Ciência
24/12/2021 às 02:00•2 min de leitura
Estima-se que foi por volta de 1162 que nasceu, na Mongólia, o notório Genghis Khan, cuja trajetória de vida se tornou alvo de obras de ficção, principalmente durante o século XX.
A vida de Khan foi moldada pela violência que o consumiu e o transformou em um dos guerreiros mais sangrentos da História, começando pelos seus 9 anos, quando seu pai, o chefe mongol Yesugei, foi brutalmente assassinado. Ele e sua mãe, sequestrada por seu pai de outra tribo e forçada a se casar com ele, foram expulsos da aldeia e tiveram que viver em busca de comida.
Khan usou de seu charme e carisma para fazer alianças e arrebanhar apoiadores, visto que era considerado fraco e amedrontado. Foi assim que ele uniu muitas das tribos nômades do nordeste da Ásia e formou um exército imbatível, usado para invadir e conquistar a Ásia Central e a China.
(Fonte: iStock/Reprodução)
Sua sede por conquistas territoriais caracterizou um dos conflitos armados mais mortíferos da civilização humana, em que os exércitos mongóis causaram um bombardeio de destruição por onde passaram. Khan consolidou sua imagem de um ser humano cruel exatamente por não deixar nenhum líder ou membro de exército inimigo vivo pelo seu caminho de destruição.
John Man, autor do livro Genhis Khan: vida, morte e ressurreição, aponta que até o início do século XIII, a Dinastia Jin registrava 3,6 milhões de famílias no norte da China. Mas, após a tomada dos mongóis em 1234, o próximo censo registrou apenas 1,7 milhão de famílias. Só durante a invasão de Bagdá, 800 mil cidadãos foram mortos e, quando os mongóis atacaram a cidade de Merv, o número subiu para 1,3 milhão. Essa quantidade aconteceu porque cada guerreiro recebia um número de pessoas para aniquilar.
(Fonte: Mongoalianz/Reprodução)
É com base nesse tipo de dado que historiadores estimam que cerca de 40 milhões de pessoas foram assassinadas pela fúria das hordas lideradas por Khan, ainda que seja difícil precisar com exatidão.
Em meio a esse banho de sangue, o episódio mais marcante da carreira de Khan, e considerado uma espécie de lenda até hoje, é de que ele tenha matado 1,75 milhão de vítimas em menos de uma hora de combate, motivado pela fúria de sua filha após ter o marido morto em seus braços por uma flecha disparada por um soldado nishapuran. O pedido dela também incluía que as pessoas fossem decapitadas e seus crânios empilhados.
(Fonte: CVLT Nation/Reprodução)
Apesar de ter começado seu caminho sistemático de destruição em 1347, a Peste Bubônica, responsável por matar 25 milhões de pessoas na Europa, já existia desde o século VI.
Na Ásia, Khan teria cooperado em espalhar a doença ao longo das rotas comerciais ao criar o Império Mongol. Estudos recentes sobre a morte do guerreiro, que aconteceu em 18 de agosto de 1227, mostram que ele pode ter sucumbido à peste, indo contra anos de especulação histórica sobre como ele morreu.
No entanto, a febre e demais sintomas descritos em textos históricos correspondiam com o que as pessoas que sofriam com a doença avassaladora sentiam na época. Ainda assim, é impossível provar essa teoria, visto que o cemitério onde foi depositado os restos mortais de Khan nunca foi encontrado.
Essa teoria embasa a guerra química que os mongóis teriam feito com seus inimigos espalhando propositalmente a doença ao catapultar corpos infectados para as cidades que visavam derrubar durante o século XIV.