
Artes/cultura
16/10/2019 às 08:00•2 min de leitura
A astronomia considerava a Via Láctea uma galáxia inativa, ou seja, observações levaram à conclusão que seu núcleo não liberaria energia. Um núcleo galáctico ativo comumente emite muita luz em diferentes faixas do espectro eletromagnético (rádio, micro-ondas, infravermelho, etc), sendo este um fator que auxilia astrônomos a localizar galáxias, mesmo que distantes.
A estabelecida noção de que a nossa galáxia é inativa está sendo refutada após a surpreendente descoberta de que o centro da Via Láctea explodiu colossalmente há cerca de 3,5 milhões de anos.
Pode parecer uma eternidade, mas, em termos astronômicos, alguns milhões de anos é pouquíssimo tempo. Os dinossauros já estavam extintos há muito mais (63 milhões de anos) e hominídeos já existiam: os australopitecos surgiram a 3,9 milhões de anos atrás.
A descoberta da explosão foi realizada por uma equipe de cientistas liderada pelo professor Joss Bland-Hawthorn na Austrália. Participaram especialistas da Universidade Nacional da Austrália, da Universidade de Sydney, da Universidade da Carolina do Norte, da Universidade do Colorado e do Space Telescope Science Institute em Baltimore.
Segundo o estudo, houve o que se chama "explosão Seyfert" saindo do centro da Via Láctea de maneira tão forte que seu feixe alcançou além do limite da galáxia, percorrendo 200 mil anos-luz. A explosão teve duração de cerca de 300 mil anos, que é curta em termos galácticos. Os cientistas concluíram que uma explosão tão grande só poderia estar relacionada com o buraco negro supermassivo na região de onde a luz veio.
Muitas galáxias possuem buracos negros em seus núcleos. A Via Láctea abriga um buraco negro supermassivo cerca de 4,2 milhões de vezes mais massivo que o Sol, denominado Saggitarius A. Outras galáxias, de núcleo ativo, tem buracos negros como ele no centro.
"[A descoberta] nos mostra que o centro da Via Láctea é um local muito mais dinâmico do que acreditávamos ser. Temos sorte de não morar lá", brincou Lisa Kewley, coautora da pesquisa e diretora do Australia's ARC Centre of Excellence for All Sky Astrophysics in 3 Dimensions (ASTRO 3-D), onde o estudo foi realizado.
Mais pode ser descoberto com o avanço das pesquisas, porém trata-se de um campo complexo: a maneira como buraco negros se desenvolvem interagindo com galáxias ainda é um assunto bastante misterioso na astronomia.