Artes/cultura
29/11/2021 às 08:00•2 min de leitura
Não importa se é um clássico da música erudita ou uma canção “chiclete” do Carnaval. O fato é que todas as melodias conhecidas são compostas usando variações das sete notas musicais: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si.
Mas você já se perguntou quem as criou e quem decidiu que elas seriam assim? Será que elas sempre existiram da forma como conhecemos e foram padronizadas por músicos ao longo dos anos? Prepare-se para entender tudo sobre as notas musicais.
(Fonte: Shutterstock)
O filósofo, matemático e astrólogo grego, Pitágoras, é peça importantíssima na história da música. Isso porque ele descobriu que uma única corda poderia produzir inúmeros diferentes sons, mas ainda assim obedeciam a uma lógica.
Ele desenvolveu um instrumento musical chamado “monocórdio”, que tinha apenas uma corda. Pitágoras percebeu que ao tocar a corda esticada ele ouvia um som, mas dividindo-a o som era outro.
O monocórdio de Pitágoras. (Fonte: Fine Art America)
Essa lógica gerava sons em escalas — e essa descoberta deu origem às escalas musicais, que servem de base para a criação de diversos instrumentos musicais. As cordas de um violão, por exemplo, são todas iguais. Contudo, geram sons diferentes porque foram posicionadas de forma distinta, obedecendo à escala musical.
Assim como os alfabetos, o nome das notas musicais como os conhecemos é fruto de uma convenção social, baseada no trabalho e pesquisa de estudiosos da antiguidade.
Elas são uma forma de organizar as melodias, possibilitando que uma pessoa registre uma música em partitura e que outra pessoa consiga reproduzir o mesmo som apenas lendo o registro — algo fundamental não só para o ensino da música, mas para a preservação dessas melodias para a história.
As notas musicais foram criadas para facilitar o ensino do canto gregoriano. (Fonte: Pxhere)
Durante a Idade Média, as melodias eram escritas em partituras diferentes das usadas hoje: as chamadas “neumas”. O problema é que esse método era muito complicado, dificultando a memorização das letras das músicas e das melodias.
Além do mais, o canto gregoriano era o estilo musical mais importante da época, pois era usado como forma de divulgar o Cristianismo pela Igreja Católica. Nesse período, o canto gregoriano era cantado em Latim, mesmo em países que falavam outros idiomas ou dialetos — o que tornava o ensino das músicas mais complicado.
Foi por isso que o monge Guido Arezzo (992-1050) decidiu batizar as notas musicais com nomes que poderiam ser facilmente decorados. A escolha desses nomes foi feita observando as iniciais de cada verso do “Hino a São João Batista”.
Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solve polluti
Labii reatum
Sancte Ioannes
Surgiram assim as sete notas Ut, Re, Mi, Fa, Sol, La e Si. Com o passar dos anos, a nota Ut passou a se chamar Dó, pois era mais fácil de pronunciar. Essa mudança foi fundamental para facilitar o ensino e desenvolvimento da música até hoje, mais de mil anos após sua criação.