Imagem de Cinetoscópio de Edison: a primeira câmera cinematográfica no megacurioso

O projeto foi marcado por controvérsias do começo ao fim

A partir dos princ&iacute;pios fotogr&aacute;ficos descobertos por Joseph Nic&eacute;phore Niepce (1765-1833) e Louis Daguerre (1787-1851), pioneiros da fotografia, o inventor Edward Muybridge (1830-1904) desenvolveu uma maneira primitiva para a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117604-raio-e-flagrado-em-detalhes-por-camera-de-alta-velocidade.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">c&acirc;mera</a>&nbsp;cinematogr&aacute;fica, quando Leland Stanford (1824-1893), ent&atilde;o governador da Calif&oacute;rnia, o convidou para realizar estudos fotogr&aacute;ficos de cavalos em movimento.
Instalando 24 c&acirc;meras presas a fios de disparo estendidos em uma pista, Muybridge estruturou seu sistema engenhoso para fotografar movimento sequencial, o qual passou a ser chamado de zoopraxisc&oacute;pio. Influenciado pela inven&ccedil;&atilde;o, em 1882 &Eacute;tienne-Jules Marey (1830-1904) criou uma c&acirc;mera girat&oacute;ria em que diferentes fotos eram tiradas em uma sequ&ecirc;ncia r&aacute;pida atrav&eacute;s de um cartucho girat&oacute;rio, efetuando disparos como o mecanismo de um rifle.
Em fevereiro de 1888, Muybridge foi ao laborat&oacute;rio de&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113446-thomas-edison-afinal-foi-ele-mesmo-quem-inventou-a-lampada.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Thomas Edison</a> (1847-1931), em West Orange (Nova Jersey, EUA) para propor uma colabora&ccedil;&atilde;o para fundir seu zoopraxisc&oacute;pio com o fon&oacute;grafo do inventor e criar uma c&acirc;mera cinematogr&aacute;fica avan&ccedil;ada. Embora tenha ficado intrigado, Edison recusou a iniciativa porque n&atilde;o considerava o aparelho de Muybridge muito pr&aacute;tico ou eficiente para registrar movimentos.
Ent&atilde;o, a fim de tentar proteger suas futuras cria&ccedil;&otilde;es, em 17 de outubro daquele ano Edison entrou com uma a&ccedil;&atilde;o de descri&ccedil;&atilde;o de suas ideias no Escrit&oacute;rio de Patentes, para um dispositivo "que faria pelo olho o que o fon&oacute;grafo fez pelo ouvido: gravar e reproduzir objetos em movimento". Edison chamou essa inven&ccedil;&atilde;o de cinetosc&oacute;pio ou cinefone.
<h2>O processo</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/01/01141930702210.png" alt="(Fonte: Ourolux/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Ourolux/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ao longo da sua carreira, Edison fracassou diversas vezes tentando inventar coisas, como aconteceu com uma m&aacute;quina de contagem de votos e a controversa&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119299-as-bonecas-falantes-de-thomas-edison-o-grande-fracasso-de-1890.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">boneca falante</a>. No caso de seu cinetosc&oacute;pio, n&atilde;o foi muito diferente durante as primeiras tentativas de fazer acontecer o processo que hoje conhecemos como cinema.
Controv&eacute;rsias sobre a inven&ccedil;&atilde;o surgiram logo no come&ccedil;o com rela&ccedil;&atilde;o a quanto o pr&oacute;prio Edison contribuiu para o desenvolvimento da c&acirc;mera cinematogr&aacute;fica. Isso porque, em junho de 1889, William Kennedy Laurie Dickson (1860-1935) foi quem recebeu a tarefa de inventar o dispositivo &mdash; certamente por sua experi&ecirc;ncia ampla como fot&oacute;grafo &mdash;, nomeando Charles A. Brown como seu assistente.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/01/01142038796211.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Portanto, muito embora Edison tenha concebido a ideia e iniciado as tentativas, aparentemente Dickson realizou a maior parte dos experimentos, levando a maioria dos estudiosos modernos a atribuir-lhe o cr&eacute;dito principal por transformar o conceito em uma realidade pr&aacute;tica.
Por outro lado, no laborat&oacute;rio de Edison tudo funcionava como uma organiza&ccedil;&atilde;o colaborativa, com assistentes sendo designados para trabalhar em muitos projetos, enquanto o inventor apenas os supervisionava.
O cinetosc&oacute;pio come&ccedil;ou com base na concep&ccedil;&atilde;o de Edison do cilindro fonogr&aacute;fico. Min&uacute;sculas imagens fotogr&aacute;ficas foram afixadas em sequ&ecirc;ncia a um cilindro com a proposta de que, ao girar, a ilus&atilde;o de movimento seria reproduzida por meio da luz refletida. No entanto, isso se mostrou impratic&aacute;vel.
<h2>Pelas m&atilde;os de quem?</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/01/01142258734212.jpg" alt="(Fonte: Timetoast/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Timetoast/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Edison resolveu seguir outros caminhos para conceber o cinetosc&oacute;pio, tendo como base o trabalho de outras pessoas, como o fisiologista franc&ecirc;s &Eacute;tienne-Jules Marey, que empregou um rolo cont&iacute;nuo de filme em seu cronofot&oacute;grafo para produzir uma sequ&ecirc;ncia de imagens est&aacute;ticas &mdash; mas a falta de rolos de filme de comprimento e durabilidade suficientes para uso em um dispositivo como aquele atrasou o processo.
O dilema s&oacute; foi sanado quando John Carbutt (1832-1905) desenvolveu folhas de filme feitas de celuloide revestidas por emuls&atilde;o. Quando a Eastman Company passou a produzir o pr&oacute;prio filme de celuloide, Dickson se adiantou para compr&aacute;-lo em grande quantidade. Em 1890, acompanhado de seu novo assistente, William Heise, Dickson desenvolveu uma m&aacute;quina que expunha uma tira de filme em um mecanismo de alimenta&ccedil;&atilde;o horizontal.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/01/01142551171215.jpg" alt="(Fonte: Matador Network/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Matador Network/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O primeiro prot&oacute;tipo do cinetosc&oacute;pio foi apresentado em uma conven&ccedil;&atilde;o da Federa&ccedil;&atilde;o Nacional de Clubes de Mulheres, em 20 de maio de 1891. O dispositivo consistia em uma c&acirc;mera e um visor de olho m&aacute;gico; quando era girada a manivela ao lado da caixa, o filme corria horizontalmente entre dois carret&eacute;is em velocidade cont&iacute;nua. O obturador ent&atilde;o se movia rapidamente, dando exposi&ccedil;&otilde;es intermitentes quando o aparelho era usado como uma c&acirc;mera e vislumbres da impress&atilde;o positiva quando usado como um visualizador &mdash; no caso, assim que o espectador posicionava o olho na abertura que abrigava a lente.
Apesar de o frenesi ao redor da inven&ccedil;&atilde;o ter durado bem pouco, foi o suficiente para inspirar os not&oacute;rios Louis (1864-1948) e Auguste Lumi&egrave;re (1862-1954) a desenvolverem uma c&acirc;mera de cinema com um projetor, o cinemat&oacute;grafo, permitindo que v&aacute;rias pessoas assistissem a um filme ao mesmo tempo.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/10/01/01142729906217.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 1895, Dickson deixou a empresa de Edison e ajudou a fundar a Biograph Pictures. Dois anos depois, Edison processou a Biograph e a American Mutoscopoe, alegando que ambas haviam infringido sua patente para o cinetosc&oacute;pio. Em 1902, no entanto, o Tribunal de Apela&ccedil;&otilde;es dos Estados Unidos decidiu que, embora o inventor tivesse patenteado o aparelho, ele possu&iacute;a apenas os direitos do sistema de roda dentada que movia o filme perfurado atrav&eacute;s da c&acirc;mera, e n&atilde;o todo o conceito da c&acirc;mera de cinema.
Em 1909, as empresas de Edison e Dickson uniram for&ccedil;as para criar a Motion Pictures Patents Company, uma organiza&ccedil;&atilde;o que visava proteger patentes e impedir que outros inventores entrassem na ind&uacute;stria cinematogr&aacute;fica. Em 1917, a Suprema Corte dissolveu a organiza&ccedil;&atilde;o, e isso significou a sa&iacute;da oficial de Edison da ind&uacute;stria cinematogr&aacute;fica, ap&oacute;s tentar fazer acontecer uma vers&atilde;o aprimorada de seu cinetosc&oacute;pio, unindo o som e as imagens projetadas &mdash; mas que tamb&eacute;m n&atilde;o deu certo, somando-se &agrave; pilha de inven&ccedil;&otilde;es que quase chegaram l&aacute;.

