Saúde/bem-estar
10/08/2023 às 14:00•2 min de leitura
“Uma mulher traída é uma mulher vingada”, diz o tradicional e igualmente machista ditado popular que ainda insiste no senso comum. Mas vamos considerar que no século VI as mulheres eram vistas como descartáveis, principalmente na China, onde as dinastias eram compostas por estruturas patriarcais que mantinham a sociedade aos seus pés.
Na China Antiga, as mulheres não tinham nenhum tipo de direito legal, exceto em relação aos seus dotes, e estavam restritas a trabalhos domésticos. Era exigido tanto das mulheres que elas eram obrigadas a se submeterem a vários tipos de práticas para agradar um homem, como amarrar os próprios pés para que ficassem pequenos e delicados, visto que isso era considerado mais feminino e atraente.
Essa trajetória toda, no entanto, não nos faz imaginar como o imperador chinês Xiaowu foi morto por uma piada que fez a sua concubina.
Imperador Xiaowu. (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
O nascimento de Xiaowu foi considerado um milagre. Sua mãe se chamava Li Lingrong e era uma serva e costureira que trabalhava para o governante Sima Yu. Segundo a história, Lingrong teria ouvido de uma espécie de oráculo que ela seria responsável por dar à luz o herdeiro de Sima Yu, cujos filhos, naquela época — o ano 362 —, já tinham morrido.
Ao comunicá-lo, o imperador foi mais movido pelo desespero em ter um herdeiro o mais rápido o possível do que pelas supostas palavras proféticas do oráculo. Rapidamente, o homem aceitou Lingrong como sua concubina e a engravidou. Naquele mesmo ano, nasceu Sima Yao.
Em 371, após o imperador Fei perder uma batalha derradeira, o general supremo Huan Wen acusou-o de impotência e de não ser o pai biológico de seus filhos. Com isso, o general o depôs e fez do governador Sima Yu o novo imperador Jianwen, embora o poder verdadeiro ainda permanecesse nas mãos de Huan Wen.
Depois que o imperador supremo morreu, Sima Yao, filho de Sima Yu, aos 10 anos, foi declarado príncipe herdeiro e assumiu o trono da dinastia Jin como imperador Xiaowu.
(Fonte: HIstory Collection/Reprodução)
Nos primeiros anos, porém, o reino foi governado por um conselho de regentes. Xiaowu começou a ter mais autonomia apenas aos 13 anos, quando se casou com uma jovem de 16 anos, que acabou morrendo pouco mais de 5 anos depois de tanto consumir bebidas alcoólicas.
O próprio Xiaowu era considerado relapso, só se importava em beber e festejar. Diziam que ele apenas tolerava os assuntos de Estado que seus conselheiros falavam e não entendia muito bem sobre nada do que estava acontecendo ao seu redor.
Ao ficar viúvo, ele nunca mais se casou oficialmente, mas teve uma série de concubinas. Entre elas, Lady Zhang era considerada sua preferida. Durante uma festa, Xiaowu teve a infeliz ideia de dizer que logo a substituiria porque ela estava chegando na casa dos 30 anos.
A história diz que, de fato, isso foi uma piada, visto que, além de ser um sedutor e bon vivant, Xiaowu era considerado muito piadista. Lady Zhang, porém, entendeu isso como uma ameaça para seu futuro, então decidiu fazer algo a respeito antes que fosse descartada. A mulher subornou os guarda-costas do imperador para permitir que o caminho ficasse livre para que ela pudesse entrar em seus aposentos com os próprios servos e fazê-los sufocar Xiaowu com as roupas de cama.
Aos 35 anos, o imperador Xiaowu morreu. Ninguém nunca se preocupou em responsabilizar Lady Zhang pelo assassinato — muito pelo contrário. A morte do homem foi interessante para a corte, porque significava que poderiam colocar outro no trono, um que poderia ter mais interesse pelos assuntos políticos e que eles pudessem controlar mais facilmente.