Ciência
20/02/2022 às 12:00•2 min de leitura
Quem assistiu Tropa de Elite e pôde ver como são os testes para seleção de integrantes para a força de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro, ficou espantado. Mas se está achando que aquela era rigorosa, fique atento: a verdadeira prova de resistência se chama "Semana do Inferno".
Realizada por cinco dias e meio, ela visa selecionar aspirantes para integrarem a força de elite da Marinha dos Estados Unidos. As "provas do líder" no BBB ou as atividades do No Limite não chegam nem perto do que é exigido nessa seleção. Aqui, a coisa é punk.
(Fonte: Flickr)
O nome oficial da "Semana do Inferno" é BUD/S, algo como Treinamento Básico de Demolição Submarina SEAL. A própria Marinha aponta o programa como "o mais duro e exigente que existe" e afirma que seu objetivo é "eliminar os fracos e não comprometidos".
As Forças Armadas fazem questão, ainda, de pontuar que se trata de uma prova de resistência e não de treinamento especial. Ao longo dos exercícios da BUD/S, os candidatos passam por 20 horas de provas físicas por jornada e só têm permissão para quatro horas de sono. Todas as atividades acontecem nas praias da Califórnia, aproveitando o frio como obstáculo.
(Fonte: BBC UK)
Entre os exercícios de provação estão as corridas de 320 km, natação e remo por longas distâncias, e centenas de flexões e abdominais. Mas há outros dignos de reality show, como a "log PT", em que os candidatos carregam um tronco de 70 kg por um período prolongado. Há também outros que, apesar de parecerem simples, são feitos já com o corpo exausto, como ficar imóvel dentro da água recebendo golpes das fortes ondas da região.
A Marinha defende o treinamento afirmando que ele também é mental, reforçando a busca pelos mais inteligentes e resistentes exemplares. A tese é que, ao criar antecipadamente desafios aos quais serão expostos em eventuais guerras, esses futuros militares de elite saberiam resistir mais e melhor. Contudo, a "Semana do Inferno" não é o fim do processo seletivo. Ao fim, os aspirantes ainda precisam passar por outras duas fases, bem como uma prova classificatória.
(Fonte: IB Times)
A "Semana do Inferno" é um evento com atividades tão intensas que os números de aspirantes que conseguem completar é de 25%, ou seja, somente um a cada quatro participantes consegue completar todos os desafios.
Segundo dados oficiais, já ocorreram duas mortes durante o processo seletivo. As autoridades do exército americano defendem os exercícios de resistência e força deste treinamento argumentando que elas são determinantes para definir se um postulante ao SEAL — grupo de militares dedicado às tarefas de maior periculosidade das Forças Armadas — é apto ou não ao cargo. Contudo, a "Semana do Inferno" entrou no noticiário com a divulgação da morte de Kyle Mullen, um aspirante de 24 anos, no último dia 4 de fevereiro.
O jovem militar chegou a completar o treinamento com êxito, porém foi internado em um hospital da Califórnia e faleceu dias depois. A Marinha dos Estados Unidos, em comunicado à imprensa, afirmou que a causa da morte de Mullen ainda é desconhecida e que está sob investigação. Pontuou também que o aspirante não estava em treinamento quando apresentou sintomas de mal-estar.