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Cinetoscópio de Edison: a primeira câmera cinematográfica

Imagem de Por que existem casas falsas em Londres? no megacurioso

Muitas pessoas jamais perceberam esse detalhe nas ruas da capital inglesa

Muitas pessoas que passam pela Leinster Gardens, uma famosa rua do distrito de Bayswater (Westminster, Londres), especialmente os turistas, por vezes n&atilde;o percebem que h&aacute; algo de errado com duas das casas do conjunto de pr&eacute;dios altos e ornamentados, de p&oacute;rticos laterais de coluna i&ocirc;nica levemente projetados e encimados por varandas balaustradas, janelas de guilhotina flanqueadas por cor&iacute;ntias caneladas de meio di&acirc;metro e cornijas de bordas brancas &mdash; tudo no melhor estilo da <a href="https://www.megacurioso.com.br//artes-cultura/120004-o-luto-na-era-vitoriana-possuia-um-conjunto-de-etiquetas.htm?utm_source=megacurioso.com.br&amp;utm_medium=internas&amp;utm_campaign=ultimasnoticias" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Era Vitoriana</a>.
No entanto, aquele que for curioso o suficiente para se aproximar e observar com um olhar mais atento, perceber&aacute; que as janelas neocl&aacute;ssicas dos n&uacute;meros 23 e 24 est&atilde;o pintadas de branco de maneira uniforme, como que cobertas por um papel ou at&eacute; mesmo feitas de papel. Al&eacute;m disso, a pessoa notar&aacute; que n&atilde;o h&aacute; caixas de correio em frente a ambas as portas.&nbsp;O motivo &eacute; simples: essas casas simplesmente n&atilde;o existem, s&atilde;o apenas fachadas.
<h2>Uma casa muito engra&ccedil;ada</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Southern Highland News&nbsp;" data-fonte-url="https://www.southernhighlandnews.com.au/images/transform/v1/crop/frm/silverstone-feed-data/709b2ffc-52f1-4c0d-99e4-5b07429dc028.jpg/r0_0_620_414_w1200_h678_fmax.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/30/30155533776321.jpg" alt="(Fonte: Southern Highland News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Southern Highland News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Sem teto, sem ch&atilde;o e sem paredes, ningu&eacute;m, de fato, pode entrar nas casas 23 e 24 da Leinster Gardens. Mas por qu&ecirc;?
Para entender isso, &eacute; necess&aacute;rio voltar ao s&eacute;culo XVIII, em meados da d&eacute;cada de 1860, quando a Metropolitan Line (primeira linha de metr&ocirc; do mundo) estava sendo constru&iacute;da e se expandindo para a regi&atilde;o oeste de Londres, atravessando a &aacute;rea de Bayswater.
Grande parte da linha foi constru&iacute;da por meio do m&eacute;todo "cortar e cobrir", ou seja, em vez de perfurar o t&uacute;nel no subsolo, ele foi cavado de cima e depois coberto. Contudo, esse processo resultou na destrui&ccedil;&atilde;o sistem&aacute;tica de muitos edif&iacute;cios, incluindo as casas no n&uacute;mero 23 e 24 da Leinster Gardens.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/30/30155639214322.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A maioria dos pr&eacute;dios demolidos pela constru&ccedil;&atilde;o da linha do metr&ocirc; foram reconstru&iacute;dos rapidamente, mas nessa rua da cidade foi diferente porque as autoridades propuseram que o local fosse um ponto de ventila&ccedil;&atilde;o. Naquela &eacute;poca, os trens subterr&acirc;neos eram movidos a carv&atilde;o e vapor, portanto precisavam liberar as emiss&otilde;es acumuladas dos comboios para o ar livre em intervalos regulares.
Visto que Leinster Gardens era uma regi&atilde;o onde s&oacute; morava a elite londrina, a proposta n&atilde;o agradou muito os habitantes locais at&eacute; que chegassem ao acordo de que seriam constru&iacute;das apenas fachadas de casas para que os trens pudessem passar atr&aacute;s delas sem quebrar a est&eacute;tica.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/30/30155807386323.jpg" alt="(Fonte: Daily Mail/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Daily Mail/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Por muitos anos, o local foi alvo de pegadinhas e fraudes, como na d&eacute;cada de 1930, quando um vigarista vendeu ingressos para uma turba de pessoas endinheiradas para um baile de caridade que aconteceria naquele endere&ccedil;o. Al&eacute;m disso, pizzas foram encomendadas e t&aacute;xis chamados at&eacute; que a ind&uacute;stria toda se tornasse consciente sobre a verdadeira natureza dos endere&ccedil;os.&nbsp;Atualmente, a Transport for London &eacute; a respons&aacute;vel pela manuten&ccedil;&atilde;o das casas, que s&atilde;o a prova de que, em Londres, as coisas nem sempre s&atilde;o o que aparentam.

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Por que existem casas falsas em Londres?

Imagem de Gregor MacGregor: o vigarista que vendeu um país no megacurioso

O pior de tudo é que esse país nem sequer existia!

Logo que foi conclu&iacute;da, a famosa Ponte do Brooklyn, em Nova York (EUA), foi alvo de uma "onda" de vigaristas que come&ccedil;aram a vend&ecirc;-la de maneira deliberada, como o prefeito Peaches O&rsquo;Day, que vendeu o empreendimento por US$ 200.
No ver&atilde;o de 1919, o italiano <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119310-esquema-de-ponzi-a-fraude-precursora-das-piramides-financeiras.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Charles Ponzi&nbsp;</a>se consolidou como o respons&aacute;vel por encabe&ccedil;ar os esquemas de pir&acirc;mides ao arrecadar US$ 15 milh&otilde;es ao longo de 18 meses com a promessa de lucros de 50% a 100% em curto prazo.
Logo em seguida, em 1938, a empresa McKesson e Robbins (atual McKesson Corporation), esteve no centro de uma das maiores fraudes do s&eacute;culo XIX na ind&uacute;stria de sa&uacute;de. Philip Music comprou a gigante farmac&ecirc;utica e contratou seus irm&atilde;os para criarem empresas parceiras fict&iacute;cias. Em quest&atilde;o de pouco tempo, eles inflaram os ativos na quantia de centenas de milh&otilde;es de d&oacute;lares, roubaram e desviaram dinheiro, distribuindo quantias a si mesmos por meio de suas empresas de fachadas em um golpe que mudou as leis de contabilidade e auditoria dos Estados Unidos (EUA).
Foram centenas de vigaristas que tentaram e conseguiram efetuar golpes absurdos de t&atilde;o magistrais, por&eacute;m nenhum deles chegaram "aos p&eacute;s" do escoc&ecirc;s Gregor MacGregor.
<h2>A grande mentira</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28183356449628.jpg" alt="(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Nascido em 24 de dezembro de 1786, na Esc&oacute;cia, MacGregor ganhou fama e notoriedade ap&oacute;s servir ao lado republicano na Guerra da Independ&ecirc;ncia da Venezuela, em 1812, tornando-se general e operando contra os espanh&oacute;is em nome do pa&iacute;s.
Foi em 1811, aos 23 anos, quando voltou a Londres para morar com sua esposa em uma casa alugada por sua m&atilde;e, que MacGregor come&ccedil;ou a disseminar suas fantasias. Ele assumiu o t&iacute;tulo de coronel, passou a usar um distintivo de uma ordem de cavaleiro portugu&ecirc;s e percorria a cidade em um cavalo. Ele chamava a si mesmo de Sir Gregor MacGregor Bart, alegando ter la&ccedil;os familiares com o Cl&atilde; Gregor (descendentes da antiga fam&iacute;lia real celta) e tamb&eacute;m com duques, condes e bar&otilde;es. A maneira convicta com que falava foi o que atraiu o respeito e aten&ccedil;&atilde;o da sociedade londrina.
Naquela &eacute;poca, ele j&aacute; havia come&ccedil;ado a descrever o para&iacute;so f&eacute;rtil de Poyais, uma terra ao longo do Rio Negro de Honduras, uma regi&atilde;o um pouco maior do que o Pa&iacute;s de Gales, habitada por nativos amig&aacute;veis que o nomearam como "chefe" (cazique na suposta l&iacute;ngua materna).
Em outubro de 1822, MacGregor anunciou &agrave; elite londrina que seu pa&iacute;s era t&atilde;o pr&oacute;spero que podia render at&eacute; 3 safras de milho por ano. A &aacute;gua, por sua vez, era t&atilde;o pura e refrescante que poderia matar qualquer sede, al&eacute;m de ter peda&ccedil;os de ouro cobrindo o leito dos rios. As florestas transbordavam de &aacute;rvores frut&iacute;feras e abrigavam uma abund&acirc;ncia de animais para ca&ccedil;a.
<h2>Persuas&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28183500543630.jpg" alt="(Fonte: History Today/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: History Today/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Toda essa descri&ccedil;&atilde;o ed&ecirc;nica contrastou com a escurid&atilde;o chuvosa e os solos rochosos da Esc&oacute;cia, saltando aos olhos dos magnatas, que ficaram descontrolados quando MacGregor alegou que tudo o que sua Poyais precisava era de investidores e colonos dispostos a alavancarem seus recursos ao m&aacute;ximo.
Naquela &eacute;poca, os investimentos nas Am&eacute;ricas Central e do Sul estavam ganhando popularidade, ent&atilde;o apostar em um pa&iacute;s supostamente cheio de riquezas parecia uma tacada certa. Afinal, a Esc&oacute;cia nem sequer tinha col&ocirc;nias pr&oacute;prias.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28183738840633.jpg" alt="(Fonte: Onedio/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Onedio/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Portanto, MacGregor n&atilde;o perdeu tempo e montou uma campanha agressiva para venda de certificados de terras e outros investimentos. Ele concedeu entrevistas aos jornais nacionais, contratou publicit&aacute;rios para escreverem an&uacute;ncios e folhetos, inclusive investiu em m&uacute;sicas que despertassem o desejo de mudan&ccedil;a nos interessados.
MacGregor sempre enfatizou em sua campanha como qualquer comprador faria "um ato de bravura e ousadia" ao comprar um lote de terra, al&eacute;m de ser um homem de grande intelig&ecirc;ncia. &nbsp;Para convenc&ecirc;-los ainda mais, ele escreveu um livro de 365 p&aacute;ginas sob o pseud&ocirc;nimo de Thomas Strangeways intitulado Esbo&ccedil;o da Costa do Mosquito, Incluindo o Territ&oacute;rio de Poyais, que enaltecia as virtudes da pequena na&ccedil;&atilde;o insular.
<h2>A grande verdade</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Newspappers&nbsp;" data-fonte-url="https://img.newspapers.com/img/img?id=122298513&amp;width=700&amp;height=450&amp;crop=0_468_1167_891&amp;rotation=0&amp;brightness=0&amp;contrast=0&amp;invert=0&amp;ts=1523379858&amp;h=17de09fde8e5ca500a7b9fb4229db97b"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28183930106634.jpg" alt="(Fonte: Newspappers/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Newspappers/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No final das contas, segundo o psic&oacute;logo Robert Cialdini, MacGregor usou os seis princ&iacute;pios da persuas&atilde;o para conseguir o que queria: reciprocidade, consist&ecirc;ncia, valida&ccedil;&atilde;o social, amizade ou simpatia, escassez e autoridade.
A consequ&ecirc;ncia disso foi que 7 navios abarrotados de colonos partiram para "a terra prometida" de MacGregor e, ap&oacute;s 2 meses de viagem pelo Atl&acirc;ntico, aportaram em um local devastado que n&atilde;o tinha nem sequer uma muda de &aacute;rvore. Enquanto isso, o vigarista riu com os mais de 200 mil euros extorquidos de maneira direta e indireta com todo o seu esquema.
Muitos colonos morreram na tentativa de voltar para casa ap&oacute;s semanas imaginando que o governo de Poyais iria resgat&aacute;-los na costa. Aqueles que lotaram o porto de Honduras Brit&acirc;nicas como &uacute;ltimo ref&uacute;gio foram vitimados por doen&ccedil;as mortais, como mal&aacute;ria e febre amarela.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Mental Floss&nbsp;" data-fonte-url="https://images2.minutemediacdn.com/image/upload/c_fill,g_auto,h_1248,w_2220/v1554930496/shape/mentalfloss/193_black_river_vista_poyais_cmyk.jpg?itok=71gvQT_j"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28184049481635.jpg" alt="(Fonte: Mental Floss/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Mental Floss/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No final de 1823, apenas 50 sobreviventes conseguiram voltar para Londres. S&oacute; 3 anos depois do ocorrido que MacGregor e outros comparsas foram julgados por um tribunal franc&ecirc;s por fraude depois que tentaram aplicar uma varia&ccedil;&atilde;o do golpe na Fran&ccedil;a.
Por incr&iacute;vel que pare&ccedil;a, o vigarista foi absolvido ao colocar toda a culpa em um de seus associados. Apesar da iminente pris&atilde;o, MacGregor continuou com seu esquema na d&eacute;cada seguinte, mas de maneira discreta.
Em 1938, ele se mudou para a Venezuela, onde foi recebido como her&oacute;i devido ao seu passado como combatente. Ele morreu em Caracas, em 4 de dezembro de 1845, aos 58 anos, enterrado por l&aacute; com honras militares, como se nunca tivesse sido um criminoso.

