Estilo de vida
06/01/2022 às 11:00•3 min de leitura
O bioterrorismo, mais conhecido como guerra biológica, responsável por já ter matado mais de 500 milhões de pessoas só no século XX, com um pico durante a Segunda Guerra Mundial, sempre evoca a imagem de vírus ou bactérias sendo lançados sobre nações, mas essa guerra também pode acontecer por meio de insetos.
A guerra entomológica, como é chamada, sempre foi um assunto mais experimentado do que implementado, isso porque os insetos em geral sempre demonstraram um problema para serem controlados. Uma vez soltos no mundo, tornam-se difíceis coletá-los de volta, podendo causar, como resultado, uma destruição no ecossistema de maneiras ainda desconhecidas para a Ciência, tornando o risco de usá-los maior do que qualquer recompensa potencial.
Contudo, isso não impediu de grandes potências, como os Estados Unidos, de continuarem fazendo experiências com insetos para tentar determinar seu potencial como combatentes, honrando o passado infame do país. A maioria desses experimentos é feita pelos militares, impedindo que o público saiba quais são os impactos ecológicos da guerra dos insetos.
(Fonte: AMBOSS/Reprodução)
Assim como os arqueiros citas infectavam suas flechas mergulhando-as em corpos em decomposição ou em esterco para atingir seus inimigos e infectá-los, lá em 400 a.C., o uso de insetos como arma de combate remonta à época de 198 d.C. — quando potes repletos de escorpião foram usados durante a Segunda Guerra Parta para defender Hatra dos romanos.
Nicholas Roger Sims, autor de The Evolution of Biological Disarmament, argumenta que, embora os insetos não sejam mencionados na Convenção de Armas Biológicas e Tóxicas (BTWC), instaurada em 1972, o uso delas como vetor para guerra biológica é proibido pela linguagem do Artigo I. Por outro lado, é questionável se os insetos se enquadram no uso em larga escala para a destruição sistemática de plantações, apesar de que deixar uma população intencionalmente faminta seja considerado crime de guerra.
(Fonte: The Independent/Reprodução)
O Japão foi uma das primeiras nações a começar a fazer experiências com insetos durante a Segunda Guerra Mundial, começando com pulgas infectadas pela peste bubônica depois que foram reconhecidas como vetor da doença, em 1911. Tudo aconteceu na infame Unidade 731, considerada um antro de terror na história do século passado.
O país chegou a desenvolver uma bomba cheia de pulgas infectadas com a peste para lançar sobre os Estados Unidos, em uma operação conhecida como Cherry Blossoms at Night, coordenada por Shiro Ishii, que aconteceu em 22 de setembro de 1945. Se a guerra não tivesse terminado 20 dias antes, provavelmente a Califórnia teria sofrido um surto da praga.
(Fonte: History/Reprodução)
A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos Estados Unidos (DARPA) estuda o uso de insetos como vetores para edição de genes em plantas mais resistentes a doenças. O programa se chama Insect Allies e visa pesquisar como usar os insetos para transmitir os vírus necessários para editar geneticamente as plantações no campo.
Isso já despertou uma verdadeira comoção na comunidade científica, porque muitos biólogos e especialistas em ética enxergam a prática como um risco para a biossegurança, podendo facilmente ser transformada em um novo tipo de arma biológica.
(Fonte: Wilson Center/Reprodução)
Além disso, a pesquisa do DARPA enfrenta problemas funcionais, visto que a edição de genes por meio de um inseto é imprecisa e seria quase impossível garantir que todas as plantas estivessem sendo editadas da mesma maneira.
Como o Entomological Weapons of Mass Destruction, de Thomas F. Moore, esclarece, os cientistas também estão fazendo experiências com a edição dos genomas dos mosquitos para incapacitá-los e evitar a propagação da doença. E, ainda que eles vejam isso como uma potencial forma de erradicar a propagação de doenças pelo mosquito, a pesquisa também revela como o código genético pode ser corrompido para causar danos aos organismos vivos. Em outras palavras: mais uma arma para desafiar a sobrevivência da humanidade.