Ciência
01/01/2022 às 13:00•4 min de leitura
Antes de ser redator do Mega Curioso, eu me formei em publicidade e propaganda — e uma das primeiras coisas que aprendemos é que nossa profissão é movida por criatividade. Algo muito mais difícil de aprender, contudo, é como diferenciar uma boa ideia das ruins.
A verdade é que muitos profissionais com anos de carreira podem cair nessa armadilha. Por isso que algumas campanhas e jogadas de marketing desastrosas acabam ganhando as ruas — só para gerar prejuízos bilionários e processos.
Algumas histórias famosas — como a loteria da Pepsi e a New Coke — já foram contadas por aqui. Hoje, a gente mostra outras seis ações que até poderiam parecer boas ideias no papel, mas se revelaram grandes desastres.
(Fonte: The Verge/Reprodução)
A fabricante sul-coreana queria chamar atenção para seu novo smartphone, o LG G2, em 2013. Então criou uma ação divertida: formou uma letra G com balões de hélio e colocou 100 vouchers para resgatar um celular novo. Os balões foram soltos e, quando caíssem, quem pegasse o voucher ganharia o LG G2, que era super moderno para a época.
O que a LG não imaginava é que as pessoas iriam fazer de tudo para garantir seu balão com voucher — inclusive, levar armas para atirar nos balões. Resultado: vinte pessoas ficaram feridas com essa promoção "genial".
(Fonte: Wikimedia Commons)
Para promover a nova geração do Cinquecento, dos anos 1990, entre as espanholas, a Fiat teve uma ideia bem original: enviar cartas de amor anônimas, dizendo que essa mulher era impressionante e que queria ter um encontro amoroso com ela.
A ideia era deixar as mulheres curiosas, para depois revelar que o "admirador secreto" era o Fiat Cinquecento — convidando-as para ir à concessionária conhecer o carro. Mas em vez de curiosidade, as cartas deram medo: várias mulheres denunciaram as cartas para a polícia e outras processaram a Fiat.
(Fonte: Netflix/Reprodução)
Outra ação que era pra ser divertida, mas assustou muita gente, foram as caixas de som que o estúdio Paramount espalhou por Los Angeles para promover o filme Missão: Impossível III (2006). Elas foram colocadas em máquinas de venda de jornais para tocar a inconfundível música do filme quando alguém as abrisse. Ótima ideia, né?
O problema é que essas caixinhas de som se pareciam demais com bombas caseiras. Por isso, muitas pessoas entraram em pânico e chamaram a polícia. Algumas máquinas chegaram a ser explodidas e um hospital foi isolado por temores de bombas. Mesmo assim, a Paramount não tirou as caixas do lugar — e foi processada por isso, claro.
No fim das contas, o estúdio pagou 75 mil dólares em indenizações. Um troquinho perto dos quase 400 milhões que o filme arrecadou nas bilheterias.
(Fonte: NY Post)
Outra jogada de marketing catastrófica para um produto audiovisual foi essa da Amazon Prime Video. A série The Man in the High Castle se passa em uma realidade alternativa em que os EUA foram derrotados na Segunda Guerra Mundial, dominados pelos nazistas e pelo Império Japonês. Sendo assim, alguém achou uma boa ideia decorar vagões de metrô com bandeiras dos dois países fictícios da série — incluindo símbolos nazistas.
Tudo bem, a bandeira é fictícia e realmente usada na realidade distópica da série... Mas colocar símbolos nazistas fora de contexto no trajeto diário de milhões de pessoas é demais, né?
(Fonte: Pexels)
Você já deve ter tomado doses de Jägermeister na balada, ou, pelo menos, visto anúncios desse tradicional licor alemão. Promover bebidas alcoólicas nos lugares onde as pessoas mais bebem é uma ótima ideia, mas colocar nitrogênio líquido em uma piscina — como o marketing da Jägermeister fez em uma de suas festas, em 2013 —, não.
Os organizadores da "pool party" queriam aumentar a atmosfera de diversão e envolver os 200 jovens numa nuvem de fumaça. Isso é algo que costuma ser feito em pistas de dança, mas não é comum em piscinas por um motivo: quando o nitrogênio entra em contato com a água repleta de cloro, substâncias tóxicas são liberadas. Na festa em questão, todo mundo começou a passar mal, oito pessoas foram hospitalizadas e um jovem ficou em coma.
Ainda bem que ninguém morreu. Mesmo assim, essa história é a definição perfeita de "essa festa virou um enterro".
(Fonte: McDonald's/Reprodução)
Os Jogos Olímpicos de Los Angeles de 1984 foram um dos primeiros na história a gerar lucro à cidade organizadora — isso porque o Comitê reuniu um time de patrocinadores de peso, que incluía o McDonald's. A rede de fast food, então, criou uma grande promoção para o evento.
Funcionava assim: cada pedido no McDonald's dava um cartãozinho com uma prova olímpica. Se os Estados Unidos ganhassem medalha naquela prova, o cliente ganhava um item de graça: uma Coca para o bronze, batatas fritas para a prata e um Big Mac para os ouros. Uma maneira genial de unir a torcida com o fast food, né?
O problema é que o McDonald's calculou a promoção de acordo com as medalhas que os EUA ganharam em Montréal 1976: 94, sendo 34 de ouro. Porém, os países comunistas — campeões em diversas modalidades — boicotaram as Olimpíadas de Los Angeles. Várias medalhas caíram no colo dos EUA, que terminaram com 83 ouros e 174 pódios, no total.
Em muitos restaurantes, tinha mais gente resgatando produtos de graça do que comprando — até o ponto em que os Big Macs começaram a acabar. Ainda assim, a rede continuou com essa promoção até o fim... O prejuízo nunca foi revelado, mas estima-se que tenha sido de dezenas de milhões de dólares.