Ciência
04/01/2022 às 10:00•2 min de leitura
Fósseis descobertos em Northumberland (Inglaterra) anunciaram a existência de uma espécie ancestral de centopeia que caminhou na Terra, há 100 milhões de anos, exibindo um corpo com até 3 metros de comprimento.
O milípede existiu no período Carbonífero — entre 360 milhões e 290 milhões de anos atrás — e seria oficialmente o maior artrópode já identificado na história, configurando-o como um achado raro para a comunidade científica.
De acordo com pesquisa publicada no Journal of the Geological Society em 2021, o espécime de Arthropleura fossilizado pesaria cerca de 50 quilos. O animal ultrapassou os recordes do caranguejo-dos-coqueiros (Birgus latro), que até então era o maior indivíduo dos artrópodes já conhecido, com até 1 metro de comprimento.
(Fonte: Clumsystiggy/PreHistoric Wiki)
Apesar de a espécie de milípede gigante ser uma velha conhecida dos cientistas, essa foi a primeira vez que um fóssil exibiu um exoesqueleto retido, o que facilitou a datação do animal e a interpretação de sua estrutura corporal enquanto estava vivo. O espécime também se mostrou um ser muito maior que os dois anteriormente encontrados na Alemanha, enquanto também mantinha hábitos de sobrevivência em bosques pantanosos.
“Encontrar esses fósseis de milípedes gigantes é raro, porque uma vez que eles morrem, seus corpos tendem a se desarticular. Então, é provável que o fóssil seja uma carapaça em muda que o animal eliminou enquanto crescia”, disse Neil Davies, líder da pesquisa. “Ainda não encontramos uma cabeça fossilizada, então é difícil saber tudo sobre eles”, ele explicou.
(Fonte: Technische Universität Bergakademie Freiberg/Reprodução)
“Foi uma descoberta completa por acaso”, completou. “A maneira como a pedra caiu, abriu-se e expôs perfeitamente o fóssil que um de nossos ex-alunos de doutorado viu ao passar. Foi um achado incrivelmente empolgante, mas o fóssil é tão grande que levou quatro de nós para carregá-lo até a face do penhasco”, falou o líder.
Em nota, o pesquisador principal do projeto comentou que o fóssil guardava um animal com aproximadamente 2,63 metros de comprimento e 55 centímetros de largura, configurando como a maior espécie terrestre existente no Carbonífero. Segundo a pesquisa, alcançar esse tamanho sem precedentes históricos foi possível graças ao aumento dos níveis de oxigênio atmosférico na época — 23%, que é 2% maior do que nos dias atuais — e a uma dieta selecionada repleta de materiais nutritivos.
(Fonte: Technische Universität Bergakademie Freiberg/Reprodução)
"Embora não possamos saber com certeza o que eles comiam, havia muitas nozes e sementes nutritivas disponíveis na serapilheira na época, e eles podem até ter sido predadores que se alimentavam de outros invertebrados, como anfíbios", concluiu Davies.
Até o momento, não está claro se a espécie tinha 32 ou 64 pernas, mesmo que fósseis mais completos tenham registrado 32 segmentos. Quanto à sobrevivência do animal, acredita-se que o Arthropleura tenha prosperado por aproximadamente 45 milhões de anos, entrando em extinção no período Permiano, entre 290 milhões e 248 milhões de anos atrás, com o surgimento dos primeiros répteis.