Artes/cultura
20/10/2024 às 15:00•3 min de leituraAtualizado em 20/10/2024 às 15:00
A história das bombas atômicas lançadas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, já é muito conhecida. O filme Hiroshima, por exemplo, detalhou bem como um grupo de cientistas e engenheiros americanos trabalharam juntos no Projeto Manhattan, levando à criação de uma bomba que impactou no desenrolar da Segunda Guerra Mundial.
A estimativa é que essas bombas podem ter acarretado 200 mil mortes. Mesmo sendo um pedaço tão terrível da história mundial, ainda há coisas não explicadas sobre esses bombardeios e suas consequências.
A ideia mais comum é que os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki acabaram com a Segunda Guerra Mundial. Hiroshima foi atacada em 6 de agosto de 1942 e Nagasaki em 9 de agosto. No dia 15, o Japão se rendeu.
Contudo, no dia 8 de agosto, a União Soviética declarou guerra ao Japão, e há algumas análises que dizem que isso pode ter sido realmente a causa do fim da guerra. O contexto é o seguinte: em 1941, União Soviética e o Japão haviam firmado um pacto de neutralidade, benéfico para os dois. Isso levou com que os Estados Unidos ganhassem força no Pacífico, uma vez que a União Soviética passou a atuar como intermediária.
Entretanto, Stalin teria se entusiasmado com a ideia de se juntar à guerra contra o Japão, traindo o pacto de neutralidade. Isso fez com que o exército soviético se movesse contra o Japão em certas áreas, o que pode ter levado à rendição.
A bomba atômica é tida como uma das tecnologias mais terríveis criadas pelo homem, uma vez que é responsável pela destruição em massa de pessoas e territórios. As narrativas históricas tradicionais creditam às bombas de Hiroshima e Nagasaki o fim da Segunda Guerra Mundial, mas pode ser que não tenha sido bem assim.
Alguns historiadores alegam que essas bombas não precisavam ser usadas, e que o Japão iria se render de qualquer forma antes de ser atingido pela bomba. Uma evidência associada a essa teoria é uma carta enviada pelo Imperador Hirohito a Joseph Stalin, pedindo que o premiê soviético atuasse como intermediário nas negociações entre o Japão e os Estados Unidos. Stalin recebeu esta carta antes de partir para a Conferência de Potsdam (a reunião entre os líderes aliados sobre o fim da Segunda Guerra Mundial).
A conferência ocorreu que ocorreu de 17 de julho a 2 de agosto, e Hiroshima foi atacada em 6 de agosto, o que sugere que o país asiático pretendia discutir sua rendição.
Antes de jogar as bombas, os Estados Unidos teriam tentado precaver as populações civis de Nagasaki e Hiroshima ao espalhar panfletos informativos. Eles tinham a intenção de alertar o povo, mas também de forçar o governo japonês a se render.
Esses panfletos, que traziam imagens assustadoras que ilustravam bem o poder americano, foram espalhados em pelo menos 33 cidades, e também listavam as possíveis cidades-alvo de ataques. No entanto, não está muito claro se esses papéis serviram à função pretendida, uma vez quem nem Hiroshima, nem Nagasaki estavam na lista. Pode ser, inclusive, que esses panfletos só tenham deixado a situação no Japão ainda mais caótica.
Cientistas que participaram do projeto de criação da bomba atômica podem ter subestimado o poder de destruição que ela tinha. Um artigo publicado em 1946 no Bulletin of the Atomic Scientists dizia: "é duvidoso que as primeiras bombas disponíveis, de eficiência comparativamente baixa e tamanho pequeno, sejam suficientes para quebrar a vontade ou capacidade do Japão de resistir".
Supostamente, a força militar americana estaria pronta para sair lançando bombas indefinidamente. Haveria, inclusive, o plano pronto para mais sete bombas que seriam implantadas até o final de outubro daquele mesmo ano.