Ciência
13/06/2022 às 12:00•2 min de leitura
Imagine que você encontrou algo na sua cozinha. Essa coisa tem cheiro de comida, parece comida, então você pega e come. O problema é que não era comida. Diariamente é exatamente isso que acontece com as tartarugas marinhas quando consomem restos de plástico encontrados nos oceanos.
Quando uma sacola plástica, por exemplo, passa algum tempo na água do mar, algas, micróbios, plantas e até pequenos animais começam a morar nelas. Esse processo faz com elas exalem um cheiro que atrai outros animais marinhos, como baleias, aves e as tartarugas.
(Fonte: Shutterstock)
Por instinto, as tartarugas são atraídas para esses ambientes que contém lixo, então elas confundem esses detritos com comida. Em outras palavras, para uma tartaruga, uma sacola se parece muito com uma água-viva ou uma alga.
Todos os anos, milhões de toneladas de plásticos acabam nos oceanos. O maior exemplo das consequências disso é a chamada Grande Mancha de Lixo do Pacífico.
Trata-se de uma área quase três vezes o tamanho da França composta de lixo flutuando no Oceano Pacífico. O pior é que boa parte dos detritos é de microplásticos que não podem ser vistos a olho nu.
(Fonte: Shutterstock)
O plástico somente começou a ser produzido em larga escala a partir dos anos 1940, mas em poucas décadas seus impactos devastadores já se tornaram notórios para as populações de tartarugas marinhas. Algumas pesquisas apontam que cerca de 52% desses animais já se alimentaram de lixo-plástico.
Aliás, o problema não está limitado apenas a uma região do planeta.
(Fonte: Shutterstock)
Uma pesquisa feita pela Universidade de Tóquio chegou a resultados alarmantes: as tartarugas cabeçudas carnívoras comiam cerca de 17% do plástico que encontravam. Já as tartarugas-verdes, muito provavelmente confundindo o material com algas, ingeriam 62% dos plásticos que achavam pelo caminho.
Além disso, muitas das praias usadas por esses animais para a desova estão repletas de lixo. Ou seja, as tartarugas bebês já nascem com o obstáculo de não conseguirem chegar ao mar por se enroscarem em plásticos.
Infelizmente, as perspectivas para uma tartaruga que se alimenta de plástico não são nada boas. Para 22% delas, comer apenas um item desse material já significa a morte. Também podem sofrer com bloqueios intestinais e rompimento dos órgãos, fazendo com que morram de fome já que ficam incapazes de se alimentar.
Para piorar, aquelas que conseguem permanecer vivas a ingestão de plástico as faz flutuar de forma incomum, algo que além de afetar o desenvolvimento ainda pode ocasionar taxas de reprodução mais baixas.