Ciência
06/12/2023 às 12:00•2 min de leitura
Presente nos trending topics pela sua responsabilidade em um dos maiores desastres ambientais urbanos na história do Brasil, a Braskem é uma empresa global de química e petroquímica, com sede em São Paulo e unidades industriais no Brasil, Estados Unidos, Alemanha e México. Ela é líder na produção de resinas termoplásticas (PE+PP+PVC) nas Américas e a sexta maior petroquímica do mundo.
Quanto à situação financeira, após fechar 2022 com receita de R$ 95,6 bilhões e um prejuízo de R$ 338 milhões, a multinacional brasileira reportou, no terceiro trimestre de 2023, um prejuízo de R$ 2,418 bilhões, perda 119,2% maior quando comparada ao resultado negativo no mesmo período do ano passado. Conforme a B3, a petroquímica possui 49 mil investidores PF, 3,6 mil PJ e 373 investidores institucionais.
Seus principais acionistas hoje são a Petrobrás e a Novonor (ex-Odebrecht), que, segundo a Folha de S. Paulo, busca há anos vender parte de suas ações. De acordo com a publicação paulistana, os controladores estão avaliando uma proposta no valor de R$ 10 bilhões vinda da ADNOC (Abu Dhabi National Oil Company), dos Emirados Árabes Unidos.
(Fonte: APA Alagoas)
A trajetória da Braskem em Maceió segue a exploração de 35 minas de sal-gema, mineral composto principalmente por cloreto de sódio (NaCl) encontrado em depósitos subterrâneos. A mina 18, que ameaça agora colapsar, é uma das estruturas usadas desde 1976, quando a empresa ainda se chamava Salgema Indústrias Químicas S/A.
O sistema que a empresa usava para extrair a matéria-prima da soda cáustica e do policloreto de vinila (PVC) era o seguinte: a Salgema cavava um poço e injetava água para obter sal através da salmoura. Depois, a solução era retirada na superfície, e a empresa então preenchia o poço, para dar estabilidade ao solo.
Porém, após 40 anos de exploração, algumas dessas minas tiveram vazamento de líquido, o que causou grande instabilidade no solo de Maceió, resultando em inúmeros buracos. Após um tremor de terra sentido na cidade em março de 2018, a Braskem encerrou a extração de sal-gema na região em maio de 2019 e passou a preencher todos os poços novamente.
Mesmo antes do tremor de terra em 2018, começaram a surgir, no tradicional bairro do Pinheiro em Maceió, rachaduras nos imóveis, fendas nas ruas, afundamentos de solo e crateras que começaram a aparecer do nada. Logo circularam boatos de que teria havido uma acomodação do solo e que a antiga estrutura de contenção das minas poderia ser o motivo dos danos provocados na superfície.
A área dos danos foi gradativamente aumentando, abrangendo ainda naquele ano imóveis e ruas do bairro do Mutange, abaixo do Pinheiro, e do vizinho Bebedouro. No ano seguinte, moradores do Bom Parto também relataram danos em seus imóveis. Para esclarecer a natureza do fenômeno, o Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) estudou o solo dos locais atingidos e em pouco tempo descartou uma causa geológica natural.
De acordo com o Ministério Público Federal em Alagoas, os cientistas participantes do estudo afirmaram "que o tremor de terra ocorrido em março de 2018 se deu em razão do desmoronamento de uma dessas minas". Agora, em 2023, novamente a ameaça do desabamento de outra mina (a 18) mantém 14 mil moradores fora de suas casas. O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) multou a Braskem em R$ 72 milhões.