Artes/cultura
21/06/2023 às 10:00•4 min de leitura
Todos nós já ouvimos falar de idiomas antigos que caíram no esquecimento. Mas, graças à ciência moderna, algumas línguas ganharam uma segunda chance e estão sendo faladas novamente. Confira a lista com 6 idiomas "mortos" que os historiadores conseguiram trazer de volta à vida!
(Fonte: Reprodução)
Apesar de já ter sido uma língua poderosa e peça-chave para as antigas civilizações, o hebraico entrou em declínio por volta do século III a.C. Nessa época, o aramaico dominou a cena em Israel, Palestina e região vizinhas, tomando o lugar da língua criada pelos hebreus. Mesmo assim, o hebraico conseguiu se manter na jogada graças ao seu uso em textos religiosos até o século XIII, quando, infelizmente, acabou perdendo completamente a vez. Ficou lá, esquecido, sem ser falado por vários anos. Porém, no século XIX, estudiosos decidiram trazer a língua de volta às bocas por aí!
A história é um tanto quanto divertida! Alguns pesquisadores judeus fizeram a promessa de só falar em hebraico dentro de suas casas, e até lançaram jornais no idioma. Foi uma fase de iluminação judaica, em que esses estudiosos se esforçaram para se reconectarem com as suas heranças antigas. E não é que deu certo? O hebraico deu um "pulo do além" e voltou à ativa!
(Fonte: Reprodução)
O manchu é uma língua nativa da região da Manchúria, no nordeste da China, e foi amplamente falada durante a Dinastia Qing, a última linhagem imperial do país. Depois da queda da dinastia, o idioma também foi caindo no esquecimento. O manchu acabou sendo substituído pelo mandarim chinês, e os falantes da língua foram até mesmo perseguidos.
No entanto, alguns amantes do idioma conseguiram se esconder em vilarejos isolados na China rural! Graças a esses corajosos, o conhecimento da língua sobreviveu e começou a ressurgir na China pós-Mao, entre os anos de 1977 e 1984. Nessa época, as pessoas já não eram mais perseguidas por falar manchu como antes. E, com muito orgulho da própria herança, começaram a estabelecer aulas do idioma para resgatar a língua perdida.
Hoje em dia, ainda existem menos de mil falantes de manchu no mundo todo. Porém, várias ONGs apoiam as aulas da língua, com a esperança de aumentar esse número nos próximos anos. Vamos torcer para o manchu continuar dando a volta por cima?
(Fonte: Cardiff University’s School of Journalism, Media and Culture)
O manês, manx ou manquês, é uma língua nativa da Ilha de Man, no Reino Unido. Apesar de ter sido falado principalmente nessa região, o idioma entrou em decadência por volta do século XIX, com a ascensão do inglês. Os habitantes da ilha acreditavam que o manês não seria lá muito útil no futuro — era melhor ensinar o inglês para as crianças, pensando em um futuro mais promissor. No ano de 2009, a UNESCO oficialmente declarou o idioma como "morto".
Mas, recentemente, o manês voltou à ativa por conta de uma só pessoa, chamada Brian Stowell. O linguista, físico, autor e personalidade de rádio, leu um artigo do ano de 1953 sobre um homem que se lamentava pelo declínio do idioma. Stowell, nascido na Ilha de Man, sentiu-se inspirado a aprender a língua nativa de sua região por conta própria! Junto com o autor do artigo, eles formaram um grupo que se reunia para ouvir gravações em manês e tentaram ressuscitar a língua.
Hoje em dia, o movimento continua ganhando força, com algumas escolas primárias na ilha que chegam a ensinar exclusivamente em manx. Estima-se que haja quase 2 mil falantes do manês atualmente, embora a fluência possa variar de pessoa pra pessoa. Quem diria, hein? Ele voltou com tudo!
O livoniano é o idioma raiz do povo da Letônia, e era falado pelos nativos que viviam no país e no leste da Estônia. Porém, devido ao contato crescente dessa região com os povos bálticos, que chegaram por lá no século XIX, o idioma foi perdendo a relevância até ser esquecido. Na realidade, a língua chegou a resistir por mais um tempinho, mas em 2013, o último falante nativo da língua faleceu. Triste, né?
Mas, trazemos boas notícias! Desde que a Letônia conquistou a independência da Rússia, o país vem batalhando para reviver a cultura letã — e uma parte importante disso é trazer de volta o idioma livoniano! Hoje em dia, estima-se que algumas dezenas de pessoas já falem a língua tranquilamente. Mais um idioma que voltou das cinzas!
(Fonte: Pxhere)
O gaélico irlandês é o idioma raiz da Irlanda e tem uma conexão bem próxima com o gaélico escocês. Durante o século XVII, a língua passou por dificuldades por conta de leis estabelecidas pelos ingleses, que proibiram o uso do gaélico irlandês no país. Nem mesmo as crianças passavam despercebidas — as escolas receberam ordens para punir quem fosse pego falando o idioma. Com toda essa pressão, a língua foi ficando cada vez mais rara. Ela só era falada em algumas poucas comunidades rurais e, mesmo assim, apenas dentro de casa para evitar problemas!
Porém, no fim do século XIX, uma onda de interesse em resgatar a língua nativa da Irlanda voltou à ativa. Um escritor chamado Eoin MacNeil liderou um grupo de pessoas que fundaram a Liga Gaélica, com a missão de lutar para que o idioma voltasse a ser falado no governo e ensinado nas escolas.
Acredita que deu certo? O gaélico irlandês foi sendo reintroduzido aos poucos nas comunidades locais. Hoje em dia, estima-se que entre 40 mil e 80 mil pessoas falem o idioma!
(Fonte: Lahainaluna Seminary)
O 'OleloHawai'i, ou simplesmente havaiano, é o idioma nativo do estado do Havaí, nos Estados Unidos. Acredite se quiser — no comecinho, era só falado, sem qualquer forma de texto escrito.
Quando colonizadores ingleses chegaram às ilhas nos séculos XVIII e XIX, o inglês foi declarado a língua oficial do país, substituindo o havaiano na sociedade em geral. E, para piorar, a visão ocidental que assolava o país decidiu que as tradições e a língua havaiana tinham que ser apagadas. Resultado: o idioma foi completamente sufocado. Em 1898, quando o Havaí virou território dos Estados Unidos, proibiram oficialmente o uso do idioma nas escolas e até perseguiam quem falava.
Mas nos anos 1960 e 1970, uma onda de interesse na cultura nativa começou a crescer e os locais começaram uma luta para resgatar o havaiano. E não é que deu certo? Em 1978, o havaiano foi oficialmente reconhecido como língua oficial do Havaí, sendo o único estado dos EUA com duas línguas oficiais.
Hoje em dia, o idioma é ensinado e incentivado nas escolas havaianas e faz parte da cultura das ilhas. Estima-se que, atualmente, existam mais de dois mil falantes da língua, e o número continua aumentando devido a séries e filmes que retratam a cultura do país, como "Lilo & Stitch", por exemplo. Aloha!