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Gregor MacGregor: o vigarista que vendeu um país

Imagem de Por que o homem nunca mais voltou à Lua? no megacurioso

Com tantos avanços e tecnologia, qual é o motivo de isso não ter acontecido ainda?

Em 20 de julho de 1969, ap&oacute;s 14 anos de disputa entre a Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica e os Estados Unidos pelo poderio do espa&ccedil;o na&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119953-como-foi-decidido-o-fim-da-corrida-espacial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Corrida Espacial</a>, a NASA colocou um ponto final ao aterrissar com seguran&ccedil;a a Apollo 11 na Lua, levando os astronautas Neil Armstrong (1930-2012) e Buzz Aldrin (1930-).
At&eacute; 1972, os EUA completaram 6 pousos tripulados em solo lunar, levando um total de 12 astronautas at&eacute; o sat&eacute;lite natural da Terra. Ent&atilde;o, de repente, o Programa Apollo simplesmente foi interrompido e descartado, e o ser humano nunca mais voltou a pisar na Lua. Por qual motivo?
<h2>Investimento bilion&aacute;rio descart&aacute;vel&nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28182327246619.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Depois que Armstrong fincou a bandeira estadunidense na superf&iacute;cie da Lua, o mundo imaginou que o pr&oacute;ximo passo seria construir uma base lunar, e que a humanidade faria centenas de viagens explorat&oacute;rias at&eacute; o sat&eacute;lite. Mas n&atilde;o foi o que aconteceu.
Um artigo de 2019 da Ars Technica expressou bem: &ldquo;Ap&oacute;s vencer os sovi&eacute;ticos em 1969, n&atilde;o havia mais nada para provar&rdquo;. A Corrida Espacial sempre teve rela&ccedil;&atilde;o com dom&iacute;nio e controle, do mundo e da tecnologia, e era s&oacute; isso que os EUA, por exemplo, desejavam.
O ent&atilde;o presidente <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/119172-umbrella-man-o-homem-misterioso-no-assassinato-de-john-kennedy.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">John F. Kennedy</a> (1917-1963) deixou isso claro ao declarar: &ldquo;Tudo o que fazemos no espa&ccedil;o deve ser vinculado a chegar &agrave; Lua antes dos sovi&eacute;ticos&rdquo;. A <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119421-aos-10-anos-samantha-smith-tentou-acabar-com-a-guerra-fria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Fria</a> estava em seu apogeu, e as vantagens tecnol&oacute;gicas e estrat&eacute;gias pol&iacute;ticas eram as principais armas do momento.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28182435699621.jpg" alt="(Fonte: Brasil Escola/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Brasil Escola/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Essa guerra, em vez de ser combatida com tanques e tropas, aconteceu em laborat&oacute;rios e centros de pesquisas, lan&ccedil;ando cientistas e astronautas em um campo de batalha sem gravidade. Quando chegar na Lua n&atilde;o significava mais nada para o mundo, o senso de desperd&iacute;cio de recursos falou mais alto.
Al&eacute;m disso, os riscos pol&iacute;ticos de voltar &agrave; Lua s&atilde;o considerados muito altos e s&oacute; pioraram nas &uacute;ltimas d&eacute;cadas desde a &uacute;ltima visita. Foram incont&aacute;veis os planos apresentados pelos presidentes que ocuparam o cargo na Casa Branca, bem como os projetos da NASA; por&eacute;m, assim que os pre&ccedil;os disparavam na folha de or&ccedil;amento, os motivos de ainda n&atilde;o terem voltado ficavam claros.
<h2>Sem tecnologia nem apoio pol&iacute;tico</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28182828746624.webp" alt="(Fonte: National Geographic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: National Geographic/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
De acordo com a Real Clear Science, um smartphone atualmente &eacute; mil vezes mais poderoso do que o computador instalado na espa&ccedil;onave Apollo 11, que pousou Armstrong com uma seguran&ccedil;a duvidosa na Lua.
A atual tecnologia &eacute; vista como avan&ccedil;ada em rela&ccedil;&atilde;o aos computadores da d&eacute;cada de 1960, mas isso &eacute; apenas uma parte pequena do maquin&aacute;rio necess&aacute;rio para levar o ser humano para a Lua. Por outro lado, suas capacidades limitadas sempre foram intencionais, visto que precisavam ser extremamente eficientes para demandar pouca eletricidade.
Como apresentado em uma mat&eacute;ria da Forbes, al&eacute;m dos computadores, a maior parte da tecnologia usada em espa&ccedil;onaves permanece essencialmente de &uacute;ltima gera&ccedil;&atilde;o. Para chegar ao espa&ccedil;o, s&atilde;o necess&aacute;rias naves que n&atilde;o precisem descartar seus m&oacute;dulos, despejando no mar um esfor&ccedil;o de bilh&otilde;es de d&oacute;lares depois que alcan&ccedil;am o espa&ccedil;o. Para isso, ela teria que ser mais complexa ainda, o que demanda tempo e toneladas de dinheiro &mdash; mais uma vez.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;HD Wallpaper&nbsp;" data-fonte-url="https://hdwallpaperim.com/wp-content/uploads/2017/08/22/157301-space_station-spaceship-rockets-clouds-American_flag-NASA-technology-hangar-lights-Space_Shuttle_Discovery.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28190122411653.jpg" alt="(Fonte: HD Wallpaper" />(Fonte: HD Wallpaper
Al&eacute;m disso, apesar das 17 miss&otilde;es Apollo, um pouso lunar nunca foi feito para ser repetido. Como aponta a MIT Technology Review, o projeto original de pouso foi estabelecido durante uma corrida, ent&atilde;o n&atilde;o foi criado para ser eficiente. Foram usados v&aacute;rios atalhos sempre que poss&iacute;vel, e ningu&eacute;m pensou em construir cadeias de abastecimento sustent&aacute;veis.
No final das contas, as &uacute;nicas possibilidades que tornam o retorno &agrave; Lua vi&aacute;vel s&atilde;o a explora&ccedil;&atilde;o de h&eacute;lio-3 (um elemento raro e finito), que poderia ser uma grande fonte de energia, ou se o sat&eacute;lite natural fosse um ponto de parada para viagens mais longas, como uma miss&atilde;o tripulada a Marte.
Para qualquer um desses empreendimentos fazer sentido, seria necess&aacute;ria uma base lunar que, segundo o Yahoo Finance, custa cerca de US$ 100 bilh&otilde;es para ser constru&iacute;da, sendo que manter 4 astronautas nessa base custaria US$ 36 bilh&otilde;es por ano.
Com esses pre&ccedil;os, n&atilde;o &eacute; &agrave; toa que nenhum pol&iacute;tico queira seu nome associado a um empreendimento que pode ser catastr&oacute;fico para a economia de qualquer pa&iacute;s, sobretudo em tempos de tantas tens&otilde;es.

