Ciência
02/06/2024 às 09:00•3 min de leituraAtualizado em 02/06/2024 às 09:00
Líder do movimento surrealista, o espanhol Salvador Dalí é um dos maiores artistas da história contemporânea. Conhecido por suas habilidades técnicas, pela precisão de seus desenhos e por imagens impressionantes, ele influenciou diferentes aspectos da vida, impactando campos como a arte, a cultura popular, a moda, o cinema, a fotografia e até mesmo a publicidade.
Seu talento transpôs o campo da arte, fazendo-o querer ser ouvido por todos, ávidos para que o artista compartilhasse suas visões de mundo. Foi assim que Dalí legou à humanidade frases célebres, que colaram em sua persona um caráter semelhante ao de um filósofo. Comentários sobre o exercício artístico, sobre a ambição, a busca pela perfeição e uso de drogas denotam o seu perfil ímpar entre colegas do movimento e artistas do século XX.
Salvador Dalí nasceu em uma família catalã no ano de 1904. Filho de pai advogado de classe média com uma dona de casa, teve seu lado artístico incentivado desde cedo. Sua mãe, Felipa Domènech Ferrés, sabia que os talentos do filho o levariam ao auge, mas para tal era fundamental ser ambicioso.
Sua mudança para a capital espanhola, Madri, aos 18 anos, para estudar na Real Academia de Belas Artes de San Fernando, foi preponderante para construir o fantástico artista que assombrou o mundo.
Wikimedia Commons Uma de suas emblemáticas frases foi dita a um jornalista brasileiro. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Em 1973, Salvador Dalí concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista brasileiro Alberto Oliva, do jornal O Globo, no Hotel St. Regis, em Nova York. No meio de toda a excentricidade do artista plástico, uma de suas fases mais emblemáticas foi pronunciada.
Dalí respondia sobre ser uma pessoa que não fumava e nem bebia, ampliando para dizer que não precisava de drogas, pois sua mente era suficientemente alucinógena. Dizia o espanhol: "Por que teria que usar drogas num mundo de gente com alucinações?".
Wikimedia Commons Dalí incorporou elementos do trabalho de Einstein. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Se a memória humana pode não ser um instrumento perfeito, talvez tenha sido Salvador Dalí o melhor a conceituar a questão. Dizia o artista plástico espanhol que as memórias criadas parecem mais reais e brilhantes. Curiosamente, o título de uma de suas peças mais famosas é, justamente, A persistência da memória, concluída em agosto de 1931.
Há críticos especializados que sugerem que o artista estava incorporando uma compreensão do mundo a partir da teoria da relatividade espacial criada por Albert Einstein.
Wikimedia Commons Apoiador do regime franquista, Dalí esnobava os críticos. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
A vida do surrealista mudaria substancialmente com sua chegada aos Estados Unidos, em 1940. Lá, Salvador Dalí alcançaria não apenas reconhecimento artístico, mas sucesso comercial. Sua primeira exposição no país aconteceu em Nova York, na galeria de Julien Levy, em 1933, o que lhe rendeu o convite para uma mudança definitiva.
No entanto, seu comportamento público excêntrico e ostentoso (e o apoio ao regime do General Franco) constantemente chamava mais a atenção do que suas obras – de modo particular de seus críticos. Para Dalí, as críticas ditavam o tamanho de seu sucesso.
Wikimedia Commons Salvador Dalí tinha no desenho uma de suas maiores virtudes. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Foi a partir da segunda metade da década de 1920 que o trabalho de Dalí se tornou cada vez mais influenciado pelo surrealismo. Seus desenhos se tornaram cada vez mais precisos, provocando perplexidade entre o público e debates acalorados entre os críticos. Para o espanhol, o desenho era uma das artes em que possuía mais virtude, pois se tratava de um gênero artístico avesso à trapaça: ou se é bom, ou se é ruim.
Wikimedia Commons Entre o jovem e o maduro Dalí, a aceitação da loucura como inerente a seu processo criativo. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
Durante uma de suas primeiras visitas aos Estados Unidos, Salvador Dalí foi convidado para conduzir três palestras sobre surrealismo no Museu de Arte Moderna (MoMA). Foi ali, durante um público ávido por ouvir mais de uma dos mais proeminentes artistas da época, que afirmou não ser louco. Anos depois, mudou de ideia, porque passou a enxergar a maneira como conduzia seu processo criativo como algo próximo à loucura.