Artes/cultura
06/07/2024 às 09:00•3 min de leituraAtualizado em 06/07/2024 às 09:00
O universo da arte é carregado de subjetividade. Uma obra pode significar diferentes coisas, variando conforme a bagagem de vida do indivíduo que a observa, bem como sua origem, seu gênero e sua cor. Nem mesmo as mais famosas pinturas da história da humanidade escapam a essa realidade.
Peças como a Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci, as noites pintadas por Van Gogh, e O Grito, de Edvard Munch, já foram entendidas por ângulos opostos. Não à toa, há quem diga que um projeto artístico, depois de pronto, deixa de ser de seu autor e ganha novos contornos e interpretações, na maioria das vezes distintas do que imaginava quem a criou.
Difícil imaginar outra obra de arte tão famosa quanto a Mona Lisa, pintura concretizada pelo italiano Leonardo Da Vinci entre 1503 e 1519. Nos últimos cinco séculos, a pintura foi alvo de inúmeras interpretações e dissertações, que se debruçaram em decifrar a localização onde a mulher estaria quando foi pintada, até descobrir se o pintor havia feito outras versões de seu famoso quadro.
Uma das mais curiosas interpretações da pintura da florentina Lisa del Giocondo, cujo retrato foi um pedido de seu marido, é que ele seria, na realidade, um autorretrato de Da Vinci. E essa hipótese partiu de uma estudiosa, que usou comparações computacionais de Mona Lisa e o famoso autorretrato do pintor para então sugerir que o italiano teria baseado o rosto de Lisa em seu próprio.
O Grito, do norueguês Edvard Munch, também está na categoria de obras de arte muito famosas. Sua representação de um homem gritando enquanto um céu cor de fogo se projeta atrás dele foi tema de acalorados debates. Uma famosa interpretação versa sobre o que teria levado o pintor a fazer o céu vermelho.
De acordo com ela, Munch se inspirou em sua memória de céus vívidos criados por partículas na atmosfera após uma erupção vulcânica. No entanto, também há quem indique que se trataria apenas da representação do artista de um fenômeno atmosférico chamado nuvens nacaradas, que se forma quando a temperatura fica mais baixa na região estratosférica.
O que poderia haver em um retrato de um casal para suscitar tanto debate? Para essa resposta é necessário, primeiro, encarar O Retrato de Arnolfini, pintura feita pelo belga Jan van Eyck. Nela, um casal está numa sala, tocando as mãos, enquanto um cão está no chão. Poucas obras renderam tantos debates na história da arte como esta.
Erwin Panofsky é o responsável por uma das interpretações mais interessantes dessa obra, em que afirma não se tratar somente de um retrato, mas uma espécie de certidão de casamento, um documento que atestaria que o casamento ocorreu.
A hipótese levantada por Panofsky gerou intenso debate após a descoberta de uma documentação que mostrou que o casal só consumou o matrimônio anos depois da pintura ter sido feita, o que significaria que, se ela foi um certificado, não o foi para o casal.
As obras do holandês Vincent Van Gogh são sempre alvo das mais variadas interpretações. A Noite Estrelada, uma das tantas em que o artista retratou o mundo à noite, não escapa disso. Nela, Van Gogh exagerou em alguns elementos, principalmente no uso de cores e nas formas das estrelas no céu.
Há quem interprete a pintura de A Noite Estrelada como um sinal de problemas de saúde mental do holandês, que à época residia no asilo de Saint-Paul de Mausole. Outra leitura relaciona os redemoinhos amarelos com o pintor estar sob efeito de drogas digitálicas, já que o efeito da pintura foi relatado em artigos médicos.