Ciência
20/10/2023 às 02:00•2 min de leitura
Quando Cristóvão Colombo chegou ao Novo Mundo, um grupo indígena originário vivia em extrema sintonia com a natureza. Os taínos foram uma etnia que habitou as ilhas do Caribe antes da chegada dos europeus. Com uma cultura rica e complexa, eles desempenharam um papel fundamental na história da região.
Cristóvão Colombo chegou a escrever sobre o povo, afirmando que eram extremamente dóceis e com ótimo aspecto físico. Em carta, ele também afirmou que eles não conheciam nem carregavam armas e que deveriam ser bons servos. Infelizmente, os colonizadores subjugaram os taínos em pouco tempo e — seja pelas armas, seja pelas doenças que trouxeram — quase extinguiram essa civilização.
Ainda há debate sobre a origem dos taínos e sua chegada às ilhas do Caribe. Parte dos arqueólogos acredita que eles possam remontar a grupos indígenas da bacia do rio Amazonas, como descendentes da família linguística dos aruaques e até ligação com os ianomâmis. Outras teorias sugerem que os grupos originários podem ter migrado da Colômbia, o que explicaria até certos traços de inspiração asteca em sua cultura.
De qualquer forma, já há registros desde o século XI da habitação de indígenas nas ilhas de Porto Rico e na região do Caribe, incluindo as ilhas de Cuba, Hispaniola (atualmente Haiti e República Dominicana) e Jamaica. Apesar de haver pouca precisão sobre os números, estima-se que no auge do povo taíno as diferentes aldeias pudessem ter reunido entre 1 milhão e 8 milhões de indígenas desse grupo.
Estátua do guerreiro taíno Agüeybaná II, em Porto Rico. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Os taínos tinham aldeias altamente organizadas que podiam abrigar até 3 mil pessoas. A sociedade era disposta em grupos liderados por caciques, que herdavam o título por linhagem matrilinear. Eles eram conhecidos por sua habilidade na pesca, arte, cerâmica, música e dança, além de serem ótimos navegadores, com conhecimento para a construção de canoas que podiam transportar até 150 pessoas. Além disso, os Taínos eram agricultores habilidosos, cultivando principalmente mandioca, batata-doce, milho e outras plantas.
A crença religiosa dos taínos era parte fundamental da sociedade. Eles adoravam uma variedade de deuses e espíritos que personificavam elementos da natureza. Seus rituais envolviam danças, música, oferendas e cerimônias de comunhão com os espíritos, guiadas pelos xamãs e por meio de plantas alucinógenas.
A chegada de Cristóvão Colombo em 1492 marcou o início do declínio dos taínos. Os primeiros contatos amistosos logo deram lugar à escravização e à violência. Colonizadores europeus trouxeram doenças como a varíola, gripe, sarampo e tifo, para as quais os nativos não tinham resistência, resultando em epidemias devastadoras.
Além disso, os europeus impuseram o trabalho forçado e a exploração dos recursos naturais das ilhas, levando a conflitos e genocídio. Muitos indígenas se recusaram a trabalhar para alimentar os espanhóis, outros foram forçados a trabalhar em minas, o que levou a uma escassez de alimentos, contribuindo para mais mortes. Como resultado, em poucas décadas, a população taíno foi reduzida a uma fração de sua quantidade original, estima-se que, em menos de 30 anos de contato, a população tenha diminuído cerca de 80%.
A exploração e colonização do Caribe por parte dos espanhóis também resultou na destruição de muitos aspectos da cultura taíno. Artefatos religiosos foram destruídos, e a língua taíno quase desapareceu. Muitas mulheres foram levadas à força, e outros Taínos foram forçados a se assimilar à cultura e religião dos colonizadores, perdendo parte de sua identidade cultural.
Apesar da quase extinção de sua cultura, os taínos não desapareceram completamente. Alguns descendentes ainda habitam as ilhas do Caribe, especialmente em Porto Rico e na República Dominicana. A tradição taíno sobreviveu de várias maneiras. Muitos elementos da cultura foram incorporados à cultura caribenha em geral, incluindo práticas culinárias e agrícolas, além da música, dança e grande parte da língua, que sobreviveu em palavras absorvidas pelo inglês e o espanhol.
Atualmente, grupos de descendentes fazem esforços para preservar e revitalizar a cultura taíno, incluindo o resgate da língua e a promoção das tradições remanescentes.