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Por que o homem nunca mais voltou à Lua?

Imagem de Como os assassinatos de presidentes mudaram os Estados Unidos? no megacurioso

Entre 1881 e 1963, o cargo foi manchado pelo sangue de 4 políticos. Como isso afetou a história do país?

Entre 1881 e 1963, o cargo de presidente dos Estados Unidos foi manchado pelo sangue de 4 pol&iacute;ticos que ocuparam a posi&ccedil;&atilde;o e foram brutalmente assassinados ainda em exerc&iacute;cio. Entre esses nomes famosos e relevantes para a hist&oacute;ria mundial, apenas Andrew Jackson (1767-1845), que esteve &agrave; frente do pa&iacute;s de 1829 a 1837, conseguiu sobreviver a uma grave tentativa de assassinato, ocorrida em janeiro de 1835.
Ali, no entanto, come&ccedil;ava a "onda" de assassinatos de presidentes em exerc&iacute;cio, que n&atilde;o s&oacute; chocaram o mundo como tamb&eacute;m mudaram completamente a hist&oacute;ria dos EUA.
<h2>O primeiro a morrer</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28144031532313.jpg" alt="(Fonte: Reddit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Reddit/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 2 de julho de 1881, fazia apenas 4 meses que James A. Garfield (1831-1881) estava na presid&ecirc;ncia do pa&iacute;s quando foi alvejado por 2 tiros, no bra&ccedil;o e nas costas, ao entrar na antiga esta&ccedil;&atilde;o ferrovi&aacute;ria de Baltimore e Potomac, em Washington.
Seu assassino foi <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117349-graham-bell-um-dos-responsaveis-por-criar-o-detector-de-metais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Charles Guiteau</a> (1841-1882), um advogado fracassado e mentalmente inst&aacute;vel, que perseguiu Garfield por semanas porque acreditava que o presidente lhe devia um cargo pol&iacute;tico. Ele foi preso assim que cometeu o crime e executado por enforcamento em 30 de junho de 1882, ap&oacute;s um breve julgamento.
At&eacute; l&aacute;, Garfield j&aacute; havia sucumbido &agrave; extens&atilde;o dos ferimentos causados pelos disparos, aliados &agrave; falta de antibi&oacute;ticos e &agrave;s pr&aacute;ticas higi&ecirc;nicas na medicina rudimentar da &eacute;poca.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28144223861319.jpg" alt="(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Sua morte rapidamente mudou o sistema de patroc&iacute;nio pol&iacute;tico, levando &agrave; Lei de Reforma do Servi&ccedil;o Civil, desenvolvida por George H. Pendleton (1825-1889) e instaurada por Chester A. Arthur (1829-1886), sucessor de Garfield, que estabelecia que cargos no funcionalismo do governo federal deveriam ser preenchidos na base do m&eacute;rito, e n&atilde;o por filia&ccedil;&atilde;o partid&aacute;ria.
Guiteau havia escrito um discurso em nome de Garfield que teria sido decisivo para sua posse como presidente. O discurso foi amplamente ignorado pelo pol&iacute;tico, por&eacute;m o assassino foi tomado pela ilus&atilde;o de que a vit&oacute;ria na campanha pol&iacute;tica havia acontecido por suas palavras.
<h2>O segundo a morrer</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Wikiwand&nbsp;" data-fonte-url="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQYPPO8F9cf_3u4oVqQOLLHFDCQY2jeBhnBARw6uWpKVzx7XzcTjAEWQDWj9_YK1mBkRA0&amp;usqp=CAU"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28144331533320.jpg" alt="(Fonte: Wikiwand/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikiwand/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Era 6 de setembro de 1901 quando Leon Czolgosz (1873-1901) surgiu em meio &agrave; multid&atilde;o de visitantes que cumprimentavam o presidente William McKinley (1843-1901), na Exposi&ccedil;&atilde;o Pan-Americana em Buffalo (Nova York), e efetuou 2 disparos contra o abdome do homem.
Seu assassino, que levou o rev&oacute;lver enrolado em um len&ccedil;o, era um autoproclamado anarquista e foi linchado pelas pessoas ap&oacute;s o ataque que ceifou a vida de McKinley ap&oacute;s 8 dias de sofrimento, em 14 de setembro daquele ano.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28144525486322.jpg" alt="(Fonte: History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ap&oacute;s ser preso, julgado e condenado em 24 de setembro, 1 m&ecirc;s depois Czolgosz foi executado na cadeira el&eacute;trica. Suas &uacute;ltimas palavras foram: "N&atilde;o lamento pelo meu crime. N&atilde;o pude ver meu pai".
O assassinato do presidente levou &agrave; imediata estrutura&ccedil;&atilde;o do moderno Servi&ccedil;o Secreto dos EUA, como parte do Departamento do Tesouro, criado para investigar moeda falsificada. At&eacute; aquele momento, a seguran&ccedil;a presidencial era considerada frouxa e fragmentada.
<h2>O terceiro a morrer</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28181527714603.jpg" alt="(Fonte: Brasil Escola/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Brasil Escola/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 15 de abril de 1865, faltavam exatamente 5 dias para o fim da ins&iacute;pida&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119209-caso-dred-scott-a-decisao-que-impulsionou-a-guerra-civil-americana.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Civil</a>&nbsp;nos EUA ap&oacute;s 4 anos de mortes e desespero. O presidente <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/114425-como-a-culpa-consumiu-henry-rathbone.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Abraham Lincoln</a> (1809-1865) e sua esposa foram ao Ford Theatre naquela noite para assistir &agrave; pe&ccedil;a Our American Cousin.
No meio da apresenta&ccedil;&atilde;o, o ator frustrado John Wilkes Booth (1838-1865) &mdash; ent&atilde;o com 26 anos, simpatizante dos Confederados e supremacista branco &mdash; invadiu o camarote do presidente e efetuou um disparo mortal contra sua cabe&ccedil;a. Lincoln n&atilde;o resistiu aos ferimentos na Casa Petersen, do outro lado da rua do teatro, e faleceu &agrave;s 7h22 da manh&atilde; seguinte.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28181615402605.jpg" alt="(Fonte: ListeList/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: ListeList/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Encurralado em um celeiro fora do vilarejo de Port Royal, na Virg&iacute;nia, Booth foi morto em 26 de abril por soldados do Ex&eacute;rcito dos Estados Unidos ap&oacute;s se recusar a se render. O ator fracassado havia planejado assassinar o presidente para salvar os Estados Confederados.
Andrew Johnson, que assumiu o cargo, presidiu o per&iacute;odo de Reconstru&ccedil;&atilde;o do pa&iacute;s. Ele, um congressista e ex-propriet&aacute;rio de escravos do Tennessee (&uacute;nico senador do Sul a permanecer fiel &agrave; Uni&atilde;o durante a Guerra Civil), encabe&ccedil;ou medidas brancas na readmiss&atilde;o dos estados do Sul &agrave; Uni&atilde;o, defendeu os direitos dos estados, concedeu anistia &agrave; maioria dos ex-confederados e permitiu que o Sul elegesse novos governos &mdash; endossando a promulga&ccedil;&atilde;o dos "c&oacute;digos negros" que enraizaram a segrega&ccedil;&atilde;o racial.
<h2>O quarto a morrer</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28181826636610.png" alt="(Fonte: Telegraph/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Telegraph/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em 22 de novembro de 1963, diretamente do pr&eacute;dio Texas State Book Depository, Lee Harvey Oswald (1939-1963) atingiu&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/119678-o-misterio-da-ligacao-recebida-antes-do-assassinato-de-kennedy.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">John F. Kennedy</a> (1917-1963) com tiros durante um cortejo de carro aberto que o presidente fazia pelas ruas do centro de Dallas. Kennedy morreu ainda no local, enquanto Oswald fugiu e foi morto em rede nacional por Jack Ruby (1911-1967) 2 dias ap&oacute;s o atentado.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/28/28181940574613.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Kennedy prop&ocirc;s uma legisla&ccedil;&atilde;o considerada "controversa" porque tornava ilegal a discrimina&ccedil;&atilde;o com base em ra&ccedil;a, religi&atilde;o, sexo ou nacionalidade. A mo&ccedil;&atilde;o havia parado no Congresso e, com o assassinato do chefe de Estado, a din&acirc;mica pol&iacute;tica do movimento pelos&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119543-como-os-carros-contribuiram-para-o-fim-da-segregacao-racial-nos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">direitos civis&nbsp;</a>mudou completamente.
Lyndon B. Johnson (1908-1973), vice-presidente, aproveitou a manifesta&ccedil;&atilde;o nacional de simpatia ap&oacute;s a morte de Kennedy para promover a hist&oacute;rica Lei dos Direitos Civis, de 1964, e a Lei dos Direitos de Voto, de 1965, que ajudaram a acabar com a segrega&ccedil;&atilde;o racial e forneceram maior prote&ccedil;&atilde;o ao eleitorado negro do pa&iacute;s.

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Como os assassinatos de presidentes mudaram os Estados Unidos?

