e investir milhões em propaganda. O esquema era baseado na realização de ligações telefônicas via internet e prometia 200% a 250% de lucro à medida que os “divulgadores”, que compram e revendem pacote de contas, indicassem novos candidatos à pirâmide.

(Fonte: Wikipedia / Reprodução)(Fonte: Wikipedia/Reprodução)

O golpe foi desbancado ainda em 2014, quando uma megaoperação ordenou o fim da empresa ao acusá-la de ser um esquema de pirâmide e atuar como instituição clandestina, captando, administrando e intermediando recursos de terceiros por meio de processos ilegais. Em 2020, Carlos Nataniel Wanzeler, um dos donos da TelexFree, e o sócio Carlos Roberto Costa foram condenados, e até hoje milhares de pessoas aguardam indenização.

4. Atlas Quantum

Com a ascensão das criptomoedas nos últimos anos, centenas de pessoas passaram a aplicar golpes de “scams” e “rug pulls”, abrindo corretoras de tokens e coins para, em seguida, desaparecer com o dinheiro dos clientes, muitas vezes usando como desculpa um suposto ataque hacker. Um dos casos mais recentes foi a empresa Atlas Quantum, que repentinamente travou o saque de investidores após o anúncio de falsas promessas de pagamento, sob a justificativa de ter quebrado.

(Fonte: Suno / Reprodução)(Fonte: Suno/Reprodução)

Estima-se que a companhia tenha causado um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão no Brasil, chegando a afetar a carteira de celebridades, como a do comediante ex-CQC Marcelo Tas. Hoje, um longo processo corre na Justiça e os sócios da empresa se defendem alegando falta de recursos para indenizar clientes e uma dívida causada pela deliberação do antigo regulador.

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