Ciência
17/06/2020 às 12:00•3 min de leitura
Conhecida como uma das invenções mais importantes da humanidade, a vacina foi responsável por colaborar imensuravelmente com a evolução humana, adaptando os indivíduos e comunidades a sobreviver em situações adversas e fortalecendo o organismo no combate às doenças e máculas.
Porém, da mesma forma que a vacinação surge como uma atividade essencial para a manutenção da saúde das populações, os agentes a serem eliminados, os micro-organismos, continuam surgindo cada vez mais adaptados, sem dar descanso à comunidade científica que tanto pesquisa e estuda para continuar evitando que crises em escalas destrutíveis voltem a assolar o planeta.
A crise pandêmica do coronavírus, então, reacendeu a discussão sobre a importância da vacina e seu processo de fabricação, colocando em xeque o meio científico especialmente por conta da demora no aparecimento de um antiviral eficaz, já que há meses é possível observar um esforço coletivo para contornar o surto, mas sem sucesso mesmo com toda a tecnologia e os recursos disponíveis para o avanço dos estudos.
Fabricar uma vacina é um processo longo e de altíssimo custo. Identificar a doença ou a presença de sintomas em uma amostra populacional não é o mesmo que trabalhar em cima de anticorpos ou de agentes preventivos de combate para o organismo, conceituando rotinas complementares e essenciais para a compreensão do funcionamento do vírus e sendo o primeiro passo para o início das pesquisas.
(Fonte: AP Photo/Reprodução)
Apesar do novo coronavírus atingir o planeta e continuar fazendo um estrago desde dezembro de 2019 e mesmo antes, já que uma outra modalidade da doença, mais transmissível do que o H1N1, foi identificada durante 2009 e 2011, a limitação de recursos e a extrema competitividade para a fabricação de um antiviral eficaz contra a doença ainda colocam as mais de 130 vacinas em produção em seus estágios iniciais, sendo testadas em animais e em um grupo pequeno de voluntários, mas sem resultados conclusivos para serem lançadas ao mercado.
Diversos estágios pré-clínicos, baterias de testes em grupos de voluntários, detecção de doses efetivas, administração das vacinas e um enorme processo burocrático, porém necessário, já que a questão principal é a segurança e a proteção da vida humana, são apenas os primeiros passos para um projeto de custos imensos na casa dos bilhões de dólares, que certamente barram a aprovação acelerada de medicamentos e tornam o tempo algo ainda mais precioso.
A resposta pode ser mais simples do que se pensa: o vírus. Habitantes silenciosos das células humanas, os micro-organismos são, atualmente, a maior ameaça para o corpo, com potencial mortal em diversos casos e exigindo um esforço tremendo para serem combatidos. Enquanto sofremos fisicamente, o sistema imunológico parte em uma interminável caçada aos pequenos inimigos, que se espalham pelo corpo e se replicam, tornando a detecção muito mais complicada.
Porém, os vírus possuem uma tendência natural a possuir outros dentro deles, abrindo portas para o surgimento de diversas variações que, para a comunidade científica, demandaria muito mais tempo e custo para serem eliminados, já que criar vacinas para cada especificidade viral e a cada momento em que surgem não seria algo nem um pouco prático.
(Fonte: AP Photo/Reprodução)
Como uma árvore genealógica humana, os vírus também possuem um ancestral em comum, especialmente se são da mesma natureza, como os da gripe. Porém, com sua evolução e adaptação, explorar pesquisas para identificar uma semelhança entre os vírus contra os quais já existem vacinas e os que ainda não são plenamente extermináveis torna-se uma atividade muito mais difícil, principalmente se limitada por recursos financeiros, pessoais e de tempo.
Apesar do esforço insuficiente e do sigilo atual de diversas instituições ao competirem entre si para uma questão que envolve toda a coletividade e, logicamente, deveria ser um propósito em comum, a corrida certamente alavancará a excelência em fabricar uma vacina eficaz e de longa duração, já que a população está sabendo aceitar os imensos investimentos de recursos que estão sendo levantados para a confecção dos antivirais.
(Fonte: Ajeng Dinar Ulfiana/Reprodução)
Os primeiros resultados dos esforços de pesquisadores e cientistas já estão começando a surgir de maneira surpreendentemente rápida, apesar da urgência de uma solução, já que a pandemia está com números arrasadores em todo o planeta, deixar os cidadãos cada vez mais ansiosos ao ponto de acreditar que nada está sendo feito para combater a covid-19.
Mas será mesmo que nada está sendo realizado? Será que todo o investimento voltado para o futuro e para uma provável resolução definitiva da crise já não está dando resultados positivos? Talvez seja uma questão de ponto de vista, mas que vale a reflexão.