Ciência
07/01/2023 às 13:00•2 min de leitura
A campanha eleitoral de Joe Biden e Kamala Harris em 2021, que teve o intuito de derrubar de uma vez por todas o corrosivo governo de Donald Trump e Mike Pence após 5 anos no poder dos Estados Unidos, foi considerada uma das mais turbulentas e controversas da história americana.
Isso porque, em meio a escândalos e protestos, com direito a recontagem de votos e atos fascistas, como a invasão do Capitólio por trumpistas, o período quase conseguiu desbancar o caos que foram as eleições que aconteceram em 1876, e colocou pela segunda vez em pouco mais de uma década o país à beira do abismo do colapso governamental e de uma guerra civil generalizada.
Em meio a tudo isso, por que desde 1929 o Mickey Mouse aparece nas cédulas de votação como opção de candidato?
(Fonte: Paul J. Richards/AFP/Getty Images )
Apesar de se tratar de uma nação onde surgiu as maiores potências tecnológicas, os EUA seguem com um sistema praticamente analógico no que diz respeito a um ponto essencial da democracia: o sistema eleitoral.
Dos 50 estados norte-americanos, apenas 6 deles recorrem à urna eletrônica para computar os votos, enquanto nos demais ainda são utilizadas cédulas de papel ou sistemas mistos – que envolvem o voto em uma cédula que é escaneada por um aparelho que computa os votos, ou contada manualmente. Existe uma quantidade esmagadora de cédulas enviadas pelo correio, bem como também é possível depositar seu voto de maneira antecipada.
(Fonte: Getty Images)
E não é só nesse quesito que o país se difere absurdamente do Brasil. Lá, um candidato não é eleito de maneira direta, por vezes, ele vencer nas urnas não significa sua eleição. Isso porque é usado o sistema de "colégio eleitoral" – ou seja, cada estado vale pontos, que equivalem ao número de parlamentares no Congresso.
A Califórnia, por exemplo, região mais populosa dos EUA, tem 55 delegados, em contraste com Alaska, que só tem 3. Os candidatos com mais votos populares em cada estado leva o número total de representantes, sendo que vence a corrida à Casa Branca quem somar 270 delegados de um total de 538.
(Fonte: The American Prospect/Reprodução)
Possivelmente, é essa falta de consistência que viabilizou, sobretudo no século passado, quando os sistemas eram ainda mais rudimentares no processo eleitoral, que o Mickey fosse colocado como candidato à eleição nas cédulas de votação – uma forma de protesto radical e irônico contra os candidatos.
Afinal, o rato carismático criado por Walt Disney em meados de 1928 é considerado o personagem mais popular da História, e igualmente querido, principalmente pelos norte-americanos.
Mesmo pouco tempo após seu surgimento, o Mickey se tornou alvo de candidato ao cargo supremo na Casa Branca logo no início da Grande Depressão, em 1929.
(Fonte: Etsy/Reprodução)
Ao longo das décadas, o Mickey sempre apareceu, com muitos ou poucos votos, mas presente. De acordo com um supervisor eleitoral da Geórgia, em reportagem ao The American Prospect em 2012: “Se ele [Mickey] não obter votos em nossa eleição, é uma eleição ruim”.
Sempre através da inscrição livre como alternativa, em 1932, Mickey empatou com o mafioso Al Capone nas urnas para governador de Nova York. Seu poderio só foi ameaçado pelo gorila Willie B, nas eleições de 1960, que recebeu 390 votos no 5º distrito da Geórgia.
Desde 1984, essa brincadeira de os eleitores inscreverem os próprios candidatos cresceu mais de cinco vezes, conforme análise do KGW8, afiliada da NBC TV, em Portland, Oregon. As leis sobre essa condutam variam conforme cada estado.