Ciência
07/11/2022 às 09:00•2 min de leitura
Por mais proeminentes e excelentes que fossem, as mulheres em sua maioria eram deixadas do lado oculto da história pelos mais variados motivos. Por isso, historiadores, pesquisadores e arqueólogos se surpreenderam positivamente quando o pensamento de uma mulher que viveu há mais de 4 mil anos no que hoje é o Iraque, se tornou popular e tópico de estudo entre acadêmicos.
A região da Mesopotâmia foi o lar de muitas mulheres notáveis. Algumas delas exerciam o poder, pertenciam à nobreza e eram extremamente cultas e criativas na escrita. Esse é o caso de Enheduana, uma mulher esquecida com o passar dos séculos, mas hoje lembrada e celebrada.
(Fonte: Instituto Oriental da Universidade de Chicago/ Hyper Allergic/ Reprodução)
Se você nunca ouviu nada a respeito de Enheduana não se preocupe. Até o ano de 1927 essa princesa poetisa era totalmente desconhecida pelo mundo moderno. Aliás, sabemos que o seu nome significa “ornamento do céu”, graças a escavações arqueológicas realizadas por Sir Leonard Woolley no ano citado.
Segundo as descrições feitas sobre ela em escrita cuneiforme, Enheduana também era alta sacerdotisa de Nanna-Suen, uma divindade lunar do amor entre os mesopotâmios.
Em um período que remonta há 4 mil anos, ela compôs 42 hinos do templo. Também escreveu três poemas separados da ritualística que, assim como a Epopeia de Gilgamesh, os pesquisadores consideram um dos mais importantes legados literários da Mesopotâmia. As tabuletas de barro que compõem esse material são bastante conhecidas e estudadas atualmente.
(Fonte: Curve Mag/Reprodução)
Enheduana foi uma mulher notável que exerceu um considerável poder político e religioso. Devido a seus escritos e à época em que foram feitos, a princesa é tida como a primeira autora nomeada na literatura mundial. Além de sacerdotisa da cidade suméria de Ur, era filha do rei Sargão de Akkad.
Após cinco séculos de sua morte, seu nome começou a aparecer como autora de uma série de poemas considerados de ampla circulação. Nesse período, alguns escribas se lembraram dela ao copiar e divulgar tabuinhas com poemas sumérios que levavam seu nome como narradora ou como autora.
(Fonte: Siobhanoshea/ Reprodução)
Em seus últimos anos, a princesa conseguiu atrair a atenção de leitores populares e de estudiosos, contribuindo para mostrar ao mundo o quanto as mulheres foram importantes naquela que é considerada a primeira civilização do mundo. Para os historiadores que pesquisam a vida da sacerdotisa e escritora, sua habilidade de transitar tão bem entre os vários aspectos literários a permitiu ter “várias vidas” de forma muito rápida.
Enheduana foi retratada por um escultor em um disco grosso de alabastro. O relevo mostrava a mulher presidindo um ritual. Na parte de trás do disco, uma inscrição a identifica como e n hedu-anna (ornamento de alta sacerdotisa do céu) na língua suméria.
Para relembrar a primeira autora nomeada do mundo, o Morgan Library Museum, em Manhattan, Nova York, exibe até 19 de fevereiro de 2023 a exposição She Who Wrote: Enheduanna and Women of Mesopotamia. Trata-se de uma impressionante coleção dos textos da sacerdotisa e princesa que visa celebrar sua poesia, legado como autora, sacerdotisa e, principalmente, uma grande mulher.