Imagem de O luto na Era Vitoriana possuía um conjunto de etiquetas no megacurioso

O período era levado tão a sério que ditava o que as pessoas deveriam vestir, como se portarem e quando abandonarem o luto

Em uma &eacute;poca em que as mulheres viviam at&eacute; os 42 anos e os homens at&eacute; os 40, em meio a taxas de mortalidade altas devido &agrave; falta de estudos para tratar doen&ccedil;as como c&oacute;lera, escarlatina, febre tifoide e var&iacute;ola; a obsess&atilde;o pelo luto na Era Vitoriana se tornou uma esp&eacute;cie de &ldquo;tend&ecirc;ncia&rdquo;, bem mais que um estado de esp&iacute;rito.
Quando o Pr&iacute;ncipe Albert faleceu, em 14 de dezembro de 1861, a rainha Vit&oacute;ria lamentou por 40 anos sua perda, vestindo-se com um traje preto em homenagem e respeito ao seu eterno vazio espiritual.
E, ainda que ela n&atilde;o tenha sido a respons&aacute;vel por iniciar a exalta&ccedil;&atilde;o do luto e da morte, foi ela quem o alavancou em todo o Reino Unido.
<h2>Sem medo de morrer</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21174753152374.jpg" alt="(Fonte: My Tributes/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: My Tributes/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Naquele per&iacute;odo, a morte foi considerada uma visitante frequente, mas inesperada, ent&atilde;o as m&atilde;es e jovens aprendiam a planejar desde cedo seu vel&oacute;rio &mdash; ainda mais porque os <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/118392-tafofobia-o-medo-de-ser-enterrado-vivo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">enterros</a> eram vistos como sagrados, e as pessoas temiam que seus cad&aacute;veres n&atilde;o ascendessem aos c&eacute;us se n&atilde;o fossem enterrados de maneira apropriada.
Portanto, poupar dinheiro era uma das regras principais entre os pobres, que guardavam o pouco que tinham para uma digna ideia de eternidade em um futuro incerto. Para baratear o processo, as mulheres costumavam se reunir para tecerem as pr&oacute;prias mortalhas enquanto discutiam sobre circunst&acirc;ncias banais de suas vidas, inclusive da pr&oacute;pria morte &mdash; que aprenderam a falar sem tabus desde crian&ccedil;a.
Organizar o pr&oacute;prio vel&oacute;rio e enterro como se fossem uma cerim&ocirc;nia de casamento era um passatempo comum entre os vitorianos, deixando uma esp&eacute;cie de testamento em que os que ficaram vivos deveriam seguir &agrave; risca seus gostos para o evento ecum&ecirc;nico.
<h2>Etiquetas do luto</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21174936544378.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O luto tinha regras de etiqueta rigorosas que tamb&eacute;m deveriam ser seguidas. Elas abrangiam desde quanto tempo se deveria lamentar at&eacute; o que poderia ser usado em cada fase. Houve tr&ecirc;s per&iacute;odos distintos de luto: luto profundo ou luto completo; segundo luto; e o meio luto. A dura&ccedil;&atilde;o de cada um deles dependia da rela&ccedil;&atilde;o com o falecido. As mulheres que perdiam seus maridos, por exemplo, deveriam permanecer em luto profundo por 2 anos, evitando que fossem confortadas por outras pessoas.
Os homens precisavam usar apenas luvas pretas, terno escuro e uma faixa preta em volta do chap&eacute;u para ressaltarem que estavam enlutados. Para as crian&ccedil;as n&atilde;o havia regras espec&iacute;ficas para usarem preto, mas as meninas costumavam ser vestidas com branco.&nbsp;
Por outro lado, a etiqueta do luto para as mulheres jovens e adultas era muito mais r&iacute;gida, visto que as vestimentas precisavam externar seus sentimentos &iacute;ntimos. Sugeridos em manuais femininos sobre etiqueta lutuosa, como o The Queen e o Cassell's, os vestidos eram desconfort&aacute;veis e potencialmente perigosos.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21175104077380.jpg" alt="(Fonte: MoMu/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: MoMu/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Para os per&iacute;odos de luto profundo, todo o vestu&aacute;rio deveria ser em preto, simbolizando a &ldquo;escurid&atilde;o do estado espiritual&rdquo;. Os vestidos eram feitos de seda paramatta n&atilde;o reflexiva, com a bombazine barata, e adornados com crepe. &Aacute;spero e rugoso, o crepe foi associado ao luto porque era considerado um tecido que n&atilde;o combinava bem com nenhuma roupa.
Al&eacute;m desses componentes, os vestidos tamb&eacute;m carregavam an&aacute;guas de crinolina feitas de um tecido r&iacute;gido altamente inflam&aacute;vel, que geralmente se incendiavam com o calor dos fog&otilde;es enquanto as mulheres cozinhavam.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21175214937381.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
&Agrave; medida que o luto avan&ccedil;ava, a cor do tecido ia ficando mais clara, passando do preto para um tom de cinza, depois o malva at&eacute; chegar no branco &mdash; considerado o &ldquo;meio luto&rdquo;.&nbsp;
As mulheres s&oacute; podiam usar joias durante a segunda fase do luto, por&eacute;m feitas de azeviche, um material duro e preto parecido com o carv&atilde;o. Os broches, an&eacute;is e medalh&otilde;es eram muitas vezes enrolados com fios de cabelo da pessoa falecida.
Com o passar dos anos, a sociedade em geral se desprendeu da ideia de exalta&ccedil;&atilde;o da morte. Antes discutida sem problemas, a morte hoje &eacute; evitada veementemente at&eacute; o &uacute;ltimo momento, bem como as joias de luto que, em alguns casos, foram reduzidas a uma urna funer&aacute;ria.
&Eacute; prov&aacute;vel que, na modernidade, os vitorianos n&atilde;o fossem saber como conviver sem discutir sobre a &uacute;nica certeza que teriam em vida.

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O luto na Era Vitoriana tinha um conjunto de etiquetas

Imagem de Simo Häyhä: o franco-atirador que aterrorizou Stalin no megacurioso

O homem ficou conhecido como 'Morte Branca' entre os soldados soviéticos durante a chocante Guerra de Inverno

Em 1939, logo no eclodir da <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/112268-entenda-como-comecou-a-segunda-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a> na Europa, o l&iacute;der <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/116973-a-perturbadora-verdade-por-tras-da-foto-de-stalin-com-uma-crianca.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Josef Stalin</a> (1878-1953) enviou mais de 750 mil homens pela fronteira ocidental da R&uacute;ssia com o objetivo de surpreender a Finl&acirc;ndia, que tinha um ex&eacute;rcito de apenas 300 mil soldados. Al&eacute;m disso, o esfor&ccedil;o b&eacute;lico dos finlandeses se resumia a alguns tanques de guerra e cerca de 100 aeronaves, em contraste com o peso de 6 mil tanques e mais de 3 mil aeronaves sovi&eacute;ticas. O fim era uma aposta certa.
Ao longo de 3 longos e duros meses, os dois pa&iacute;ses lutaram no que ficou conhecido como Guerra de Inverno, cujo desfecho foi uma reviravolta inesperada que desnorteou Stalin ao ver a tropa finlandesa sair vitoriosa do conflito, contrariando todas as expectativas.
A reposta dessa vit&oacute;ria estava tamb&eacute;m nas costas de um homem: Simo H&auml;yh&auml; (1905-2002), mais conhecido como "Morte Branca".
<h2>Habilidade inerente</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21173307728357.jpg" alt="(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Wikipedia/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Nascido em 17 de dezembro de 1905 no vilarejo Kiiskinen, em uma prov&iacute;ncia no sul da Finl&acirc;ndia, H&auml;yh&auml; era o s&eacute;timo de oito filhos de Juho e Katriina H&auml;yh&auml;, um casal de fazendeiros luteranos.
Desde muito cedo, ele aprendeu a comandar uma fazenda, ca&ccedil;ar e at&eacute; esquiar com muita habilidade, por&eacute;m era no tiro ao alvo que ele era mesmo imbat&iacute;vel. Ao longo de sua adolesc&ecirc;ncia, o jovem ganhou v&aacute;rios concursos de tiro na prov&iacute;ncia onde nasceu, enchendo de trof&eacute;us as prateleiras de sua casa. Apesar disso, sempre foi considerado um jovem t&iacute;mido que preferia ficar bem atr&aacute;s nas fotos em grupo.
Contudo, a partir do momento em que se alistou para o servi&ccedil;o militar finland&ecirc;s em 1925, aos 17 anos, suas habilidades levaram H&auml;yh&auml; a ocupar o lugar central. Segundo o major Tapio Saarelainen, que escreveu sua biografia, o jovem n&atilde;o recebeu nenhum treinamento de atirador de elite at&eacute; 1938.
De maneira surpreendente, H&auml;yh&auml; conseguia estimar dist&acirc;ncias com uma precis&atilde;o de 1 metro at&eacute; 150 metros. Durante seu treinamento, ele chegou a acertar o mesmo alvo 16 vezes a 150 metros de dist&acirc;ncia em apenas 1 minuto. Tudo isso tendo que alimentar manualmente seu rifle.
<h2>O nascimento de uma lenda</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21173411118359.jpg" alt="(Fonte: Infoescola/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Infoescola/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Depois de todo seu treinamento, H&auml;yh&auml; completou o ano obrigat&oacute;rio de servi&ccedil;o militar aos 20 anos e voltou para sua vida no interior como fazendeiro. Quando as tropas de Stalin invadiram a Finl&acirc;ndia, ele foi convocado com seus demais companheiros a lutar na guerra que come&ccedil;ava.
Sob o comando do tenente Aarne Juutilainen, na 6&ordf; Companhia do Regimento de Infantaria 34, o jovem H&auml;yh&auml; teve que vestir uma camuflagem pesada, toda branca, que o cobria da cabe&ccedil;a aos p&eacute;s, para conseguir passar despercebido em meio &agrave; paisagem monocrom&aacute;tica do inverno, em temperaturas de at&eacute; -20 &deg;C.
Foi dessa forma que ele ajudou o ex&eacute;rcito finland&ecirc;s a derrotar as tropas enormes de Stalin. Armado com seu rifle antiquado, H&auml;yh&auml; trabalhou sozinho em meio &agrave; floresta nevada durante os 100 dias que durou a Guerra de Inverno. O franco-atirador matou entre 500 e 542 soldados sovi&eacute;ticos atrav&eacute;s de uma mira de ferro presente em sua arma ultrapassada, enquanto os demais lutavam para enxerg&aacute;-lo pelas lentes telesc&oacute;picas extremamente modernas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21173529275361.jpg" alt="(Fonte: The Art of Manliness/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Art of Manliness/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
H&auml;yh&auml; se camuflou entre montes de neve que impediam que a for&ccedil;a do disparo de seu rifle levantasse uma nuvem de fuma&ccedil;a que seria essencial para o inimigo localiz&aacute;-lo. A estrat&eacute;gia foi infal&iacute;vel, por&eacute;m sua miss&atilde;o solo foi em condi&ccedil;&otilde;es brutais. Sua alimenta&ccedil;&atilde;o se dava em dias alternados com suprimentos que ele mesmo encontrava, tendo que enfrentar os dias curtos do inverno e sobreviver alerta durante as noites em que a temperatura permanecia abaixo de zero.
Foi assim que o guerreiro solo ganhou a alcunha de "Morte Branca" pelos soldados sovi&eacute;ticos, que temiam que ele estivesse &agrave; espreita na neve. Entre o povo finland&ecirc;s, H&auml;yh&auml; tornou-se o "Peste Branca": uma lenda, um "esp&iacute;rito guardi&atilde;o" que podia se mover como um fantasma pela paisagem desolada do inverno.
Contudo, 11 dias antes do fim da guerra, H&auml;yh&auml; foi finalmente atingido por um soldado sovi&eacute;tico, que disparou bem em dire&ccedil;&atilde;o &agrave; sua mand&iacute;bula. Quando o guerrilheiro acordou de seu coma de quase 2 semanas, percebeu que metade de seu rosto estava faltando.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21173756040364.jpg" alt="(Fonte: My History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: My History/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Foram necess&aacute;rios v&aacute;rios anos para que H&auml;yh&auml; conseguisse se recuperar do trauma f&iacute;sico que sofreu. Nesse &iacute;nterim, ele foi prestigiado com diversas honrarias e medalhas militares e governamentais. Quando finalmente voltou &agrave; vida normal, ele se tornou uma figura de renome na hist&oacute;ria da Finl&acirc;ndia, chegando a ca&ccedil;ar com o ent&atilde;o presidente do pa&iacute;s, Urho Kekkonen (1900-1986).
O "Morte Branca" encontrou a pr&oacute;pria morte aos 96 anos, em 1&ordm; de abril de 2002.

