Passado brutal de Bornéu é revelado em arte rupestre recém-descoberta

28/08/2023 às 10:002 min de leitura

A caverna Gua Sireh, localizada na ilha de Bornéu, é conhecida pelas centenas de desenhos em carvão que revestem as paredes de suas câmaras principais. Recentemente, uma equipe de pesquisadores da Universidade Griffith, da Austrália, datou oficialmente alguns desses desenhos que revelam uma história triste, porém verdadeira, da região.

Segundo os estudiosos do Museu de Sarawak, as artes rupestres foram feitas entre 1670 e 1830, o que corresponde a uma época de crescente conflito na ilha. No início do século XIX, Sarawak vivia grande instabilidade política, o que causou grandes consequências para a população local.

Governabilidade em Sarawak

(Fonte: Andrea Jalandoni/Reprodução)(Fonte: Andrea Jalandoni/Reprodução)

No passado recente, Sarawak, que é o estado malaio onde a ilha de Bornéu está, era um território pouco governado pelo Sultanato de Brunei. O Império Bruneano só tinha autoridade ao longo das regiões costeiras do estado, que eram comandadas por líderes malaios semi-independentes.

Como resposta, o povo malaio que controlava a área passou a cobrar pesados tributos às famílias indígenas das colinas locais, incluindo os Bidayuh. Para essa tribo, a caverna Gua Sireh era vista como um refúgio da violência territorial no início dos anos 1800, quando um chefe malaio muito severo exigiu que todos entregassem seus filhos.

Os Bidayuh obviamente se recusaram a obedecer tal tipo de ordem e foram se esconder em Gua Sireh, onde inicialmente detiveram uma força de 300 homens armados que tentavam entrar na caverna para capturá-los. Depois que dois Bidayuh foram baleados e sete foram feitos prisioneiros, a maior parte da tribo escapou por uma passagem na parte de trás da maior câmara da caverna, onde os desenhos foram encontrados.

Relatos de brutalidade

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

As figuras desenhadas em Gua Sireh são relatos desesperados de um povo que estava sendo perseguido. Contudo, essas são apenas algumas artes entre uma ampla gama de desenhos encontrados desde as Filipinas, passando pelo Sudeste Asiático, passando por Bornéu até a Península da Malásia.

Acredita-se que esse tipo de desenho esteja associado à diáspora dos povos de língua austronésia. Trabalhos de datação anteriores mostram que desenhos semelhantes já foram feitos nas Filipinas entre 3500 e 1500 a.C., no sul de Sulawesi.  "Queríamos confirmar que as imagens foram desenhadas com carvão, já que há um número limitado de substâncias que podem ser datadas por radiocarbono", disse a coautora do estudo, Jillian Huntley.

Além da datação por radiocarbono, o processo também foi auxiliado pelas histórias orais de Bidayuh, que registram a experiência da violência territorial e colonização na região. Os pesquisadores sabiam a partir de estudos anteriores que a arte rupestre no noroeste de Bornéu é dominada por desenhos de animais, pessoas, navios e desenhos geométricos. 

Em Gua Sireh, por sua vez, as pessoas foram desenhadas usando cocares e armadas com escudos, facas e lanças — o que ajudou a determinar a idade das artes rupestres. Os historiadores esperam que estudos futuros possam aplicar técnicas semelhantes a outros desenhos na região para revelar ainda mais informações sobre esse passado complexo da história humana em Sarawak. 

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