Ciência
06/04/2022 às 08:00•3 min de leitura
A literatura de horror não seria a mesma sem a obra de Edgar Allan Poe (1809-1849). O escritor norte-americano é autor de uma obra vasta que ajudou a fundar e direcionar os rumos deste gênero literário. Autores como Stephen King, Clive Barker e H.P. Lovecraft já declararam que Poe está entre suas principais influências.
Entre suas obras mais famosas estão a poesia O Corvo, de 1845 (em que um homem é atormentado por um corvo que repete a frase "nunca mais"), e contos como O Gato Preto (1843), Os Assassinatos da Rua Morgue (1841), A Queda da Casa de Usher (1839), entre outros.
O que nem todo mundo sabe é que algumas das histórias mais assustadoras de Edgar Allan Poe foram inspiradas em fatos reais. Conheça as origens de cinco contos de Poe neste texto.
(Fonte: Contos de Terror)
O conto Berenice, um dos primeiros de Poe, narra a história de um homem que fica tão obcecado pelos dentes da esposa morta que acaba cavando seu túmulo para recuperá-los. Como está tão determinado em resgatar os dentes, ele não percebe os gritos da mulher que, aparentemente, foi enterrada viva.
A história pode ter sido criada a partir de um fato real. Edgar Allan Poe estava morando em Baltimore quando um artigo foi publicado no jornal Baltimore Saturday Visiter relatou que ladrões de túmulos foram pegos roubando dentes de cadáveres para dentaduras.
(Fonte: Poe's Club)
Nesse conto, um homem chamado Roderick Usher está gravemente doente. Para tentar ter algum alívio em sua enfermidade, ele envia uma carta a um amigo de infância convidando-o a fazer uma visita. Quando o amigo chega à casa em que Usher mora com sua irmã gêmea, Lady Madeline, encontra um ambiente sombrio, e passa a acompanhar a degradação mental dos dois irmãos. No fim, Usher acaba enterrando a irmã viva no porão de sua casa.
A inspiração para esta história pode ter saído de dois gêmeos da vida real. James Campbell Usher e Agnes Pye Usher eram filhos de um ator chamado Luke Noble Usher, amigo íntimo da mãe atriz de Poe, Eliza Poe. Assim como na história, há relatos de que os gêmeos Usher enlouqueceram.
(Fonte: Contos de Terror)
Nesse conto, um narrador (que não chega a ser nomeado) sobrevive a uma série de torturas inventadas durante a Inquisição Espanhola. Edgar Allan Poe escreveu a história em 1842, 8 anos após a abolição da Inquisição, estabelecida em 1232 pelo Papa Gregório IX para eliminar as pessoas acusadas de serem hereges.
Quem era acusado de heresia era torturado até que confessasse o crime. Caso não assumisse a culpa, poderia ser torturado até a morte; se fosse considerado culpado, era preso ou queimado na fogueira.
A Inquisição Espanhola foi estabelecida em 1478 pelo rei Fernando e a rainha Isabela, quando pediram permissão ao papa para "purificar" o povo da Espanha (o que significava eliminar os não católicos). Por ter sido governada pelo rei, e não pela igreja, a Inquisição Espanhola se transformou em um instrumento político: ela serviu para combater os rivais da monarquia e para enriquecer os cofres reais (uma vez que o governo confiscava os bens do herege).
(Fonte: Plano Crítico)
O Mistério de Marie Roget é a segunda história de Edgar Allan Poe estrelada pelo famoso detetive C. Auguste Dupin. A ideia do conto é fornecer a solução para um mistério real: o assassinato de Mary Cecelia Rogers, apelidada de "The Beautiful Cigar Girl" porque trabalhava como balconista de uma loja de charutos em Nova York.
Mary Cecelia desapareceu em 1841, e seu corpo foi encontrado flutuando no rio Hudson. Havia vários suspeitos, mas a polícia não conseguiu chegar ao assassino. Com isso, os jornais passaram a suscitar indignação e curiosidade do público em torno do caso.
Uma revista chamada The Lady's Companion começou a levantar fundos para obter informações sobre o assassinato. Poe respondeu à revista enviando o conto O Mistério de Marie Roget, no qual prometia não apenas “indicar o assassino de uma maneira que dará um novo impulso à investigação”, mas também indicar um método de investigação que poderia ser usado por departamentos de polícia reais nos próximos casos.
(Fonte: Jogabilidade)
No conto de terror "A Máscara da Morte Vermelha", Poe narra a existência de uma praga chamada de Morte Vermelha que está matando os camponeses, fazendo que sangrem pelos poros e morram em agonia.
Enquanto os pobres morrem, o príncipe Próspero convida 1000 amigos aristocratas para permanecerem em sua abadia, onde realiza um elegante baile de máscaras. Mas tarde da noite, um convidado misterioso aparece. Ele pinga sangue e está vestindo roupas recém-saídas do túmulo.
Quando Próspero tenta expulsá-lo da festa, seu rosto jorra sangue — revelando que ele também foi atingido pela Morte Vermelha. Os demais convidados da festa agarram o penetra, mas descobrem não haver ninguém dentro do traje.
A história foi escrita em 1842, dez anos depois de Poe ter sobrevivido a uma grande epidemia de cólera, que começou na Índia e se espalhou na Europa e nos Estados Unidos. Muitos cidadãos fugiram das cidades, e muitas pessoas — especialmente as pobres — foram vitimadas. Edgar Allan Poe perdeu um dos seus melhores amigos, Ebenezer Burling, para a doença.
Em meio a essa pandemia, um grupo de 2 mil pessoas em Paris realizou um grande baile de máscaras para celebrar o fim do mundo. À meia-noite, um dos convidados chegou vestido com uma fantasia que simbolizava o Cólera. Um relato da festa apareceu no jornal New York Mirror, e é bem provável que Poe o tenha lido.