Artes/cultura
12/02/2021 às 04:00•2 min de leitura
Uma foto tirada da Estação Espacial Internacional (ISS) em dezembro e publicada no início deste mês pela NASA mostra uma formação brilhante semelhante a “rios de ouro” cortando a floresta amazônica peruana, no estado de Madre de Dios, no leste do país.
Porém, comprovando a máxima de que “nem tudo o que reluz é ouro”, o Observatório da Terra da NASA apressou-se em esclarecer que a paisagem é apenas a luz do sol refletindo em centenas de poços de água lamacenta provavelmente deixados pela mineração predatória de garimpeiros independentes.
Normalmente invisíveis para os astronautas, os poços se destacaram na foto devido ao reflexo da luz solar. A imagem mostra as margens do rio Inambari assoreadas pelos detritos lamacentos de vários poços escavados e pela vegetação de áreas desmatadas.
Um dos concessionários do observatório da NASA, Justin Wikinson, explicou ao site Live Science que esses desmatamentos seguem o curso de rios antigos que depositavam sedimentos, inclusive ouro, em seus leitos.
O estado de Madre de Dios, no Peru, abriga uma das maiores indústrias clandestinas de mineração de ouro do planeta, segundo Wilkinson. Cerca de 30 mil garimpeiros em pequena escala trabalham à margem de qualquer regulamentação, prospectam ilegalmente e destroem a floresta tropical com escavadeiras e caminhões basculantes.
Originalmente, a área era uma porção intocada da Amazônia pouco menor que o nosso estado de Santa Catarina, onde a flora se desenvolvia sem nenhum tipo de poluição ambiental. Embora alguns locais, como a Reserva Nacional Tambopata, continuem protegidos da mineração, centenas de quilômetros quadrados de floresta tropical já se converteram em um deserto tóxico.
A elevação do preço do ouro nos mercados internacionais provocou a criação de cidades-acampamentos no coração da selva, com instalações precárias, bordéis emergentes, conflitos e tiroteios, à medida que a população peruana, e também do Brasil, continua afluindo para o local.
Um estudo científico realizado em janeiro de 2019 pelo grupo Monitoramento do Projeto Andino da Amazônia (MAAP) apurou que o desmatamento provocado pela mineração de ouro destruiu cerca de 9,3 mil hectares da Amazônia peruana, o equivalente a 1,6 mil campos de futebol.