Ciência
17/08/2022 às 04:00•2 min de leitura
Feito à mão e encontrado entre papéis do juiz Everett Smith, logo após sua morte, no ano de 1933, um mapa integrante dos arquivos da Biblioteca de Pesquisa da Sociedade Histórica do Oregon pode registrar um tesouro guardado desde a época da Guerra Civil norte-americana. Ou não.
Isso porque o manuscrito registrado sob o número 2039 não teve sua autenticidade aferida, nem mesmo se sabe quem o preservou desde sua feitura, no século XIX, até o momento que se tornou público, em 1940. Logo, sob os domínios de bibliotecários, um tesouro pode residir não encontrado, ou ser apenas um documento sem fundamentos.
(Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)
A primeira vez que o mapa de Portland se tornou público foi através de uma reportagem feita pelo Oregon Historical Quarterly, um jornal editado pela própria biblioteca. Era uma nota em que Irving Smith, filho do juiz Everett, citava que havia encontrado um mapa entre os documentos de seu pai.
Trata de um papel de 15x45 centímetros, amarelado pelo tempo e coberta por rabiscos, alguns desenhos e muitas palavras escritas em lápis azul. No ponto em que se destaca a palavra "money" (dinheiro), é possível identificar que há dois sacos com US$ 3000 cada, uma fortuna no ano de 1862 (gravado na extremidade direita do mapa).
Antes de falar a respeito, diz Irving, ele tentou seguir as pistas e encontrar o tal tesouro, obviamente sem sucesso. Sem maiores explicações, a não ser um breve relato de seu pai de que o mapa havia pertencido a um homem indigente. Sem ter o que fazer, o documento foi parar nos registros da biblioteca, virando uma lenda local.
(Fonte: Pexels)
Mapas que dizem envolver tesouros movimentam o imaginário coletivo das pessoas. Não foi diferente com o misterioso documento de Portland. Em 1966, caçadores de tesouros foram atrás do mapa em peso, já que o livro Lost Mines and Treasures of the Pacific Northwest, uma coleção sobre lendas e folclores da região, havia sido falado a seu respeito.
A escassez de informações transformou o mapa em um beco sem saída. Apesar disso, pessoas interessadas na eventual fortuna não desistiram. Por décadas, diferentes grupos se mobilizaram para tentar encontrar os dólares, todos sem sucesso. Cada um interpretava as informações de modo distinto, o que dificultou ainda mais a busca.
Desde a virada do milênio, segundo informações da Biblioteca de Pesquisa da Sociedade Histórica do Oregon, o número de interessados no documento caiu, chegando próximo de zero. Nos últimos 15 anos, somente dez pessoas procuraram o mapa, nem todas estavam interessadas, necessariamente, em uma caça ao tesouro.
(Fonte: Pexels)
Quem lê o valor de US$ 6000 dólares e acredita que é pequeno para tanta comoção, precisa lembrar que a quantia precisa ser ajustada conforme a inflação ao longo dos anos - e aqui estamos falando de mais de 100 anos. Utilizando dados de uma calculadora financeira é possível chegar ao valor atual.
Esta mesma quantidade de dinheiro presente no suposto tesouro de Portland valeria, em valores corrigidos para agosto de 2022, US$ 214.175,42, uma valorização de cerca de 3400%. Em contrapartida, é interessante recordar que o poder de compra também foi corroído pela inflação: a quantia do tesouro, hoje, teria o mesmo poder de compra de US$ 169 dólares.