Artes/cultura
14/07/2020 às 15:00•2 min de leitura
Na semana passada, pesquisadores da Universidade de Poitiers, na França, publicaram na revista científica PNAS um artigo no qual explicam o fenômeno da "água morta", misteriosa ocorrência que faz com que os navios parem de forma inexplicável no meio do mar mesmo quando estão em perfeito funcionamento.
O primeiro relato da ocorrência se deu no ano de 1893, quando o explorador norueguês Fridtjof Nansen ficou com seu navio preso no arquipélago de Nordenskiöld, na Sibéria, praticamente incapaz de se mover embora seus motores estivessem funcionando.
Nansen foi o primeiro navegador a ficar preso nas circunstâncias em que descreveu e, posteriormente, relatou todos os detalhes da experiência para estudos. Esse fenômeno ficou conhecido como "água morta" e, desde então, ocorreu várias vezes.
A expedição de Nansen (Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Em 1904, mais progressos ocorreram no estudo do fenômeno quando o físico e oceanógrafo sueco Vagn Walfrid Ekman conseguiu reproduzir a água morta em laboratório, mostrando que ondas subterrâneas poderiam ocorrer no ponto de interseção entre a água salgada e a água doce.
A partir daí, o fenômeno da água morta, que ocorria em qualquer mar ou oceano onde houvesse águas com temperaturas ou graus de salinidade diferentes, passou a ter dois aspectos. O primeiro tipo de arrasto ficou conhecido como ondas de Nansen (velocidade anormalmente baixa) e as ondas de Ekman (mudança de velocidade numa embarcação que ficou presa).
No experimento, os pesquisadores usaram uma corda para rebocar um modelo de navio em um canal estratificado e filmaram o arrasto produzido com câmeras de alta resolução. Perceberam que as ondas de Ekman se amplificavam em espaços fechados ao passo que o arrasto da onda de Nansen ocorreu em águas mais abertas.
A conclusão foi de que a variação de velocidade acontece pela ação de ondas precisas que agem como se fossem uma esteira transportadora com ondulações em que a embarcação é movimentada para trás e para frente. Ou seja, Ekman percebeu essa característica oscilatória, enquanto Nansen experimentou uma velocidade constante.
A pesquisa também ajudou a esclarecer um dilema histórico: o motivo pelo qual os grandiosos navios da rainha Cleópatra do Egito foram aprisionados e derrotados pelos navios inferiores de Otaviano (depois imperador Augusto) na Batalha de Áccio no ano 31 a.C.