Ciência
08/03/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 08/03/2024 às 10:00
A proclamação em latim veni, vidi, vici ("vim, vi, venci" em português) de Júlio César é sem dúvida uma das citações mais famosas da antiguidade. A frase também descreve um dos episódios mais famosos da vida agitada de César, incluindo a travessia do rio Rubicão, seu intrigante caso com a rainha egípcia Cleópatra e seu assassinato prematuro nas mãos dos senadores romanos descontentes.
"Vim, vi, venci" é uma frase que sobrevive em parte porque foi repetida e parafraseada por inúmeros governantes mundiais, como o primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill, quando as forças anglo-egípcias ultrapassaram o Sudão no final do século XIX. Mas qual a verdadeira origem dessa citação tão famosa?
Segundo pesquisadores, "vim, vi, venci" remonta a três fontes antigas, cada uma das quais relata uma sequência de eventos ligeiramente diferentes. Todas as fontes concordam que César pronunciou as três palavras icônicas em resposta à sua campanha contra Farnaces II, o rei do Ponto, a quem derrotou durante a Batalha de Zela em 47 a.C.
No entanto, eles discordam sobre como César comunicou sua mensagem e a quem. De acordo com o historiador grego Plutarco, o general cunhou a frase numa conversa com seu amigo Amâncio. Já Apiano, outro historiador grego, afirmou que a frase não foi falada, mas escrita. Por fim, o historiador romano Suetônio, mais jovem que o primeiro e mais velho que o segundo, também afirma que as palavras foram escritas em tábuas e exibidas durante o retorno triunfal de César à Cidade Eterna em 46 a.C.
Fato é que as tábuas com inscrições mencionadas por Suetônio eram uma parte importante da cultura militar romana, mas apresentando estatísticas da guerra. César teria quebrado uma tradição milenar ao apresentar ao seu público um slogan em vez dos dados finais.
Para uma frase tão simplista, o slogan de Júlio César parece ter tido vários significados diferentes. Segundo Suetônio, a frase indicava não os acontecimentos da guerra, mas a velocidade como ela terminou. Outros pesquisadores, no entanto, argumentam que a ênfase na velocidade não apenas serviu para demonstrar os talentos do próprio comandante, mas também minimizar seus rivais políticos. Isso inclui seu antigo aliado e membro do triunvirato Pompeu, o Grande.
Pompeu, junto dos generais Lúcio Cornélio Sula Félix e Lúcio Licínio Lúculo lutavam contra Ponto há quase 20 anos — uma campanha que César conseguiu terminar em cinco dias. Antes de mais nada, "vim, vi, venci" foi uma atuação cuidadosamente coreografada de autopromoção.
Porém, ao se colocar acima de todos que comandavam a política de Roma, César deixou de ser uma engrenagem da máquina republicana. Ele afirmou seu poder como ditador, um governante individual e absoluto que remodelaria Roma à sua própria imagem. Depois, no entanto, as consequências vieram e ele acabou sendo assassinado.