
Ciência
21/08/2020 às 03:00•2 min de leitura
Num artigo publicado no último dia 6 de agosto na revista Earth, Planets and Space, uma equipe de cientistas relatou uma façanha que vinha sendo tentada há mais de 10 anos: acertar um refletor do tamanho de um livro em movimento na órbita da Lua, com um raio laser, a uma distância aproximada de 385 mil quilômetros da Terra.
A ação foi executada por técnicos da estação Lunar Laser Ranging em Grasse, na França, em direção à nave não-tripulada Lunar Reconnaissance Orbiter lançada em 2009. Essa espaçonave é equipada com o pequeno espelho-refletor que foi utilizado para refletir o raio laser de volta para a Terra em 2,5 segundos.
Tentativa de atingir o LRO com luz laser verde a partir de um observatório em Maryland nos EUA (Fonte: NASA/Divulgação)
Lançar lasers em direção a espelhos na superfície lunar já é um procedimento antigo. Os primeiros astronautas a caminhar em nosso satélite natural deixaram propositalmente alguns refletores no solo lunar em 1969.
Desde então, os pesquisadores lançam lasers nesses refletores para medir com precisão a distância entre a Terra e a Lua, utilizando a velocidade da luz, e apurando o tempo que o feixe leva para retornar ao nosso planeta. Mas acertar um objeto em movimento na órbita da Lua já é uma tarefa bem mais complicada.
Embora, a princípio, isso possa parecer uma brincadeira infantil, mirar um espelho distante com um laser e cronometrar quanto tempo demora para a luz voltar tem permitido grandes descobertas. Uma delas é que a Terra e a Lua estão, aos poucos, se afastando uma da outra a uma taxa de 3,8 centímetros ao ano.
Orbitador Lunar Reconnaissance (Fonte: NASA/Divulgação)
Essas medições vêm sendo feitas há mais de 50 anos, mas os refletores instalados na superfície da Lua foram se tornando ineficazes com o passar do tempo, retornando apenas um décimo da luz prevista. Isso pode ter ocorrido pelo acúmulo de poeira ou pelo impacto de micrometeoritos.
Esses fatos apenas reforçam a importância do Orbitador Lunar Reconnaissance. Os quatro contatos de laser bem-sucedidos podem fornecer um novo método de verificação das teorias de acúmulo de poeira ao longo de décadas na superfície lunar. O resultado encoraja a instalação de matrizes semelhantes a bordo de futuras sondas lunares e orbitais.