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Simo Häyhä: o franco-atirador que aterrorizou Stalin

Imagem de Manejo de serpentes: a perigosa prática cristã nos Apalaches no megacurioso

Tudo teria começado por um conjunto de versículos bíblicos interpretados de maneira literal pelos fiéis

No livro In the House of the Serpent Handler: A Story of Faith and Fleeting Fame in the Age of Social Media, a autora Julia Duin, uma rep&oacute;rter freelancer&nbsp;sobre religi&atilde;o, visitou v&aacute;rias congrega&ccedil;&otilde;es Apalaches para tentar entender o que leva as pessoas ao que ela considera &ldquo;a borda radical do Cristianismo, onde a vida e a morte se encontram toda vez que voc&ecirc; entra em uma igreja e pega uma cobra venenosa&rdquo;.
A pr&aacute;tica de manejar cobras &eacute; lida como uma observ&acirc;ncia religiosa exclusivamente americana, normalmente praticada em igrejas rurais dos Apalaches que est&atilde;o associadas a crist&atilde;os pentecostais ou outras denomina&ccedil;&otilde;es protestantes. No entanto, segundo Duin, s&atilde;o uma nova gera&ccedil;&atilde;o de pregadores que lidam com as cobras, os jovens por volta dos 20 anos.
&ldquo;Sinto que esses jovens querem um sistema de cren&ccedil;as que exige sacrif&iacute;cio&rdquo;, escreve a jornalista. Ela ressalta que acredita que esses membros sentem que a igreja perdeu um ensinamento importante sobre como lidar com serpentes, ent&atilde;o eles est&atilde;o dispostos a colocarem suas vidas em risco para levarem o que chamam &ldquo;evangelho completo&rdquo; de volta para a igreja.
Para eles, quanto mais fazerem isso, mais pessoas aceitar&atilde;o Jesus.
<h2>A pr&aacute;tica antiga</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Revealer&nbsp;" data-fonte-url="https://lh3.googleusercontent.com/proxy/-xqKpiUVQTIsqohq8YVlnF78m4eVLMmYyBCUR6bbLRV4daHN-V26d-La_lyFv93W9RodzpuYlptLNjMyd0fbc7W-8bvLjiI8dqSfYIY"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21174131634368.jpg" alt="(Fonte: The Revealer/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Revealer/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Apesar de o manejo de cobras ser considerado uma pr&aacute;tica crist&atilde;, o povo mesoamericano j&aacute; realizava cerim&ocirc;nias e criava obras de arte em homenagem &agrave;s serpentes emplumadas muito antes. No vodu haitiano, por exemplo, o lo&aacute; Dambal&aacute; por muitas vezes era apresentado no formato de uma cobra; bem como os xam&atilde;s da tribo Yokut conduziam cerim&ocirc;nias em que membros coletavam cascav&eacute;is e dan&ccedil;avam com elas, por vezes encorajando o animal a mord&ecirc;-los &mdash; se sobrevivessem, eles seriam capazes de &ldquo;provar&rdquo; que tinham grande poder.
O manejo de cobras foi conectado ao cristianismo protestante no in&iacute;cio do s&eacute;culo XX por George Went Hensley, um ministro pentecostal americano, quando ele levou uma cascavel para um culto religioso em 1909. Ele recebeu aceita&ccedil;&atilde;o n&atilde;o oficial da Igreja de Deus em 1914, embora ela tenha se afastado da pr&aacute;tica at&eacute; o final da d&eacute;cada de 1920.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Hayaena Gallery&nbsp;" data-fonte-url="https://64.media.tumblr.com/bd4258a4b4cbf1438e70b18a95797159/5e58a7e6bd277ac0-86/s640x960/43f1638e168f2951267626c2e6c2b5c2cf7cf22c.jpg"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21174239119371.jpg" alt="George Went Hensley. (Fonte: Hayaena Gallery/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />George Went Hensley. (Fonte: Hayaena Gallery/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
No entanto, at&eacute; l&aacute;, a pr&aacute;tica com serpentes j&aacute; havia se enraizado em v&aacute;rias congrega&ccedil;&otilde;es da Igreja nos Apalaches e em outras partes do sul dos Estados Unidos. O manejo de serpentes foi endossado por um conjunto de vers&iacute;culos b&iacute;blicos interpretados de maneira literal pelos fi&eacute;is &mdash; igual acontece em outras esferas religiosas at&eacute; hoje &mdash;, como em Marcos&nbsp;16:17-18: &ldquo;Pegar&atilde;o em serpentes, e se e beberem alguma coisa mortal, n&atilde;o lhes far&aacute; mal; impor&atilde;o as m&atilde;os sobre os enfermos, e eles ficar&atilde;o curados&rdquo;.
<h2>A obsess&atilde;o e o perigo &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21174452353372.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Conforme o Mental Health, Religion &amp; Culture, a pr&aacute;tica de consumir veneno foi refor&ccedil;ada pela ideia de que era uma &ldquo;ordem de Deus&rdquo; &mdash; visto que estava prevista na B&iacute;blia &mdash;, e tamb&eacute;m de que s&oacute; dessa maneira uma pessoa &ldquo;combateria o Diabo&rdquo;.
Em 1973, o The New York Times relatou a morte de dois fi&eacute;is que beberam estricnina, e tamb&eacute;m o caso do pastor do Kentucky, Jamie Coots, que morreu ap&oacute;s ser picado por uma cascavel e se recusar a receber tratamento m&eacute;dico.
Muitos enxergaram o incidente com Coots como &ldquo;devo&ccedil;&atilde;o e submiss&atilde;o verdadeira&rdquo; &agrave; vontade de Deus, por&eacute;m pessoas como Andrew Hamblin, pastor que fazia manejo de cobras em sua congrega&ccedil;&atilde;o, foram mais relutantes em aceitar as circunst&acirc;ncias da morte.&nbsp;
&ldquo;Desde que Jamie morreu, n&atilde;o ofereci uma cascavel a ningu&eacute;m. Eu sou o pastor e sou respons&aacute;vel pelo que acontece dentro do meu pr&eacute;dio&rdquo;, afirmou ele, em entrevista ao National Geographic.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/21/21174556134373.jpg" alt="(Fonte: The Denver Post/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Denver Post/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Ainda que a Lei norte-americana respeite a maneira de cada um expressar a sua f&eacute;, conforme a Constitui&ccedil;&atilde;o, as autoridades ressaltam que &eacute; complicado regulamentar uma pr&aacute;tica quando esta interfere na sa&uacute;de e seguran&ccedil;a p&uacute;blica.
Em novembro de 2013, segundo a ABC News, Andrew Hamblin foi acusado de posse ilegal de animais perigosos depois que oficiais estaduais de vida selvagem apreenderam cerca de 50 cobras venenosas em sua propriedade. Ele se declarou inocente e argumentou que o Estado estava violando seu direito previsto na Primeira Emenda constitucional.&nbsp;
Ainda que o caso tenha sido encerrado, a quest&atilde;o acerca da legalidade do manejo de cobras continua em aberto.

