Ciência
16/10/2023 às 12:00•2 min de leitura
Centenas de jarras de vinho de 5 mil anos foram encontradas na tumba da rainha Merneith do Egito, na região de Abidos, durante escavações. Parte da bebida estava em potes lacrados, como informou o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito no dia 1º de outubro.
De acordo com a equipe internacional de especialistas, liderada pela arqueóloga da Universidade de Viena (Áustria), Christiana Köhler, as jarras de vinho provavelmente datam de 3050 a.C. a 3000 a.C., quando a rainha consorte assumiu o trono. Muitas delas preservam o líquido em seu interior.
Junto com os potes, os pesquisadores localizaram sementes de uva incrivelmente preservadas. Espera-se que o material ajude a esclarecer como funcionavam os processos primitivos de produção, comércio e consumo da bebida na região do Mediterrâneo e no Norte da África.
(Fonte: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito/Divulgação)
“A análise dos resíduos deixados no interior dos frascos, por exemplo, poderia trazer luz sobre a composição química do vinho que estava dentro, revelando seu perfil de sabor e quaisquer ingredientes aditivos que foram utilizados”, explicou o professor da Universidade de Londres, Emlyn Dodd, em entrevista à Newsweek. Ele não participou do estudo.
A descoberta dos vinhos de 5 mil anos no túmulo da rainha Merneith também pode revelar detalhes sobre a vida da misteriosa monarca egípcia, da qual se suspeita ser a primeira mulher faraó, anterior a Hatshepsut. Além da valiosa bebida, a tumba guarda outros indícios de que a pessoa enterrada ali era poderosa.
O túmulo se localiza em uma região conhecida como cemitério dos faraós do sexo masculino do início do período dinástico. A área, que fica a pouco mais de 10 km de distância do rio Nilo, tem vista para um vale que os antigos egípcios acreditavam ser passagem para o reino dos mortos.
(Fonte: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito/Divulgação)
Soma-se a isso a grandiosidade da tumba, que tem inscrições relacionadas ao trabalho desempenhado por Merneith. Conforme a pesquisa, os textos indicam que ela cuidava dos gabinetes do governo central, sendo a responsável pelo tesouro real.
Considerada por muitos como a “mulher mais poderosa da sua época”, há dúvidas se ela governou sozinha e em relação à duração do seu governo.
Outro detalhe que revela a importância da rainha Merneith é a presença de 41 tumbas menores ao redor da principal. Os especialistas acreditam se tratar de conselheiros e pessoas que serviam à monarca — em agradecimento, foram enterradas junto com ela.
(Fonte: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito/Divulgação)
Segundo os arqueólogos, o complexo foi construído ao longo do tempo, utilizando argila, tijolos e madeira. Isso sugere que as pessoas sepultadas perto da rainha não foram mortas em um ritual de sacrifício, como se suspeitava.