Ciência
24/02/2024 às 09:00•2 min de leitura
Em 13 de março de 1988, o Japão inaugurava um de seus maiores projetos de mobilidade urbana: o túnel Seikan. Com 53,85 quilômetros de extensão, ele é considerado a maior estrutura do gênero na categoria construção submarina do mundo.
O túnel Seikan surgiu com o intuito de ligar as ilhas de Honshu e Hokkaido, unindo regiões que estavam separadas por grandes extensões de água. Por conta disso, seu primeiro trecho percorre 23,3 quilômetros sob o leito marinho, e o trajeto restante é feito acima do mar, cruzando uma série de pontes.
Outro recorde referente ao túnel é ser a segunda maior construção sobre trilhos do mundo. No momento, o Seikan perde apenas para o túnel de base de São Gotardo, localizado nos Alpes Suíços com 57 quilômetros de extensão.
Seikan recebe trens-bala e trens de carga todos os dias. (Fonte: Cheng-en Cheng/Flickr/Reprodução)
A ideia para a construção do túnel Seikan veio após uma série de estudos para melhorar a infraestrutura da malha ferroviária do Japão. O momento decisivo aconteceu em 1954, quando o furacão Marie atingiu o país e naufragou cinco balsas que estavam cruzando o estreito Tsugaru. Com isso, 1.430 pessoas perderam suas vidas, forçando a nação a buscar uma alternativa mais segura.
A resposta veio com um estudo iniciado em 1955, quando a companhia Japanese National Railways passou a estudar a viabilidade de um meio de transporte que suportasse grandes quantias de carga e pessoas. Além disso, seria necessário usar a estrutura do estreito Tsugaru para agilizar o processo.
Após todas as avaliações, as primeiras escavações começaram em 1964, mas foi apenas em 1971 que a equipe de construção passou a atuar com mais ênfase no projeto. Em partes, isso aconteceu pela dificuldade de fazer escavações pelo leito do mar, já que o túnel percorre 240 metros abaixo da superfície do mar em sua parte mais profunda.
Túnel Seikan tem parte do seu trajeto passando por baixo do leito do mar. (Fonte: Wikimedia Commons)
Por conta de todo escopo do projeto, a construção teve um investimento de US$ 3,5 bilhões apenas no túnel. Ainda houve a injeção de mais US$ 1,2 bilhão para a ferrovia, totalizando um custo de aproximadamente US$ 4,7 bilhões.
No total, foram necessários 24 anos de trabalho e o envolvimento de 14 milhões de trabalhadores. Entretanto, as condições não foram fáceis, com vários problemas de deslizamento de terra e inundações no processo que resultaram na morte de 34 pessoas.
Hoje, mais de três décadas depois de sua inauguração, o túnel Seikan recebe tráfego diário estimado de pelo menos 50 trens de carga e 30 trens-bala. Além disso, há um projeto de ampliá-lo até 2030, fazendo com que sua rota tenha como parada final a cidade de Sapporo, capital de Hokkaido.
Cheng-en Cheng