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Manejo de serpentes: a perigosa prática cristã nos Apalaches

Imagem de Os Sete Pecados Capitais e suas interpretações no megacurioso

Vaidade, avareza, lux&uacute;ria, gula, inveja, ira e pregui&ccedil;a. Foi assim que S&atilde;o Tom&aacute;s de Aquino sistematizou os Sete Pecados Capitais, segundo o cristianismo, estabelecendo tamb&eacute;m a ideia de que &eacute; da natureza do homem nascer no pecado e perecer nele sem conseguir escapar desse contexto c&iacute;clico de d&iacute;vida e sofrimento.
Apesar de ser um conceito muito adotado pelas religi&otilde;es abra&acirc;micas, o fil&oacute;sofo grego Arist&oacute;teles j&aacute; listava uma s&eacute;rie de virtudes e v&iacute;cios em suas pr&oacute;prias obras, como &Eacute;tica a Nic&ocirc;maco e &Eacute;tica a Eudemo. De acordo com ele, a verdadeira virtude &eacute; um ponto equilibrado entre dois extremos: excesso e defici&ecirc;ncia.
J&aacute; os rabinos no juda&iacute;smo discutiam sobre "boa inclina&ccedil;&atilde;o" e "m&aacute; inclina&ccedil;&atilde;o", definidas como yetzer ha-tov e yetzer ha-ra, respectivamente. Para eles, a "inclina&ccedil;&atilde;o do mal" &eacute; uma parte fundamental da natureza humana, que cada pessoa deve enfrentar ao longo de sua vida; mas, segundo a Enciclop&eacute;dia Judaica, s&atilde;o impulsos que podem ser personificados e associados a figuras malignas, como o Diabo.
<h2>Vaidade ou orgulho</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/20/20193712434450.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
A vaidade sempre foi vista como um dos piores pecados que o homem pode manifestar. No passado, te&oacute;logos e fil&oacute;sofos acreditavam que a vaidade era a respons&aacute;vel pelos demais pecados, porque tudo se resume a pensar que voc&ecirc; &eacute; melhor e mais inteligente do que os demais seres humanos.
Evocando o tra&ccedil;o mais marcante que causou a coibi&ccedil;&atilde;o com justo ju&iacute;zo de Satan&aacute;s e suas hordas para o fundo do Abismo, conforme a B&iacute;blia Sagrada, o orgulho representa a ideia de que a pessoa pode acreditar ser at&eacute; melhor do que uma divindade ou seus representantes &mdash; e que, provavelmente, n&atilde;o vai querer se humilhar aos seus p&eacute;s ou seguir seus conselhos.
"Em primeiro lugar, o orgulho &eacute; um daqueles pecados um tanto vagos que, apesar de sua classifica&ccedil;&atilde;o mortal, &eacute; considerado dif&iacute;cil de definir", disse Michael Erick Dyson, professor de Estudos Religiosos e Estudos Africanos na Universidade da Pensilv&acirc;nia, em entrevista &agrave; National Public Radio.
Para ele, o orgulho pode ser aplicado de v&aacute;rias maneiras, indo da arrog&acirc;ncia at&eacute; o desprezo mais cotidiano.
<h2>Inveja &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;&nbsp;</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/20/20193920074451.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Sempre descrita como "o cobi&ccedil;ar do que o seu vizinho tem", a ponto de destruir seu relacionamento com qualquer um ao seu redor devido a esse mau olhar, a inveja nem sempre se trata exatamente de desejar algo f&iacute;sico.
No livro Glittering Vices: A New Look At the Seven Deadly Sins and Their Remedies, Rebecca Konydyk DeYoung observa esse pecado como algo um pouco mais "refinado". A inveja pode se referir a querer mais o status associado a algo do que o objeto propriamente dito, como a aclama&ccedil;&atilde;o e a admira&ccedil;&atilde;o que podem acompanhar o fato de possuir uma grande mans&atilde;o.
Joseph Epstein reflete em Envy: The Seven Deadly Sins, publicado pela Universidade de Oxford, que a inveja &eacute; um pecado de "sangue frio", mais ligado aos pensamentos de uma pessoa do que aos impulsos passionais.
A inveja &eacute; considerada um pecado premeditado, muitas vezes cometido de maneira consciente e por um longo per&iacute;odo. Entre todos, &eacute; o mais pe&ccedil;onhento.
<h2>Lux&uacute;ria</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/20/20194131371452.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em entrevista &agrave; National Public Radio, Simon Blackburn, professor de Filosofia da Universidade de Cambridge, explica que a lux&uacute;ria &eacute; o pecado central da vida humana. E est&aacute; enganado aquele que acha que o pecado est&aacute; associado apenas aos desejos carnais desempenhados entre quatro paredes.
Em Bhagavad Gita, o Senhor Cr&iacute;xena diz que: "A lux&uacute;ria, nascida dentre a paix&atilde;o, se transforma em ira quando insatisfeita". Ela serve de "porta" para levar a outros pecados, visto que est&aacute; relacionada &agrave; posse e &agrave; gan&acirc;ncia, duas caracter&iacute;sticas presentes na avareza. A lux&uacute;ria tamb&eacute;m pode causar uma sensa&ccedil;&atilde;o de superioridade, que acaba levando ao pecado capital da soberba.
Stanford M. Lyman escreve, em The Seven Deadly Sins: Society and Evil (1989), que mesmo as pessoas aparentemente mais inteligentes que vivem uma vida mental bastante ordenada podem ser derrubadas pela lux&uacute;ria atrav&eacute;s de seus pensamentos, que as atormentam e s&atilde;o dif&iacute;ceis de controlar.
<h2>Ira</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/20/20194240606453.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Em Mateus 21:12-13, quando Jesus Cristo foi v&iacute;tima da raiva ao entrar em um templo, virar algumas mesas e perturbar os l&iacute;deres financeiros que trabalhavam l&aacute;, surgiu a reflex&atilde;o: quando a raiva se torna um pecado mortal?
A ira &eacute; um estado acima da raiva, j&aacute; configurando um desejo n&atilde;o de revolta, mas de morte, e deliberada vontade de ferir gravemente algu&eacute;m. Contudo, nesse contexto, a ira tamb&eacute;m pode ser uma revolta contra si mesmo, causando todos os tipos de danos durante uma f&uacute;ria impensada. &Eacute; por isso que algumas obras de arte medievais que ilustram esse pecado mostram personagens machucando a si mesmos.
Por vezes, a ira pode dizer mais sobre si mesmo do que sobre outras pessoas.
<h2>Gula</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/20/20194322309455.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Na Idade M&eacute;dia, a gula tamb&eacute;m foi lida pelos l&iacute;deres da Igreja como o h&aacute;bito de ser luxuoso com as refei&ccedil;&otilde;es, comendo muito r&aacute;pido, de maneira ansiosa e em muita quantidade. Ent&atilde;o, desfrutar demais da comida ou n&atilde;o respeitar seu papel no corpo &eacute; o suficiente para evocar o pecado mortal da gula.
Alguns comentaristas religiosos acreditam que a gula &eacute; ainda pior quando o excesso de indulg&ecirc;ncia atrapalha a vida espiritual da pessoa, atraindo-a para os pecados da gan&acirc;ncia e da lux&uacute;ria.
A gula &eacute; classificada como um pecado de "sangue quente", caracterizado por impulsos animalescos que precisam ser reconhecidos e combatidos.
<h2>Avareza ou gan&acirc;ncia</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/20/20194526012456.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
O avarento &eacute; aquele que n&atilde;o s&oacute; n&atilde;o quer abrir m&atilde;o do que tem, como tamb&eacute;m, consequentemente, quer ter mais. A gan&acirc;ncia ent&atilde;o se torna seu tra&ccedil;o mais marcante entre manter e adquirir.
Lyman escreve em seu livro que o monge e fil&oacute;sofo medieval Roger Bacon desprezava tanto a gan&acirc;ncia que a colocou na lideran&ccedil;a entre os piores pecados mortais, afirmando que ela &eacute; a raiz de quase todas as outras transgress&otilde;es.
Isso porque a necessidade de ganhar dinheiro e as buscas espirituais se tornaram uma quest&atilde;o cada vez mais dif&iacute;cil &agrave; medida que a era medieval avan&ccedil;ava para o per&iacute;odo da Renascen&ccedil;a, tornando os mercadores mais proeminentes.
A avareza foi definida por Tom&aacute;s de Aquino como outra forma de vaidade, que cresce t&atilde;o forte com o desejo por bens terrenos que leva o pecador para longe de Deus e da vida espiritual em geral.
<h2>Pregui&ccedil;a</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/20/20194714294457.jpg" alt="(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Pinterest/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Na Summa Theologica, Tom&aacute;s de Aquino afirma que a pregui&ccedil;a est&aacute; relacionada &agrave; tristeza pelo bem espiritual, podendo levar algu&eacute;m ao desespero ou &agrave; inatividade. &ldquo;&Eacute; uma tristeza opressora que pesa tanto na mente do homem que ele n&atilde;o quer fazer nada&rdquo;, determinou o santo.
No livro de Lyman, o pecado, que tamb&eacute;m &eacute; conhecido como ac&eacute;dia, est&aacute; relacionado com o mais puro &oacute;cio, bem como com a incapacidade de entender e considerar seu lugar neste mundo.
Ent&atilde;o, para o cristianismo surgiu a quest&atilde;o: como um pregui&ccedil;oso poderia tornar o mundo melhor? O pecado consiste, religiosamente, no fato de desperdi&ccedil;ar uma d&aacute;diva: a de viver.
Por outro lado, destinadas a se oporem a todos esses pecados que podem destruir o ser humano est&atilde;o as Sete Virtudes: f&eacute;, esperan&ccedil;a, amor, prud&ecirc;ncia, fortaleza, justi&ccedil;a e temperan&ccedil;a.

