Artes/cultura
28/02/2024 às 06:00•2 min de leitura
Heligolândia, uma pequena ilha do Mar do Norte na Europa, a 46 quilômetros da costa da Alemanha e 70 quilômetros da costa da Inglaterra, protagonizou um dos eventos literalmente mais explosivos do planeta. No dia 18 de abril de 1947, a Marinha Real Britânica detonou no local o equivalente a 3,2 quilotons do explosivo TNT, até então a maior explosão artificial não nuclear da história mundial.
Com menos de dois quilômetros quadrados (pouco mais que o Parque do Ibirapuera, em São Paulo), a ilha é considerada a única ilha offshore da Alemanha, pois não é visível da costa. Existem, atualmente, 1,2 mil habitantes no local, que vivem do turismo e de turístico e uma indústria de turbinas eólicas instalada.
No passado, a ilhota já havia sido cenário de conflitos, quando os britânicos a tomaram da Dinamarca em 1807, durante as Guerras Napoleônicas. Em 1890, ela foi devolvida aos alemães em troca de Zanzibar, ilha que era uma potência comercial no oceano Índico. O Kaiser Guilherme II aproveitou para equipar Heligolândia com fortificações e armas, para proteger o recém criado Canal de Kiel, que ligava o mar do Norte ao Báltico.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Durante a Segunda Guerra Mundial, Heligolândia foi considerada uma ameaça potencial para as forças aliadas. Na época, a Alemanha instalou na ilha novas fortificações e instalações, para apoiar sua frota naval na Batalha do Atlântico. As instalações incluíam túneis subterrâneos, artilharia costeira, um campo de aviação militar e até canetas de armazenamento (docas submarinas) para submarinos nazistas.
A Grã-Bretanha bombardeou fortemente a ilha em 1945, que acabou tendo pouca participação na guerra, depois que seus dois mil ilhéus foram evacuados para o continente alemão. Terminado o conflito mundial, os britânicos ocuparam Heligolândia e usaram o local para armazenar as chamadas munições excedentárias.
Mas, em 1947, o governo britânico viu uma oportunidade para se livrar para sempre da problemática ilha, que continuaram vendo como potencial ameaça. Por isso, decidiram detonar mais de 7 mil toneladas de munição de guerra britânica excedente que lá se encontrava, em sua maioria projéteis navais e bombas aéreas.
(Fonte: Getty Images)
Embora jurem que seu objetivo primário não era eliminar a ilha, os britânicos não hesitaram em realizar a grande explosão, mesmo sabendo que o impacto poderia destruir o seu arenito poroso.
A detonação eliminou toda a rede de túneis subterrâneos e outras instalações militares de Heligolândia, restando de pé apenas um edifício onde funcionava uma torre antiaérea alemã, mais tarde remodelada como um farol.
Quando os ilhéus retornaram em 1952, após a devolução da ilha à Alemanha, não recuperaram nenhuma de suas antigas memórias, a não ser uma altiva amoreira, que sobreviveu à explosão de 1947 e é reconhecida até hoje como o “Milagre de Heligolândia”.