Artes/cultura
09/11/2021 às 12:35•2 min de leitura
No início de 2019, a ativista Luisa Mell deu uma declaração um tanto polêmica para a rádio Jovem Pan afirmando que o ovo seria parte da menstruação da galinha. Em seguida, ela complementou dizendo "então, não sei como as pessoas acham tão normal comer a menstruação de um bicho".
Mas será que essa afirmação é realmente verdadeira? Embora isso possa soar minimamente coerente na cabeça das pessoas, essa frase é completamente inverídica ou simplesmente falsa. Portanto, vamos entender qual é a origem do ovo da galinha e o que de fato ele representa.
(Fonte: Pixabay)
Ao contrário do que já foi dito por aí, o ovo da galinha é o fruto do processo de "ovulação" e não da "menstruação". Essa é uma confusão que acontece porque algumas pessoas tendem a espelhar os próprios processos fisiológicos em outras espécies, quando não é bem assim que acontece.
Nas fêmeas mamíferas, não existe uma fase de desova ao fim do processo de ovulação, ou seja, elas simplesmente não botam ovos. Isso acontece em espécies de animais que não têm um útero no qual o embrião pode ser alimentado dentro do corpo da mãe até poder viver no ambiente externo.
Alguns exemplos disso são os répteis, os batráquios, as aves e os insetos. Essas criaturas expelem seus ovos para que suas crias possam se desenvolver protegidas por uma casca em ninhos. Portanto, essas fêmeas simplesmente não são capazes de menstruar.
(Fonte: Pixabay)
Para entender porque o ovo da galinha não é menstruação, precisamos primeiro ter em mente como ocorre esse processo natural do corpo feminino em mamíferos. Nesse caso, a menstruação nada mais é do que o descarte de tecidos uterinos não úteis ou a fase final da excreta uterina.
Isso ocorre quando as fêmeas mamíferas não tiveram seus óvulos fecundados nas trompas de falópio. Portanto, a menstruação é o descarte da mucosa ou do tecido epitelial que forrava o útero. Quando uma célula reprodutora (óvulo) não fecundada não é fixada à parede do útero, ela é descartada junto com todo o aparato epitelial.
O descolamento dessa camada provoca um pequeno sangramento interno devido aos vasos sanguíneos que foram abertos. Esse sangue é a menstruação que ocorre de maneira cíclica em fêmeas mamíferas não fecundadas, mas não nas fêmeas avinas.
(Fonte: Pixabay)
Em média, uma galinha sempre está em busca de uma ninhada com 12 ovos. Quando ela atinge esse número, para de botá-los e passa a somente chocá-los. Porém, quando retiramos um desses ovos do ninho, elas logo voltam a completar a demanda — processo muito comum nos aviários.
Uma galinha costuma colocar um ovo por dia durante a sua fase reprodutiva, precisando de uma boa alimentação e reposição nutritiva caso realize esse processo com frequência. O que muitas pessoas desconhecem, entretanto, é que essas aves colocam ovos independentemente se eles foram fecundados por um galo ou não.
E o que isso significa? O ovo de uma galinha só terá potencial de gerar um pintinho caso ela tenha copulado com um macho anteriormente, mas mesmo ovos não fertilizados serão expelidos pela cloaca de maneira regular. O processo pode até ser biologicamente parecido com a da menstruação feminina, porém tem muitas diferenças.
A grande confusão acontece porque as galinhas têm seção do oviduto, canal onde ocorre a reprodução, parecida com a do útero dos mamíferos. Porém, a "glândula da casca", como é chamada, é também a região onde o óvulo é preparado e fortificado para se desenvolver ou não em ambiente externo.