Ciência
01/05/2024 às 14:00•3 min de leituraAtualizado em 01/05/2024 às 14:00
Ao longo da história, acreditou-se que muitas coisas poderiam estimular a pessoas a terem comportamentos errados ou imorais. Ocorre que simplesmente proibir nem sempre adiantava: houve quem estimulasse o uso de certos produtos e práticas para desencorajar maus comportamentos.
Por incrível que pareça, vários objetos — que envolvem jogos de tabuleiros, aparelhos de ginástica e até refrigerantes — foram criados com o inusitado propósito de passar lições de moral, sobretudo para as crianças. Se o objetivo funcionou? Ninguém sabe o certo.
O jogo que deu origem ao Banco Imobiliário foi criado com um objetivo de passar certas lições. Elizabeth Magie patenteou seu jogo “Landlord's Game” em 1904, com a pretensão de que ele envolvesse dois conjuntos de regras.
O primeiro, que ela chamou de "regras monopolistas", incentivava os jogadores a adquirir propriedades de maneira egoísta, exigindo aluguel dos moradores. Mas havia outra versão, chamada "prosperidade", que previa a cobrança de impostos aos jogadores que comprassem propriedades. Esse dinheiro coletado era dividido entre os jogadores, fazendo com que todos ganhassem.
A ideia é que os jogadores comparassem as duas versões e decidissem qual era melhor para eles. Assim, Elizabeth Magie queria expor os problemas do sistema capitalista, o que o tornou muito popular entre os acadêmicos progressistas. Só que quando os irmãos Parker adquiriram os direitos do jogo, eles abandonaram a regra da "prosperidade" e o nomearam "Monopólio" (monopoly, no termo original).
Um inventor americano chamado LaMarcus Thompson criou, no fim do século XIX, a montanha-russa, um brinquedo que se tornaria uma grande atração nos parques de diversão. Mas a ideia de Thompson surgiu de forma bem estranha: por ser um cristão devoto, ele se sentia perturbado pela popularidade de bares e bordéis em sua cidade. Por conta disso, inventou uma alternativa a esse "entretenimento" que considerava mais saudável.
Thompson teve o insight quando esteve em uma cidade de mineração de carvão na Pensilvânia, onde as pessoas pagavam um dólar para viajar no trem de carvão porque os trilhos tinham uma queda acentuada, atingindo uma velocidade de cerca de 100 km/h.
A partir dessa inspiração, ele vendeu o negócio que possuía e usou o dinheiro para construir uma pista em Coney Island. Embora sua montanha-russa atingisse só 10 km/h, foi um sucesso absoluto, tornando-o rico.
As esteiras ergométricas são hoje muito usadas nas academias do mundo todo. Mas, por incrível que pareça, elas foram criadas para punir as pessoas, ao invés de distraí-las.
A ideia foi de William Cubitt, que em 1818 inventou uma esteira para uso em prisões inglesas, onde até 24 prisioneiros por vez ficavam andando em cima delas. Logo elas se tornaram muito populares nas prisões do país. Embora tivessem fins de tortura, elas também acionavam moinhos ou bombas d'água. O sucesso foi tanto que, em 1822, elas começaram a ser instaladas também nas prisões americanas.
Na década de 1880, muita gente – incluindo presidentes, membros da realeza e até mesmo o Papa – adorava bebidas produzidas à base de coca. E sua favorita era o “Vin Mariani”, um vinho infundido com extrato de folhas de coca e vendido como tônico. Sua promessa era que a bebida fosse nutritiva inclusive para as crianças.
Em 1884, um farmacêutico em Atlanta chamado John Pemberton resolveu vender seu próprio vinho de folhas de coca. Era o French Wine Coca, uma mistura de vinho Bordeaux com extrato de coca. Em 1886, decidiu então produzir uma bebida não alcoólica para cobrir a demanda existente no puritano mercado norte-americano.
E foi essa bebida que realmente decolou – o resto é história. Surgia então um refrigerante que misturava folha descocainizada, extrato de nozes-de-cola, óleos aromatizantes de limão, laranja, lima, noz-moscada, canela chinesa, coentro e baunilha. Além disso, Pemberton acrescentou ácido fosfórico e nunca revelou a fórmula secreta da Coca-Cola, que conquistou o mundo.