Artes/cultura
23/04/2023 às 12:00•2 min de leitura
Os livros são um elemento básico do conhecimento humano e do entretenimento há séculos, e uma característica comum entre eles é sua forma retangular. Embora isso possa parecer um detalhe mundano, na verdade existem várias razões pelas quais eles são moldados assim, e entendê-las pode fornecer informações sobre a nossa história e a evolução da fabricação dessas publicações.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O ato de ler envolve mover os olhos para frente e para trás ao longo de um texto, e se o mesmo for muito curto ou muito longo, acabamos não prestando atenção ou nos perdendo. Sendo assim, existe uma proporção certa para facilitar a leitura, que deve ser de 45 a 75 caracteres, mas idealmente se mantendo por volta de 66 letras. E é por esse motivo que publicações maiores, como jornais e revistas, mantém seus conteúdos em colunas.
Além disso, o leitor precisa ser capaz de conseguir segurar o objeto facilmente, e isso levou o formato e tamanho dos livros a serem ajustados no estilo retangular, cabendo perfeitamente em nossas mãos e com a quantidade ideal de palavras por linha.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Antes da existência dos livros, os seres humanos costumavam utilizar pergaminhos ou papiros para gravar suas informações. Contudo, conforme nossa necessidade de um acesso mais eficiente a textos foi crescendo, passamos a adotar a forma do códice, uma pilha de folhas dobradas e costuradas ao longo de uma aresta.
No início, essas publicações ainda estavam longe do que estamos acostumados atualmente, com seus tamanhos sendo ditados pela altura dos pergaminhos utilizados em sua confecção. O número de colunas também não seguia um padrão que facilitava a leitura, sendo ajustadas ao longo dos séculos, passando de quatro para então duas ou apenas uma.
Porém, antes de se tornarem uma parte comum de nosso cotidiano, os sucessores do códice eram vistos como um artigo de luxo, sendo tão grandes que precisavam ser apoiados em pedestais para serem lidos.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Além do formato anatômico ideal, que mantém nossas mãos próximas, livros retangulares são simplesmente mais práticos. Eles podem ser facilmente armazenados ou empilhados nas prateleiras, tornando mais fácil para bibliotecas e indivíduos organizarem suas coleções.
Essa forma também é mais propícia à impressão, pois pode ser tranquilamente produzida em grandes quantidades com impressoras, e também oferece amplo espaço para texto, ilustrações e outros conteúdos, e ainda mantendo o tamanho gerenciável.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O formato retangular dos livros tornou-se profundamente enraizado em nossa consciência cultural. Nós os associamos a um estilo e tamanho específicos, e os desvios dessa norma podem ser chocantes ou até confusos, e isso, além dos motivos anatômicos, se torna evidente no design de leitores digitais e tablets.
Vale ressaltar que publicações pop-up, por exemplo, são um grande desvio dessa regra, geralmente apresentando páginas em outros formatos que se abrem para revelar ilustrações tridimensionais. Da mesma forma, algumas obras também foram intencionalmente projetadas para desafiar ou subverter o molde tradicional, no entanto, elas são geralmente vistas como exceções e não como regra.
Em conclusão, a forma retangular dos livros não é apenas uma questão de convenção ou tradição – é uma necessidade prática e histórica que se tornou profundamente consolidado em nossa consciência. E embora alguns tenham tentado fugir desse modelo, o retângulo ainda é o padrão para a maioria das publicações e provavelmente continuará assim no futuro previsível.