Estilo de vida
26/09/2021 às 06:00•3 min de leitura
A monogamia é definida como um relacionamento envolvendo apenas um parceiro por vez. Pode ser algo emocional ou sexual, mas geralmente são só os dois. Facilidade, baixa densidade populacional, limitação de habitat e até preservação da riqueza são algumas das teorias mais debatidas sobre o que deu origem a essa prática.
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Porém, nem tudo é tão simples assim, especialmente quando consideramos o que já sabemos a respeito de evolução e comportamentos na natureza.
Está curioso para saber mais sobre esse assunto? Venha com a gente!
Se a monogamia é algo comum em diversas culturas humanas, na natureza nem sempre ela é útil. Geralmente, os machos têm vantagens se praticarem a poligamia, já que a cada parceira a possibilidade de sucesso reprodutivo é maior. O mais legal é que muito do que é observado no meio ambiente pode ser utilizado para estudar a nossa própria espécie.
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Tanto para os humanos quanto para os animais, ser monogâmico ou poligâmico tem seus pontos positivos e negativos. Por exemplo, parceiros múltiplos podem gerar problemas com a capacidade imunológica da prole, doenças sexualmente transmissíveis e conflitos sexuais.
E, é claro, quanto mais os machos de uma espécie formam laços com diferentes fêmeas, maiores serão as dificuldades para cuidar de todas as parceiras. Como complicação adicional também há a tendência de não conseguir cuidar e proteger adequadamente a ninhada.
Na lista de aspectos positivos, além de um maior poder reprodutivo, está o fato de os machos não monogâmicos obterem mais recursos, a exemplo da possibilidade de ganharem mais presentes nupciais das parceiras e até mimos de seus filhotes.
Na genética também é possível perceber alguns benefícios da poligamia: quando existe a oportunidade de trocar de parceiras sem qualquer limitação, torna-se muito mais fácil encontrar aquelas que garantam descendentes de maior qualidade e resistência, que sejam geneticamente mais variáveis ou sexualmente atraentes.
Além de tudo isso, os machos de espécies que praticam a poligamia têm menor probabilidade de passar a vida com uma parceira que não gere filhotes com boa qualidade genética ou que seja infértil. É importante destacar que todos os prós e contras também são válidos para as fêmeas.
O fato é que ainda não existem respostas científicas categóricas sobre os motivos que levaram várias culturas a adotarem ou “evoluírem” para um comportamento monogâmico. Mas, novamente, observando o reino animal, é possível ter algumas teorias.
(Fonte: Andrea Piacquadio/Pexels/Reprodução)
Em algumas aranhas e insetos, uma espécie de plugue é introduzido pelo macho no canal reprodutivo da fêmea após o acasalamento, com o intuito de impedir que ela copule com outro macho.
Um exemplo desse caso é o Bombus terrestris, mais conhecido como mamangava-de-cauda-amarela-clara, um abelhão comum na Europa. Esse bichinho insere um tipo de tampão de acasalamento na fêmea que contém ácido linoleico, impedindo que ela tenha vontade de reacasalar.
Contudo, as fêmeas também podem fazer com que os machos tornem-se monogâmicos. No caso da espécie de pardal Passer domesticus, os responsáveis pela alimentação dos filhotes são os machos. Já as fêmeas, quando descobrem que outras acasalaram com seu macho, tornam-se extremamente violentas e podem até matar os filhotes das rivais.
Algumas linhas de estudo da Psicologia sugerem que a ideia de monogamia não passa de uma fantasia romântica entre os seres humanos. Assim, a possibilidade de duas pessoas permanecerem consideravelmente bem, felizes e sem desejar mais ninguém com base em um acordo sexual exclusivo por toda a vida seria uma simples ilusão.
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A psicologia evolutiva tenta obter alguma luz sobre esse tema. Para essa área de estudo, analisar a monogamia a partir de um ponto de vista intercultural deixa claro que ela não é um padrão universal.
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Aliás, diversas culturas tratam a poligamia como algo legal. Quem tem algum conhecimento da história bíblica, por exemplo, já deve ter notado que acumular várias esposas era uma prática comum à maioria dos reis e patriarcas, assim como é algo recorrente e normal em algumas culturas do Oriente Médio, por exemplo.
Kit Opie, antropólogo evolucionário da University College London, aponta que a monogamia existe há somente mil anos. Mas apesar de a poligamia ser praticada em vários povos, os seres humanos ainda tendem para a monogamia, mesmo que essa não tenha sido a norma de nossos ancestrais. Até mesmo outros primatas, grupo de mamíferos dos quais os seres humanos fazem parte, são polígamos.
Para Opie, a monogamia é um sistema de casamento, não de acasalamento. Ou seja, sua origem tem como base o fato de que as pessoas queriam preservar mais suas riquezas, transferindo suas conquistas aos descendentes. Algo que surge como consequência do nascimento de grandes sociedades. Quanto ao futuro? Bom, ainda não é possível prever como nos relacionaremos.