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Os Sete Pecados Capitais e suas interpretações

Imagem de Holocausto nuclear: como seria a aniquilação da civilização humana? no megacurioso

Seria o início do fim se o Paquistão e a Índia entrassem em guerra agora com suas 150 ogivas nucleares

A aniquila&ccedil;&atilde;o quase completa da civiliza&ccedil;&atilde;o humana &eacute; uma amea&ccedil;a desde o in&iacute;cio da d&eacute;cada de 1940, quando Estados Unidos, Alemanha e Uni&atilde;o Sovi&eacute;tica embarcaram na corrida nuclear para determinar quem produziria uma&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115935-castle-bravo-a-maior-bomba-nuclear-ja-detonada-pelos-eua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">bomba</a> que poderia selar a <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119091-jasper-maskelyne-o-magico-que-enganou-a-todos-na-2-guerra-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Segunda Guerra Mundial</a>.
A disputa continuou entre os sovi&eacute;ticos e estadunidenses de maneira t&aacute;cita durante todo o per&iacute;odo em que se estendeu a&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119421-aos-10-anos-samantha-smith-tentou-acabar-com-a-guerra-fria.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra Fria</a>. Em uma mat&eacute;ria de 2017 do The Conversation, o historiador Mattias Eken observou como o medo e a consci&ecirc;ncia do p&uacute;blico aumentam e diminuem o tempo todo em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; amea&ccedil;a nuclear.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/18/18155138259006.png" alt="(Fonte: Tunes Ambiental/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Tunes Ambiental/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Com o colapso dos sovi&eacute;ticos, disparou o medo de que suas armas nucleares fossem parar em m&atilde;os erradas por motivos pol&iacute;ticos, ainda mais com o in&iacute;cio da Guerra ao Terror, a resposta dos Estados Unidos aos atentados de&nbsp;<a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/119877-11-de-setembro-ataque-as-torres-gemeas-completa-20-anos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">11 de setembro de 2001</a>.
Em janeiro de 2020, desde que os estudiosos da organiza&ccedil;&atilde;o Bulletin of Atomic Scientists moveram os ponteiros do simb&oacute;lico Rel&oacute;gio do Ju&iacute;zo Final (mantido desde 1947) para 100 segundos para a meia-noite &mdash; o mais pr&oacute;ximo que j&aacute; chegamos de uma cat&aacute;strofe nuclear &mdash;, dispararam os pedidos para que as pot&ecirc;ncias mundiais desarmem suas armas de destrui&ccedil;&atilde;o em massa para evitar um holocausto nuclear.
<h2>O come&ccedil;o do fim</h2>
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;The Guardian&nbsp;" data-fonte-url="https://i.guim.co.uk/img/media/d166aa42800977bd1d5a899b6d10aa11dd06def7/0_283_1800_1081/master/1800.jpg?width=445&amp;quality=45&amp;auto=format&amp;fit=max&amp;dpr=2&amp;s=428f5d59064984ef5a497f4106cc3691"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/18/18155303728007.jpg" alt="(Fonte: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The Guardian/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Segundo um artigo da Nature de 2020, se o Paquist&atilde;o, com suas 150 ogivas nucleares, bombardeasse a &Iacute;ndia devido &agrave;s tens&otilde;es pela disputada regi&atilde;o da Caxemira, dezenas de milhares de pessoas morreriam durante o processo &mdash; mas essa perda seria apenas o in&iacute;cio do fim da humanidade quando houvesse a retalia&ccedil;&atilde;o indiana.
Com a fuma&ccedil;a das pr&oacute;prias bombas e das cidades incineradas pairando sobre a atmosfera, o planeta seria envolvido por essa "cortina" de fuma&ccedil;a em quest&atilde;o de semanas, a qual permaneceria l&aacute; em cima por anos, em uma altitude que impediria a chuva de dissip&aacute;-la.
<span class="img-fc" data-fonte="&nbsp;Quartz&nbsp;" data-fonte-url="https://cms.qz.com/wp-content/uploads/2018/08/nuclear-war-North-Korea-Donald-Trump-Jeffrey-Lewis-2020-Commission.jpg?quality=75&amp;strip=all&amp;w=1200&amp;h=630&amp;crop=1"><img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/18/18155419885008.jpg" alt="(Fonte: Quartz/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Quartz/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Portanto, a fuma&ccedil;a bloquearia a passagem do sol, resultando em safras murchas da Calif&oacute;rnia &agrave; China, matando de fome cerca de 2 bilh&otilde;es de pessoas pelo mundo.
O planeta mergulharia no temido inverno nuclear se essa guerra acontecesse entre EUA e R&uacute;ssia, pa&iacute;ses que, desde a d&eacute;cada de 1980, possuem milhares de ogivas nucleares preparadas para ataques generalizados. Isso seria o suficiente para causar anos de um frio profundo na mais pura escurid&atilde;o, sem dia nem noite, com o bloqueio da luz solar.
<h2>O inverno nuclear</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/18/18155631808009.jpg" alt="(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: The New York Times/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Desenvolvido desde 2000 e impulsionado em 2017, o estudo de Brian Toon, f&iacute;sico atmosf&eacute;rico da Universidade do Colorado, visou analisar todas as etapas do inverno nuclear, indo da tempestade inicial at&eacute; os impactos agr&iacute;colas e econ&ocirc;micos.
Ele e sua equipe chegaram &agrave; conclus&atilde;o de que a fuligem seria o fator-chave para o qu&atilde;o ruim um inverno nuclear seria. Em 3 anos ap&oacute;s a explos&atilde;o das bombas, no primeiro cen&aacute;rio analisado, as temperaturas globais despencariam 10 &deg;C &mdash; mais do que o resfriamento durante a &uacute;ltima Era Glacial, ocorrida h&aacute; mais de 20 mil anos. Em um segundo cen&aacute;rio hipot&eacute;tico, a temperatura poderia alcan&ccedil;ar at&eacute; 1 &deg;C.
Toon convidou Nicole Lovenduski, ocean&oacute;grafa da Universidade do Colorado, para imaginar como os oceanos mudariam em um mundo que rapidamente esfriasse &mdash; o contr&aacute;rio do que ela estuda em suas pesquisas.
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/18/18155911698010.gif" alt="(Fonte: Nuclear News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Nuclear News/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Lovenduski e sua equipe usaram um modelo clim&aacute;tico para simular o cen&aacute;rio de guerra entre EUA e R&uacute;ssia. Eles descobriram que em 1 a 2 anos ap&oacute;s as explos&otilde;es, o resfriamento global afetaria a capacidade dos oceanos de absorverem carbono, fazendo com que seu pH disparasse e eles se tornassem extremamente &aacute;cidos. Toda a vida marinha morreria em menos de 2 anos.
Mas esses n&atilde;o seriam os &uacute;nicos efeitos. De acordo com um relat&oacute;rio de uma reuni&atilde;o da Uni&atilde;o Geof&iacute;sica Americana, de dezembro de 2020, um Ni&ntilde;o Nuclear (uma vers&atilde;o em "esteroides" do famoso El Ni&ntilde;o) devastaria o Oceano Pac&iacute;fico poucos anos depois da guerra.
O c&eacute;u escuro de fuligem faria com que os ventos al&iacute;sios mudassem de dire&ccedil;&atilde;o e a &aacute;gua se acumulasse no leste do Oceano Pac&iacute;fico, com secas e chuvas fortes que durariam at&eacute; 7 anos.
<h2>Desola&ccedil;&atilde;o</h2>
<img src="https://mega.ibxk.com.br/2021/09/18/18160105901011.jpg" alt="(Fonte: Crypto News Review/Reprodu&ccedil;&atilde;o)" />(Fonte: Crypto News Review/Reprodu&ccedil;&atilde;o)
Jonas Jagermeyr, pesquisador de seguran&ccedil;a alimentar do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, em Nova York, usou seis modelos de safra para avaliar como a agricultura seria impactada pelo inverno nuclear.
Ao longo de 5 anos, a produ&ccedil;&atilde;o de milho cairia 13%; a de trigo, 11%; e a de soja, 17%. O pior impacto seria nas latitudes m&eacute;dias, onde as reservas de gr&atilde;os acabariam em 1 ou 2 anos devido &agrave; nivela&ccedil;&atilde;o clim&aacute;tica.
A maioria dos pa&iacute;ses n&atilde;o conseguiria importar alimentos de outras regi&otilde;es em virtude da quebra das safras. N&atilde;o foi calculado pelos pesquisadores o n&uacute;mero de pessoas que morreriam de fome, mas seria a pior fome da humanidade, visto que uma guerra envolvendo menos de 1% do arsenal nuclear mundial destruiria o estoque de alimentos do planeta.
Ainda, eles deixaram claro que essas consequ&ecirc;ncias seriam apenas nos 2 anos ap&oacute;s a destrui&ccedil;&atilde;o &mdash; at&eacute; porque, al&eacute;m disso, n&atilde;o haveria mais hist&oacute;ria nenhuma para ser contada por ningu&eacute;m.

Julio Cezar de Araujo