Ciência
27/11/2020 às 13:00•2 min de leitura
O que poderia ser o resultado de um bizarro mashup de animais em algum programa de computador foi descrito, e provado, como real em um estudo publicado na quarta-feira (25) na revista Nature: cientistas encontraram o crânio fossilizado de 68 milhões de anos de um pássaro com rosto de Velociraptor e bico de tucano.
Do tamanho de um corvo atual, o Falcatakely forsteraegen viveu a noroeste da ilha de Madagascar durante o final do período Cretáceo, época em que os grandes dinossauros caminhavam pela Terra. O que chamou a atenção dos pesquisadores foi a morfologia do bico, que se mostrou diferente de todas as aves mesozóicas conhecidas.
Num e-mail ao site Live Science, um dos autores da pesquisa, o professor de anatomia da Universidade de Ohio, Patrick O’Connor, explicou: “Os pássaros do Mesozóico, ou de qualquer época, não têm rostos construídos como este”, embora tenham percebido uma ligeira semelhança com aves do grupo coroa, árvore genealógica que inclui os atuais tucanos.
O crânio do Falcatakely foi descoberto em 2010 por pesquisadores em um bloco de arenito lamacento, e não se encontrava inteiro, mas estava “primorosamente preservado” segundo o estudo. Na época, a peça não foi submetida a uma tomografia computadorizada, o que só veio a ser feito sete anos depois, segundo O’Connor.
Quando analisaram o resultado, os cientistas perceberam que o pequenino crânio de 8,5 cm tinha um bico incomum para a época. O pássaro “compôs o seu rosto com os mesmos ossos, e de maneira semelhante, a um animal como o Velociraptor”, disse ao Live Science, Alan Turner, co-autor e professor de anatomia da Stony Brook University de Nova Iorque.
O pequeno bico agora analisado é uma prova da evolução convergente, um fenômeno no qual uma característica semelhante evolui de forma independente em duas espécies distintas, sem ancestral comum.