Artes/cultura
23/10/2021 às 10:00•2 min de leitura
As plantas "sabem" quando o inverno está chegando, e esse é um fato científico. Entretanto, pouquíssimos estudos até agora haviam trazido uma perspectiva mais aprofundada a respeito de como elas conseguem ter essa percepção; então, foi disso que os pesquisadores da Universidade de Yale (Estados Unidos) foram atrás para descobrir.
Segundo o estudo publicado no Developmental Cell, a maioria das pesquisas sobre a sazonalidade das plantas é concentrada em como elas sabem quando florescer, uma vez que esse é um assunto-chave para a produção agrícola. Entretanto, já estava na de estudiosos da Botânica averiguarem mais informações sobre o tema.
(Fonte: Pixabay)
Geneticamente, as plantas foram projetadas para detectar não apenas a extensão da luz do dia, mas também a chegada do crepúsculo e do amanhecer. Como alguns dias se tornam mais longos na primavera, alguns genes específicos são ativados com o intuito de as plantas saberem que chegou o momento de florescer.
Mas o que acontece durante o inverno? Por muito tempo, os cientistas supunham que as plantas realizavam um processo inverso ao da primavera e se adaptavam aos dias com menor período de luz. Entretanto, o artigo publicado pelo cientista Joshua Gendron e seus colegas aponta para uma série de outros fatores.
Em geral, as plantas estão sempre buscando terrenos com as melhores condições de água e temperatura. Por isso, muitas delas migram para regiões mais perto das extremidades do planeta ou com maiores altitudes, onde o clima é mais úmido e as temperaturas mais frescas — o que mostra indícios sobre o impacto do aquecimento global na agricultura.
(Fonte: Pixabay)
As plantas costumam usar o tempo de exposição solar durante 1 dia para tentar prever qual será o melhor lugar para obter as melhores condições de temperatura e água. Porém, as mudanças climáticas vêm fazendo que essas condições ideais cheguem em momentos diferentes no ano.
Por isso, entender como elas detectam mudanças na luz para prever as estações era um ponto de foco entre os pesquisadores. Gendron e sua equipe usaram um espécime da erva Arabidopsis para observar seu comportamento com a chegada do inverno. Para isso, eles marcaram os "genes do inverno" dentro das plantas com marcadores bioluminescentes.
Em ambiente controlado, a equipe simulou as condições ideais de cada estação do ano para revelar a resposta do objeto em análise. Por fim, notou-se que a expressão desses “genes de inverno” é controlada pelas redes metabólicas da planta, que são completamente distintas do sistema que controla a floração.
(Fonte: Pixabay)
À medida que os dias ficam mais curtos, as plantas entram em modo de reciclagem e convertem os nutrientes disponíveis em armazenamento de inverno para evitar a fome. Isso ocorre até mesmo quando os dias são quentes e há bastante umidade disponível. Ao notar essa informação, os pesquisadores compreenderam que o "calendário" genético de uma planta poderia teoricamente ser manipulado.
E o que isso quer dizer? Por exemplo, os cientistas podem ser capazes de estender o período de crescimento de uma planta substituindo geneticamente seus sinais de armazenamento de inverno ou simplesmente compreender quais são as mudanças que precisam ser feitas para que essas plantas migrem para uma nova área em segurança.