Artes/cultura
21/11/2021 às 08:00•3 min de leitura
No filme Pocahontas (1995), a Disney conta a história de uma mulher da tribo dos Powhatans que lutou para trazer paz entre seus iguais e os colonos britânicos que chegavam aos Estados Unidos nos anos 1600. A animação, no entanto, foi muito criticada na época de lançamento por sua imprecisão histórica.
Afinal, quem realmente era Pocahontas? Por que se tornou famosa? Como distinguir a pessoa verdadeira de todos os mitos criados sobre ela? Pensando nisso, nós preparamos um artigo para você se aprofundar na verdade nua e crua a respeito do que aconteceu naquela época.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Nascida por volta de 1596, Pocahontas era considerada a filha favorita do Cacique dos Powhatans — o líder de uma das maiores tribos localizadas no estado da Virgínia. Porém, esse não era verdadeiramente seu nome. Segundo os registros históricos, a jovem moça era chamada de Amonute, também sendo referida como Matoaka para os mais próximos.
Pocahontas nada mais era do que um apelido para Matoaka, significando "brincalhona". De qualquer forma, foi assim que ela acabou sendo chamada para o resto de sua vida. Ainda jovem, raspou quase todo o cabelo, visto que apenas mulheres adultas poderiam ter madeixas longas entre os Powhatans.
Também foi nessa idade que ela aprendeu a cozinhar, confeccionar cestos e cuidar de fogueiras. Porém, tudo mudou por volta de 1607, quando 100 colonizadores ingleses desembarcaram na Virgínia para se estabelecer em Jamestown. Um desses homens era chamado de Capitão John Smith.
Embora Smith tenha sido citado como interesse amoroso no filme na Disney, não há qualquer indício histórico de que Pocahontas tenha se envolvido com ele. Na verdade, ela tinha somente 11 anos quando o conheceu. Mesmo assim, foram as histórias que o colono contou a seu respeito que a tornaram famosa entre os ingleses.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Na narrativa de Smith, ele havia sido capturado pelos Powhatans e ameaçado de morte, mas a corajosa filha do cacique teria interferido para salvá-lo no último instante. Entretanto, os relatos do inglês acabaram se tornando conflitantes com o passar dos anos. Em 1608, o próprio Smith reconheceu ter conhecido Pocahontas apenas meses após interagir com o restante da tribo.
Matoaka só foi aparecer como heroína da história anos depois, quando o colono escreveu uma carta para a Rainha Ana da Grã-Bretanha, dramatizando seus feitos. De todo modo, a história se espalhou, e Pocahontas foi ficando cada vez mais famosa entre os britânicos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O evento mais importante da vida de Pocahontas não foi salvar John Smith, mas ser sequestrada pelos colonos ingleses em determinado momento de sua vida. Se por um lado a relação com os forasteiros tinha se tornado amistosa com o passar dos anos, por outro os Powhatans passaram a se incomodar quando a demanda por suprimentos tornou-se cada vez maior.
Mesmo casada e possivelmente com filhos, Matoaka ainda era vista como a filha favorita do cacique e foi considerada uma valiosa moeda de troca pelos britânicos em 1613. Então, o capitão Samuel Argall planejou sequestrá-la e mantê-la em cativeiro até que a tribo inimiga contribuísse com os produtos requisitados.
Ela ficou como prisioneira por 1 ano, período em que aprendeu tanto sobre os costumes ingleses e as crenças quanto sobre o idioma inglês. Em 1614, ela acabou se convertendo ao cristianismo e passou a ser chamada de Rebecca. Um ano depois, casou-se outra vez, com um colono chamado John Rolfe.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A conversão de Pocahontas foi vista como uma grande vitória para os ingleses. O nome Rebecca Rolfe foi usado para tentar incentivar mais colonos a viajarem para o estado da Virgínia. Entretanto, o sequestro da jovem Matoaka foi encarado de maneira diferente pelos Powhatans.
Segundo as tradições orais da tribo, Pocahontas sofreu um colapso mental e até disse à irmã que havia sido estuprada durante o cativeiro. Além disso, o papo de casamento e conversão só teria seguido em frente por falta de outras opções para viver.
Em algum ponto da história, ela teve um filho chamado Thomas Rolfe e, em 1616, viajou para a Grã-Bretanha para conhecer a rainha. A viagem tinha como objetivo mostrá-la ao mundo como uma "selvagem domesticada". No caminho de volta para os Estados Unidos, Pocahontas acabou adoecendo e não resistiu, falecendo aos 21 anos.