Tumba de Talpiot: o túmulo de Jesus foi realmente encontrado?

20/04/2023 às 12:003 min de leitura

Um documentário produzido por James Cameron, diretor de Titanic e Avatar, afirma ter evidências científicas de que o túmulo com ossadas que seriam de Jesus, de sua mãe Maria, seu pai José e de um suposto filho chamado Judá, além de Maria Madalena. O cineasta alega ter feito a maior descoberta da história, porém diversos especialistas discordam.

O filme O Sepulcro Esquecido de Jesus (The Lost Tomb of Jesus), lançado em 2007, é dirigido por Simba Jacobovici, um jornalista com nacionalidade israelense e canadense, vencedor de três prêmios Emmy de Melhor Jornalismo Investigativo, e especializado em obras que tocam temas religiosos.

Na época de seu lançamento, uma conferência de estudiosos foi realizada em Jerusalém, em Israel. As discussões foram consolidadas no livro The Tomb of Jesus and His Family? Explorando antigas tumbas judaicas perto das muralhas de Jerusalém, em 2013, que subsidiam as alegações do documentário, mas o tema ainda gera controvérsia.

Como o suposto túmulo de Jesus foi descoberto?

Ossuário tem a escrita "Judá, filho de Jesus" em aramaico. (Fonte: Wikimedia/The Israel Museum/Reprodução)Ossuário tem a escrita "Judá, filho de Jesus" em aramaico. (Fonte: Wikimedia/The Israel Museum/Reprodução)

Em 1980, durante a construção de um complexo de apartamentos em Talpiot, um bairro de Jerusalém, um túmulo foi descoberto. Os primeiros a descobrirem o local foram crianças brincando com crânios. Após os arqueólogos chegarem ao local, uma escavação de resgate foi realizada de acordo com o protocolo arqueológico estabelecido em Israel.

Os especialistas desenharam plantas da tumba, catalogaram os artefatos e 10 ossadas humanas, armazenaram os artefatos para pesquisas posteriores e depois enterraram os ossos em outro lugar. No entanto, o relatório da escavação, escrito pelo arqueólogo Amos Kloner, não foi publicado até 1996.

A tumba descoberta em Talpiot é típica de muitas outros túmulos judaicos e palestinas do século I d.C. Para aproveitar melhor o espaço, muitas vezes havia a prática de sepultamentos secundários em ossuários, caixas de pedra nas quais os ossos eram colocados após a desintegração dos tecidos, geralmente cerca de um ano após a morte.

Quais são as evidências de que a ossada era de Jesus e sua família?

O túmulo de Talpiot contém ossuários com inscrições que se assemelham aos nomes de membros da família de Jesus, como "Jesus, filho de José", "Maria", "José", "Judá, filho de Jesus" e “Mariamene”, alegam os especialistas entrevistados pelo documentário.

Um teste de DNA foi realizado nos restos mortais encontrados e apontaram que a ossada de “Mariamene” era a única que não pertencia à mesma família, levando os documentaristas à conclusão de que seriam de Maria Madalena, que supostamente teria casado com Jesus, de acordo com evangelhos apócrifos.

Ainda que os nomes inscritos tenham sido bastante comuns na época em que Jesus viveu, o filme apresentou um cálculo estatístico que concluiu que seria bastante improvável, uma chance de 600 para 1, que as nomenclaturas aparecem juntos em uma tumba.

O que dizem outros especialistas em história e arqueologia?

Os acadêmicos em história e arqueologia consideram que abordar um tema complexo em um documentário e sem o rigor da pesquisa científica facilita o encobertamento de falhas na apresentação de evidências. O lançamento do documentário seria apenas uma cortina de fumaça midiática para esconder a falta de revisão das informações.

Eles apontam que o nome Jesus era muito comum na época e é encontrado em diversas tumbas. Além disso, os outros nomes mencionados no túmulo de Talpiot são apenas variantes das nomenclaturas encontradas nos evangelhos canônicos. Dessa forma, essa evidência seria altamente especulativa e não é apoiada por evidências históricas ou bíblicas.

Os especialistas também afirmam que não há relatos contemporâneos da morte e sepultamento de Jesus que subsidiam a ideia da existência do túmulo. As fontes mais próximas no tempo são os evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas, que foram escritos entre 30 a 50 anos após a morte de Jesus e não dão indicativos de que a tumba seja verdadeira.

O túmulo de Jesus na Igreja do Santo Sepulcro

A Igreja do Santo Sepulcro é a localização mais aceita para o túmulo de Jesus. (Fonte: Wikimedia/Ana Paula Hirama/Reprodução)A Igreja do Santo Sepulcro é a localização mais aceita para o túmulo de Jesus. (Fonte: Wikimedia/Ana Paula Hirama/Reprodução)

Outro suposto túmulo de Jesus foi descoberto em Jerusalém, dentro da Igreja do Santo Sepulcro em 2016, durante a restauração do local. Acredita-se que o túmulo tenha sido preservado desde o século IV, quando o imperador romano Constantino ordenou a construção da igreja no local.

Os arqueólogos responsáveis pela restauração removeram uma estrutura de mármore que cobria o túmulo e encontraram uma segunda camada de mármore. Sob essa camada, eles descobriram uma pedra calcária que continha uma cruz gravada e uma cavidade que acreditam ser o local onde o corpo de Jesus teria sido colocado após sua crucificação.

A descoberta foi recebida com entusiasmo por muitos cristãos ao redor do mundo, que passaram a frequentar o local. Alguns estudiosos argumentam que não há provas conclusivas de que o túmulo pertenceu a Jesus, enquanto outros apontam que as evidências arqueológicas e históricas apontam fortemente para a autenticidade do local.

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