Ciência
20/05/2022 às 04:00•2 min de leitura
A cada inverno que passa após depositarem seus ovos, as tartarugas-de-pente nadam dezenas de quilômetros até encontrarem um local de forrageamento no Oceano Índico. Nessas áreas, elas passam a se alimentar de esponjas marinhas e outras plantas e animais marinhos.
Porém, tudo indica que elas não fazem ideia de onde estão indo quando iniciam suas jornadas. De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of the Royal Society Interface, embora eventualmente cheguem ao seu destino alvo, as tartarugas-de-pente seguem rotar tortuosas até chegar lá — o que sugere que elas não conhecem muito bem o "mapa" do oceano.
(Fonte: Shutterstock)
O primeiro esboço criado pelos pesquisadores para representar as rotas das tartarugas no período de migração mais parece com rabiscos de um livro infantil do que qualquer outra coisa. Ao todo, essas criaturas parecem realizar diversos loops aleatórios e retornar a algumas partes do trajeto antes de chegarem ao destino final.
Conforme indicado pelo estudo, uma determinada tartaruga precisou percorrer 1,2 mil km para chegar a um lugar que estava a apenas 250 km de distância. Para a obtenção dos dados, os pesquisadores conectaram dispositivos de rastreamento GPS a 22 indivíduos que haviam completado a nidificação em Diego Garcia, no Reino Unido, em 2018 e 2019.
Em seguida, essas criaturas foram rastreadas até chegarem em seus locais de forrageamento em bancos submersos no arquipélago de Chagos nas proximidades. Em geral, a tartaruga-de-pente pesa entre 45 e 68 km e possui comprimento entre 60 centímetros e 1 metro.
(Fonte: Shutterstock)
Desde a época em que Charles Darwin estudava os animais, compreender como as criaturas atingiam seus destinos-alvo durante a época de migração era um verdadeiro mistério. Ao que tudo indica, animais que migram na terra possuem mais marcadores de navegação para ajudá-los nesse processo do que os animais que migram no oceano.
E o que isso significa? As paisagens são mais diversas em terra firme. Enquanto isso, a água se torna a única referência clara em vários pontos no fundo do mar. Pesquisas anteriores, no entanto, sugerem que as tartarugas marinhas podem perceber o campo magnético da Terra e usar essas pistas para alcançar locais específicos no oceano.
Porém, a precisão sinuosa das tartarugas no mapa ainda torna tudo um grande mistério. Estariam elas constantemente viajando para regiões próximas da direção certa ou elas são capazes de saber exatamente para onde estão indo? Agora com mais evidências, essa dúvida parece estar sendo respondida.
(Fonte: Shutterstock)
Como as tartarugas não nidificam e se alimentam no mesmo local, os pesquisadores passaram a presumir que os indivíduos mais famintos poderiam seguir um caminho mais direto ao alimento — no estudo, alguns espécimes estavam sem comer há quatro ou cinco meses.
Porém, as tartarugas-de-pente no Oceano Índico viajaram mais que o dobro da distância em linha reta até seu local de forrageamento. Com esses dados, os cientistas notaram que elas pareciam entender que estavam fora da rota mais direta e corrigiam seu curso no meio do trajeto.
Esses problemas de localização aconteciam com mais frequência nas águas rasas, o que sugere que eles coletaram importantes informações de navegação do fundo do mar. Uma vez que chegaram perto o suficiente de uma área rica em alimentos específica, eles foram capazes de farejar o resto da rota.